sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Gritar GostosateChupavaToda na rua, tudo bem. Mas me avaliar no Lulu aí já é vandalismo

Gritar GostosateChupavaToda na rua, tudo bem. Mas me avaliar no Lulu aí já é vandalismo


Uma Lulu incomoda muita gente

por  - Sem louça para lavar

“Nos avaliam, nos dão notas, nos rebaixam, nos cerceiam, nos silenciam, nos violentam. Esse é o app VIDA, da qual todas as mulheres fazem parte sem direito do botão ‘excluir conta’ para deixar este pesadelo.” (Jéssica Ipólito)
Fazia tempo que não me metia em tanta briga nas redes sociais por algum assunto. O da vez foi o tal do aplicativo criado chamado LULU em que as mulheres podem avaliar os homens. Avaliações do tipo: me levou para jantar no primeio encontro, tem filhos, é feinho, é legal.
Nossa, nunca vi tanto chororô nas redes sociais por causa de um aplicativo desses.
Mas o mais engraçado é ver que todas as reclamações tem no seu fundo a  preocupação dos machinhos em ter seu desempenho sexual avaliado.
Bom, vamos lá. Não, eu não acho legal o aplicativo, acho idiota na verdade. E por mim a existência dele ou não, não me importa.
Agora o que eu não aguento é homem dizendo que isso é uma perversidade, que isso é revanchismo, que o que estão fazendo é até inconstitucional, que agride a privacidade alheia, que é machismo ao contrário.
Eu não sei se eu dou risada ou choro. Na verdade eu brigo, eu discuto. Por que, né?
Eu vou dizer o que é perversidade. Perversidade é nós mulheres termos que aguentar assédio, de todos os tipos, todos os dias, e não poder dizer que eu quero sair desse mundo pra não precisar mais passar por isso. Sabe, não dá pra deletar nosso perfil do mundo.
Perversidade é quando um cara posta na internet os vídeos íntimos da namorada ou ex-namorada na internet sem a permissão dela e todo mundo cai em cima da moça para culpabilizá-la.
Perversidade é homem botar fogo em ex-namorada porque ela não quer mais ficar com ele.
Fazer um aplicativo pra dar nota aos homens passa muito longe de ser uma perversidade. Isso é uma brincadeira, que pode até ser de mau-gosto, mas perversidade, meu amigo? Você não sabe mesmo do que está falando.
Aliás, eu gostaria muito de ver por parte dos homens toda essa gritaria, toda essa indignação, quando acontece um dos casos que eu citei acima. Mas né…nunca vi e duvido que verei.
Porque preocupação mesmo eles têm em ver seu desempenho sexual ser avaliado numa rede social. O que acontece com as mulheres diariamente, ah, isso fica para outro dia.
Revanchismo? Vou dizer o que seria revanchismo.  Seria se eu saísse pra balada e começasse a passar a mão nas partes íntimas dos caras, embebedá-los para poder estuprá-los, bater neles quando fizessem alguma coisa que me desagradasse, se eu tocasse fogo em todos os homens que me deram um fora. Ah, daí sim venha me falar em revanchismo.
Aliás, criaram um app agora pra falar sobre a performance sexual das mulheres. Vocês vão gritar também? Vão fazer textos e mais textos dizendo o quanto isso é machista? O quanto esses homens estão sendo cruéis? Posso começar a dizer que isso é revanchismo?  Ah, eu já imaginava….
A questão é que homem nenhum gosta de ter a sua virilidade ameaçada. Não suportam a ideia que alguém possa fazer um comentário que o desagrade. Homens não conseguem estar pouco tempo do nosso lado do jogo porque é tão comum para eles estarem no lado opressor – mesmo que muitos jurem de pé junto que não  – que qualquer mudança, por menor que seja – e essa é minúscula – vira todo esse auê. Como uma diz uma amiga minha, Connie, a única coisa realmente interessante do Lulu é ver que até hoje tudo que todas as mulheres reclamaram foi chamado de “vitimismo”. E daí os homens percebem a insinuação de que podem passar por 0.000001% do que fazem todos os dias e tão chorando baldes, baldes de lágrimas, baaaldes de lágrimas.
Não conseguem por um minuto parar e pensar na grande falsa simetria que estão cometendo. Se acham tão diferentes, tão evoluídos querendo a abolição de gêneros, de rótulos e o diabo à quatro e continuam se achando os injustiçados do mundo, sem conseguir perceber que o mundo que eu, mulher, vivo, é bem pior do que uma merdinha de um app. Não vi nenhum homem com medo de morrer por causa do Lulu, mas eu tenho medo de morrer e de ser estuprada todos os dias que coloco o pé pra fora de casa, que vou numa balada, que fico com um cara que nunca vi na vida. Tá bom pra você?
Então, se vocês coitadinhos, estão sendo tão, mas tão esculhambados por esse app, se acham que isso é horrível, só tenho uma coisa pra dizer para vocês: Bem vindo ao nosso mundo!

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