domingo, 22 de setembro de 2013

Médica cubana é recebida presentes e festa no interior de SP, mas não poderá começar a trabalhar, graças ao Cremesp

Médica cubana é recebida presentes e festa no interior de SP, mas não poderá começar a trabalhar amanhã, graças ao Cremesp

Vi no Combate Racismo Ambiental
A médica cubana Silvia Maria Blanco, 44, é homenageada ao chegar para trabalhar em Santo Antônio de Posse, no interior paulista. Foto: Apu Gomes - Folhapress
A médica cubana Silvia Maria Blanco, 44, é homenageada ao chegar para trabalhar em Santo Antônio de Posse, no interior paulista. Foto: Apu Gomes – Folhapress
Blanco, contudo, ainda não poderá começar a trabalhar na segunda-feira (23), porque o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) não emitiu nenhum dos 55 registros provisórios solicitados no Estado pelo Ministério da Saúde, para médicos formados no exterior que vão participar do programa
Lucas Sampaio, enviado especial da Folha
A cidade de Santo Antônio de Posse, na região de Campinas (SP), recebeu neste sábado (21) a médica cubana que chegou para trabalhar no município por meio do programa Mais Médicos, do governo federal.
Enquanto Silvia Maria Blanco, 44, era recebida com festa e presentes na Câmara Municipal, moradores da cidade de 22 mil habitantes, a 137 km de São Paulo, se mostravam alheios à nova moradora.
“Por isso que tinha aquele pessoal lá [na Câmara]?”, perguntava a funcionária de empresa de logística Tânia Fogaça, 30, sentada em um banco da praça principal do município. “Ela começa a trabalhar quando?”
Na recepção festiva promovida pelo prefeito Maurício Comisso (PRB), secretários e vereadores, a médica ganhou uma bíblia em espanhol, uma réplica da camisa da seleção brasileira de futebol campeã do mundo em 1958 e um vaso de flores.
Blanco, contudo, ainda não poderá começar a trabalhar na segunda-feira (23), porque o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) não emitiu nenhum dos 55 registros provisórios solicitados no Estado pelo Ministério da Saúde, para médicos formados no exterior que vão participar do programa.
Conselhos regionais pelo país têm resistido em registrar médicos sem diplomas revalidados –medida dispensada pelo programa do governo Dilma Rousseff.
“O pessoal da cidade está esperançoso com esses médicos”, disse Antônio Bueno, 64, dono de um bar em frente à Câmara, e que também desconhecia a chegada da médica. “A saúde aqui é como em todo lugar: precária.”
Cerca de 50 pessoas, entre funcionários da prefeitura e da Câmara e familiares, recepcionaram a médica, que se emocionou. Com poucas palavras, ela agradeceu o carinho. “Eu não estou acostumada a isso. Agradeço pelo acolhimento.”
Blanco evitou comentar assuntos polêmicos, como a oposição corporativa à chegada de médicos cubanos e a questão da divisão, com o governo cubano, da bolsa de R$ 10 mil que receberá do governo brasileiro.
“Em nosso país todos são iguais. Cuba tem missões em mais de 64 países. Eu escolhi vir para o Brasil”, afirmou ela.
Casada, Blanco tem uma filha de 19 anos que ficou com o marido, dentista, em Boyeros –cidade vizinha a Havana.
Quando o casal atuou na Venezuela, entre 2003 e 2007, a filha ficou com os tios. Depois, o marido atuou sozinho na Argélia. Agora, pela primeira vez, a médica deixou o país sozinha.
Ela deverá atuar em um dos seis postos de saúde da cidade, onde precisará cuidar principalmente de pacientes idosos com diabetes e pressão alta.
“Falta o médico generalista”, disse a enfermeira Patrícia Bergo, responsável pelo posto de saúde. “Eu consigo fazer o trabalho até o meu limite. Mas precisamos dela para melhorar a atenção básica.”

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1 comentários:

Anônimo disse...

CREMESP que reprova 60% dos recém formados nas faculdades de SP mas permite que exerçam a profissão.
@GersonCarneiro