segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Comentário racista no Twitter custa emprego de executiva de gigantes da web

Comentário racista no Twitter custa emprego de executiva de gigantes da web

 Justine Sacco foi demitida neste fim de semana, depois de ter feito piada no Twitter com as vítimas da Aids na África. O continente concentra 69% das pessoas vivendo com HIV no planeta, sendo a maioria mulheres e meninas

Letícia Orlandi - EM


A diretora de comunicação da InterActive Corp (IAC) - proprietária de sites como match.com, Meetic, Vimeo e The Daily Beast -, Justine Sacco, foi demitida neste fim de semana, depois de ter feito piada no Twitter com as vítimas da Aids na África. "Indo para a África. Espero não contrair Aids. Brincadeira. Sou branca!", publicou Justine na última sexta-feira, antes de embarcar para a África do Sul.

A mensagem, lida apenas por seus seguidores, então 200, foi encaminhada para um funcionário do site Buzzfeed.com, que lhe deu maior divulgação, segundo a imprensa americana. Ao desembarcar, Justine apagou a mensagem e sua conta no Twitter, mas o estrago já estava feito, e o comentário virou alvo de chacota e insultos nas redes sociais, tornando a hashtag #JustineSacco uma das mais discutidas no Twitter. 


Justine se desculpou pela declaração, o que não impediu a perda do emprego
Ontem mesmo, diante da repercussão, um porta-voz da empresa disse ao 'Internacional Business Times' que o comentário era escandaloso e ofensivo. "Não reflete a visão e os valores da IAC. Infelizmente, a funcionária em questão está inacessível em um voo internacional, mas essa é uma questão muito grave e vamos tomar as medidas apropriadas". A empresa completou: "tratamos este assunto com muita seriedade, e tomamos medidas junto à funcionária envolvida. Não há justificativa para o comentário publicado, que condenamos com firmeza."

Neste domingo, foram criados perfis falsos em nome de Justine no Facebook. Um deles, que mantém seu antigo cargo na IAC, teve a foto substituída por uma imagem em que se lê: "Odiadores (Haters): pessoas que têm raiva de qualquer um que obtenha sucesso". Em seu perfil original, a executiva publicou nota de desculpas e mantém como cargo apenas a função de 'suporte' na Amazon.com.

Mesmo após a demissão, a gafe da executiva continuava sendo comentada nas redes. Neste domingo, o domínio justinesacco.com redirecionava o internauta a um site de doações para a luta contra a Aids na África. O perfil da moça no twitter deu lugar a diversos novos perfis falsos, sendo que o mais popular é@justinepshyco.

Na nota de desculpas, Justine diz: "Palavras não podem expressar o quanto me arrependo e o quanto é necessário para mim pedir desculpas ao povo sul-africano, que ofendi com uma mensagem desnecessária e insensível." 


A executiva lembrou que nasceu na África do Sul e que tem orgulho de seus laços com a nação. "Existe uma grave crise por causa da Aids neste país. Infelizmente, é muito fácil falar com leviandade sobre uma epidemia que nunca foi enfrentada diretamente", assinalou. "Por ser insensível a essa crise - que não discrimina por raça, gênero ou orientação sexual, e sim nos aterroriza de forma uniforme -, e por milhões de pessoas que vivem com o vírus, sinto vergonha", concluiu.


Aids na África

O número de pessoas na África que recebem tratamento antirretroviral aumentou de menos de 1 milhão para 7 milhões ao longo de sete anos, de acordo com o relatório “Atualização sobre a África”, realizado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) e divulgado em maio de 2013. As mortes relacionadas com a aids na região também foram reduzidas em 32% entre 2005 e 2011.

Apesar da evolução positiva, a África continua a ser mais afetada pelo HIV do que qualquer outra região do mundo, com 69% das pessoas vivendo com HIV no planeta. Em 2011, ainda havia 1,8 milhão de novas infecções pelo HIV em todo o continente e 1,2 milhão de pessoas morreram de doenças relacionadas com o vírus. De acordo com o estudo, em 2011, 34 milhões de pessoas estavam com HIV no mundo, sendo que apenas 50% sabem sobre sua situação. Do total global, 23,5 milhões viviam na África Subsariana, com a maioria vivendo na África do Sul (5,6 milhões).

Atualmente, 58% das pessoas com HIV na região subsariana são mulheres e meninas. Nesta mesma região vivem 92% de todas as mulheres grávidas com HIV no planeta.

Com informações da AFP

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