sábado, 25 de outubro de 2014

AÉCIO E O ERRO DE EXCESSO DE BLINDAGEM

AÉCIO E O ERRO DE EXCESSO DE BLINDAGEM

Por Rudá Guedes Ricci no Facebook

Interessante esta história pessoal de Aécio. Não a particular, que não me interessa (a não ser que revele um traço de caráter que indique algo sórdido ou desumano). Estou me referindo à história política. 

Já afirmei aqui que ele nunca se envolveu com ações de massa e nunca se arriscou pelo país. Esteve acompanhando seu avô. Nem mesmo acompanhou seu pai com determinação, como já foi fartamente noticiado. Alguns dirão que ele era jovem. Não é um argumento válido. Eu comecei a atuar na política com 15 anos de idade, em parceria com mais uns 15 adolescentes entre 15 e 17 anos de idade. Cesar Benjamin é um outro caso conhecido.


Mas, digamos que esta não seja a marca dos adolescentes.


O fato é que Aécio raramente teve oposição no seu calcanhar. Como governador, não vou repetir o que já foi revelado à exaustão nesta eleição, Aécio foi blindado. O que parece uma vantagem de curto prazo é, quase sempre, fatal no longo prazo. Músculos que não são acionados acabam por atrofiar.
Ontem, no debate da Globo, a ausência de músculos revelou o desastre que seu staff (incluindo sua irmã) impingiu ao senador mineiro ao blindá-lo de maneira exagerada. 


Aécio se revela ansioso. Impaciente em dar um chute certeiro. Não suporta aguardar a finalização da pergunta. É visível. Começa sorrindo e perde, quase sempre, o autocontrole. Quando atacado, demora para se recompor. É algo rápido e não muito explícito. Mas é fácil de perceber que utiliza muletas verbais quando está nervoso, se defende e vai se recuperando até partir para o ataque. Quando percebe que se posicionou, exagera. Expõe expressões faciais exageradas: olhos arregalados, dentes à mostra, voz um pouco acima do timbre normal e adjetivos que dificilmente seriam utilizados no parlamento inglês. É evidente a falta de autocontrole. 


Ontem, teve todas as chances para ganhar o debate com ampla margem. Uma vitória incontestável, visível, sonora. No segundo bloco, quando Dilma se perdeu na organização verbal, poderia ter atacado no fígado, no baço, revelar ao eleitor que Dilma estava à beira do nocaute. Poderia ter feito isto no início do terceiro bloco, quando Dilma retornou ainda atordoada. Mas Aécio foi mimado nos últimos anos. Blindado, sua musculatura atrofiou. Afinal, a reação não era dele, mas de seu séquito. A reação se fazia nas sombras. O que, aliás, foi ruim para a imprensa mineira, que se curvou à tutela governamental. Nesta eleição, Aécio e parte da imprensa mineira se revelaram despreparados para a independência. Revelaram algo de adolescente mimado. Perderam o autocontrole e a capacidade de lidar com adversidade. E, deu no que deu.


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