quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Funcionária da Câmara dos Vereadores: "Ele, já impaciente: "sao só professores""

Funcionária da Câmara dos Vereadores: "Ele, já impaciente: "sao só professores""


"Ontem, o meu dia - e de todos os servidores da camara - foi de horror. tudo fechado, ruas interditadas, camburões do bope e do choque - os dois comandos brigavam entre si. Tudo isso pra mostrar a força do prefeito e garantir a votação de um projeto que, parece, não era do interesse de ninguém. A única entrada era pela Evaristo da veiga. 
Cesar maia foi empurrado, amassado. Eu pedia pra parar. Os policiais começaram a bater nos poucos manifestantes que se apoiavam na grade, ali na esquina da rua das marrecas, na porta do qg. Fiquei apavorada. "Parem! Parem". fui conversar com os manifestantes. "Por favor, não provoquem os policiais. Eles vão massacra-los".
Dentro da câmara, todos tensos. Do lado de fora, bombas. pedi à teresa bergher que conversasse com o felippe, para suspender o regime de urgência e evitar uma tragédia. Ela protocolou um oficio. Nao adiantou. Felippe ignorou. Eu mesma, numa atitude de desespero, vendo o perigo, fui falar com os governistas. Falei com o guarana, estava irredutivel. "Isso so vai parar depois que aprovarmos. Eles sao do psol. Estao enganando os professores para ter palanque." "vereador, nao estou discutindo o projeto nem as atitudes do psol. Nao ha seguranca. voces estao botando a vida de todos em risco". Ele, já impaciente: "sao só professores".
Mais bombas. Os segurancas da casa corriam de um lado pro outro. Brizolinha gritava que a casa estava "insalubre". Teresa apelava: "se houver uma tragedia, o prefeito será o responsavel. Votem num outro dia. Por que tem que ser hoje?"
> Os black blocs quebravam as vidracas e tentavam abrir os portoes a marretadas. A policia revidava. eu, petulante, insistia com O presidente: "pelo amor de deus, vai ter morte aqui dentro. Vao bater em voces e nos funcionarios com estas marretas. Acaba com isso, presidente, por favor." Nem piscou. Eu nao existo. Funcionario nao existe. Mas o semblante dele era de medo. "O local mais seguro e o plenario desta casa", repetia, no microfone, sem conviccao, interrompido pelas explosoes.
Um unico homem gritava da galeria: "voces sao uma vergonha." Sao mesmo.
Mais bombas e a oposicao saiu do plenario. Confusao. Brizolinha provocava os guardas municipais. Gas lacrimogenio por toda a casa. Senhoras chorando. fiquei apavorada e tentava proteger a teresa. Os funcionarios se desesperavam, choravam, imploravam. "Vereadora teresa, a senhora precisa impedir isto. Como vamos sair daqui?" "Voces precisam ir embora. Vamos pedir ajuda à guarda para dar seguranca. Nao fiquem mais aqui."
Os nove vereadores - veronica costa aderiu- deram uma coletiva no cerimonial. teresa anunciou que entraria na justica, porque as galerias estavam vazias, o que configurava sessao secreta. Os demais vereadores aderiram à ideia.
Fomos para o gabinete do reimont. advogado da teresa redigiu documento para protocolar na mesa diretora, apontando a ilegalidade da sessao. 
Brizolinha estava agitado. De repente, ele some. Assistimos, estarrecidos, pela tv: ele sobiunna mesa e tentava retirar o Felippe. Foi contido. Eu, teresa, veronica e marcio garcia descemos para tentar convence-lo a sair de cena. Jairinho dizia: "e droga".
> É, o que aconteceu ontem foi uma droga mesmo.
Eu, teresa e o advogado do gabinete saimos logo depois da votacao. As ruas estavam desertas, porque a policia ja havia retirado os manifestantes com muita bomba de gas e de efeito moral. A violência comeu solta. Nunca vi nada igual. Muitos policiais, pra garantir que o povo nao se manifestasse.
Teresa Saiu a pe, sem medo e sem escolta. enquanto isso, um onibus de luxo, cercado de batedores, aguardava os governistas. Mesmo sem o desagradável do tal do povo, acharam melhor se proteger. Vai que...
Nao temos mais parlamento. Temos 40 vereadores a servico do prefeito. Nao e este o papel do legislativo. Não e o dever deles. 
parece que o prefeito perdeu o tino. O autoritarismo subiu à cabeça. A camara ontem parecia uma casa de gente sem noção do perigo, de gente maluca convicta. Ontem foi o dia em que eu perdi definitivamente as esperanças."





.

0 comentários: