sábado, 20 de setembro de 2014

Criminalização da homofobia já!: Homossexual é agredido em ritual de ‘purificação de gays’

Criminalização da homofobia já!: Homossexual é agredido em ritual de ‘purificação de gays’

Ele foi abandonado com uma carta em seu bolso com menções religiosas e promessa de novos ataques

ASSDASD
Local do crime. Abordagem aconteceu no meio da rua, no centro da cidade, em plena luz do dia

A barba queimada e o braço machucado denunciam a violência, mas o que aconteceu com um auxiliar administrativo de 19 anos, morador de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, ainda é um mistério. Ele diz ter sido torturado, na tarde da última quarta-feira, ao chegar em casa e ser colocado à força dentro de um veículo por três homens. “Dentro da Kombi, me batiam e me enforcavam. Enrolaram um pano no meu braço e colocaram fogo no meu cabelo e na minha sobrancelha”, contou o jovem, que teria perdido a consciência durante o ataque. Após cerca de 40 minutos de agressões, ele relata ter acordado em uma calçada e encontrado uma carta em seu bolso, que, entre outras coisas, dizia: “Esse foi apenas o primeiro da cidade a passar pela purificação.”
Homossexual assumido, ele já havia sido agredido por dois homens na semana passada e acredita ser alvo de homofobia. O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Polícia de Betim, e é investigado como tentativa de homicídio. O delegado Rafael Horácio vai apurar também a suspeita de crime religioso, em virtude do teor da carta apresentada pelo rapaz.
Versão. A vítima contou que chegava em casa, no centro, às 14h, quando uma Kombi branca de vidros escuros parou a seu lado e, dela, saíram dois homens, os mesmos que o teriam agredido cinco dias antes. “Eles estavam com facas e me obrigaram a entrar no veículo”.
Enquanto os dois homens o agrediam, principalmente no abdômen, um terceiro dirigia e fazia orações, segundo o jovem. “Eles pediam perdão pelos meus pecados, pediam que eu fosse salvo”. O rapaz contou ainda que os agressores enrolaram uma espécie de papel feito de lã, que poderia ser algodão, em seu braço e atearam fogo. A barba e os cabelos também foram queimados. “Desmaiei. Não sei se pelo cheiro da fumaça, pela dor ou pelo estresse do momento”.
Ele disse ter sido abandonado em uma rua próxima ao local onde foi abordado, de onde ligou para o namorado e um amigo, que o socorreu. No mesmo dia, foi à delegacia e mostrou a carta que teria sido deixada em seu bolso. O texto não faz menção a nenhuma religião, mas informa que a intenção é fazer uma “limpeza” em Betim, e trazer o fogo da purificação a cada um que anda nas ruas “declarando seu ‘amor’ bestial”.
O auxiliar administrativo denunciou o fato em seu Facebook, o que, segundo ele, foi uma tentativa de evitar outros casos. No fim da tarde de ontem, ele saiu de casa, ainda com marcas da violência, para um retiro na região metropolitana. Conforme ele mesmo explicou, a intenção era “desligar a cabeça” e esquecer o que aconteceu. (Com Bruna Carmona)

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