Justine Sacco foi demitida neste fim de semana, depois de ter feito piada no Twitter com as vítimas da Aids na África. O continente concentra 69% das pessoas vivendo com HIV no planeta, sendo a maioria mulheres e meninas
Letícia Orlandi - EM
A mensagem, lida apenas por seus seguidores, então 200, foi encaminhada para um funcionário do site Buzzfeed.com, que lhe deu maior divulgação, segundo a imprensa americana. Ao desembarcar, Justine apagou a mensagem e sua conta no Twitter, mas o estrago já estava feito, e o comentário virou alvo de chacota e insultos nas redes sociais, tornando a hashtag #JustineSacco uma das mais discutidas no Twitter.
Justine se desculpou pela declaração, o que não impediu a perda do emprego |
Neste domingo, foram criados perfis falsos em nome de Justine no Facebook. Um deles, que mantém seu antigo cargo na IAC, teve a foto substituída por uma imagem em que se lê: "Odiadores (Haters): pessoas que têm raiva de qualquer um que obtenha sucesso". Em seu perfil original, a executiva publicou nota de desculpas e mantém como cargo apenas a função de 'suporte' na Amazon.com.
Mesmo após a demissão, a gafe da executiva continuava sendo comentada nas redes. Neste domingo, o domínio justinesacco.com redirecionava o internauta a um site de doações para a luta contra a Aids na África. O perfil da moça no twitter deu lugar a diversos novos perfis falsos, sendo que o mais popular é@justinepshyco.
Na nota de desculpas, Justine diz: "Palavras não podem expressar o quanto me arrependo e o quanto é necessário para mim pedir desculpas ao povo sul-africano, que ofendi com uma mensagem desnecessária e insensível."
A executiva lembrou que nasceu na África do Sul e que tem orgulho de seus laços com a nação. "Existe uma grave crise por causa da Aids neste país. Infelizmente, é muito fácil falar com leviandade sobre uma epidemia que nunca foi enfrentada diretamente", assinalou. "Por ser insensível a essa crise - que não discrimina por raça, gênero ou orientação sexual, e sim nos aterroriza de forma uniforme -, e por milhões de pessoas que vivem com o vírus, sinto vergonha", concluiu.
Aids na África
O número de pessoas na África que recebem tratamento antirretroviral aumentou de menos de 1 milhão para 7 milhões ao longo de sete anos, de acordo com o relatório “Atualização sobre a África”, realizado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) e divulgado em maio de 2013. As mortes relacionadas com a aids na região também foram reduzidas em 32% entre 2005 e 2011.
Apesar da evolução positiva, a África continua a ser mais afetada pelo HIV do que qualquer outra região do mundo, com 69% das pessoas vivendo com HIV no planeta. Em 2011, ainda havia 1,8 milhão de novas infecções pelo HIV em todo o continente e 1,2 milhão de pessoas morreram de doenças relacionadas com o vírus. De acordo com o estudo, em 2011, 34 milhões de pessoas estavam com HIV no mundo, sendo que apenas 50% sabem sobre sua situação. Do total global, 23,5 milhões viviam na África Subsariana, com a maioria vivendo na África do Sul (5,6 milhões).
Atualmente, 58% das pessoas com HIV na região subsariana são mulheres e meninas. Nesta mesma região vivem 92% de todas as mulheres grávidas com HIV no planeta.
Com informações da AFP
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