Outubro Rosa: Acesso público à mamografia cresce no Brasil
Com incentivos federais, exames e cirurgias foram expandidos na faixa etária prioritária
Jornal do BrasilGabriella Azevedo*
Prevenção e Diagnóstico
De acordo com especialistas, esse tipo de câncer é um dos que atingem estágios avançados de forma mais rápida. Pode atingir toda a região da mama no período de um ano e gerar metástase, quando o câncer se desenvolve em outro local do corpo. Por isso é a segunda causa de morte entre as mulheres do Brasil. O câncer de colo do útero, por exemplo, pode demorar entre 10 e 15 anos para evoluir significativamente.
Além da mamografia, outras ações podem ser realizadas. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a prática de exercícios, evitando a obesidade, também pode contribuir para a prevenção de tumores, já que o excesso de peso aumenta as chances de evolução da doença. A ingestão de álcool, mesmo em quantidades moderadas, e o tabagismo também são fatores de risco.
O médico também afirma que nada substitui a realização da mamografia, mas que o autoexame pode ser feito no dia a dia da mulher. “O autoexame da mama pode ser feito sempre, no banho, em frente ao espelho, e a mulher pode notar alguma diferença na mama. O problema é que um nódulo mamário leva um longo tempo para se desenvolver. Quando for palpável, já é um nódulo grande demais. A mamografia detecta em estágios bem iniciais, por isso a sua importância”, explica Hilton. O principal sintoma da doença percebido no autoexame é a presença de um caroço no seio ou na axila. No entanto, podem haver outros sintomas, como alteração no aspecto dos seios, inversão do mamilo e secreção.
Sobre a prevenção primária, isto é, detecção do problema antes do seu surgimento, Hilton afirma que as causas do câncer são muito variadas, dificultando esse tipo de antecipação. “Não existe nada que previna dessa forma, como, por exemplo, não fumar previne o câncer de pulmão. E ainda assim pessoas que não fumam desenvolvem esse tipo de câncer. A doença é muito imprevisível, é uma predisposição pessoal, de gene e DNA, que pode definir o seu surgimento, levando em consideração também o histórico da família. mas não há como prever.”
O médico cita o caso da Angelina Jolie, que retirou as mamas para evitar o desenvolvimento da doença. “No caso da Jolie, ela se submeteu a um teste, que avalia um gene e o teste apontou uma predisposição alta para o câncer, além do histórico de família dela, com muitos casos da doença, aumentando ainda mais a probabilidade”, explica.
Sobre o diagnóstico, Hilton revela que melhorias tecnológicas forma empreendidas nos últimos anos e que os aparelhos mamógrafos realizam exames com alta qualidade, mas que a qualificação do profissional precisa ser levada em conta. “O mamógrafo já tem há bastante tempo, o que se faz é sempre melhorar a resolução, pois quanto melhor o resultado da imagem, melhor para detectar o problema. Hoje existe a digitalização da imagem, que pode ser aumentada, reduzida, invertida, tudo para achar o resultado mais adequado. O problema é a qualificação de quem interpreta a imagem. Isso pode causar os diagnósticos errados, como os falsos positivos e os falsos negativos. Tem que estar bem preparado”, alerta o professor.
O médico aponta para a importância de campanhas como o Outubro Rosa, que garante visibilidade ao problema, alertando cada vez mais mulheres. “Campanhas como essa, feitas periodicamente, informando, são bastante importante. Mostram que existe o câncer e que ele pode ser curado, desde que seja descoberto cedo. Quando atrizes e pessoas importantes que tiveram câncer começam a aparecer na mídia mostrando que estão vivas, isso chama atenção das pessoas.”
Apesar dos avanços, Hilton afirma que alguns obstáculos devem ser superados pelas mulheres, como o medo. “O grande problema que eu tenho visto é, que por mais que se faça campanha, algumas mulheres dificilmente procuram os médicos para fazer o exame, principalmente das classes C e D. Não vão porque tem medo de aparecer o câncer, e isso é um problema complicado. O seio é uma representação da mulher, e elas têm medo de perder a mama, o que nem sempre acontece. Hoje, o próprio governo paga a cirurgia de reconstrução da mama, pelo SUS. Outra coisa é a dor, pois o exame comprime a mama”, aponta o professor.
Campanha Outubro Rosa
O movimento foi iniciado na década de 90, nos Estados Unidos, e busca alertar sobre os riscos e a necessidade do diagnóstico precoce do câncer de mama, segundo mais recorrente no mundo, perdendo apenas para o câncer de pele. Na época, o país disponibilizava mamografias e ações de detecção do câncer de mama durante todo o mês de outubro. Hoje, o movimento é incentivado em todo mundo.
No Brasil, a iniciativa chegou em 2002, com a iluminação em tom rosa do Mausoléu do Soldado Constitucionalista, em São Paulo. Durante todo o mês, diversos monumentos das principais cidades do país serão iluminados com a cor rosa. Na terça-feira (2), no Rio, o Cristo Redentor e a Catedral Metropolitana já receberam a coloração. Também na terça-feira, Manaus coloriu o Teatro Amazonas e a Ponte Rio Negro.
Na segunda-feira (1), a iniciativa veio de Brasília, onde o Palácio do Planalto, o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional e a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida apoiaram a campanha ganhando luz especial em homenagem ao Outubro Rosa. No mesmo dia, espaços públicos de Santa Catarina também foram coloridos. Na capital Florianópolis, as principais pontes da cidade, a Colombo Machado Salles, Pedro Ivo Campos e a Ponte Hercílio Luz, serão novamente iluminadas pela cor símbolo da campanha.
Em São Paulo, já ganharam luz rosa na segunda-feira o Monumento das Bandeiras, no Ibirapuera, e a Ponte Estaiada. Até o dia 15, a campanha ganhará mais força com a iluminação do Edifício Matarazzo, sede da prefeitura paulistana, do Theatro Municipal e do Obelisco, também no Parque do Ibirapuera.
*Do programa de estágio do Jornal do Brasil
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