sexta-feira, 25 de março de 2011

Lesbianismo, preconceito e saúde

Lesbianismo, preconceito e saúde

A saúde da mulher lésbica

Preconceito e falta de informação fazem com que elas tenham indicadores de saúde piores do que as heterossexuais

Os números

A primeira grande publicação que alertou sobre os índices de saúde preocupantes na população lésbica foi feita pela Universidade de Pittsburgh e publicada no Arquivo Internacional de Saúde Pública.

Os médicos entrevistaram 1.017 mulheres homossexuais. Na avaliação comparativa com as heterossexuais, eles encontraram 35,5% de lésbicas fumantes contra 20,5% heteros. No primeiro grupo 57,5% usavam álcool com frequência contra 44,6% na outra turma (o índice de alcoolismo ficou 4,7% contra 1,1%).

Além disso, na faixa etária com mais de 40 anos, 93,3% das lésbicas nunca haviam feito mamografia frente ao índice de 85,1% da outra população. Como complemento desta pesquisa, a Sociedade Canadense de Câncer fez uma divulgação alertando que a mulher heterossexual visita o médico com frequência para ter acesso aos anticoncepcionais, um “privilégio” não vivenciado pelas mulheres gays. Sem passar por tantas consultas, as lésbicas não têm o colesterol e a pressão arterial avaliados com tanta recorrência, o que compromete a rotina preventiva.

Cenário nacional

No Brasil, o governo federal já sinalizou sobre a importância de aproximar as lésbicas dos serviços de saúde e, para isso, o acolhimento por parte da equipe é fundamental. Em um documento oficial distribuído para todos os Estados em 2007, os técnicos escreveram que o grupo das lésbicas e bissexuais permanece invisível nas estratégias de saúde.

“Muitos/as profissionais da rede de saúde têm dúvidas sobre o manejo do atendimento e encaminhamentos, justamente por reproduzir o modelo da heterossexualidade, nos seus campos de intervenção, cuidado e controle da saúde das mulheres”, escreveram. “O resultado dessa cultura é a permanência e a ampliação dos contextos de vulnerabilidade de mulheres que, quando recorrem aos serviços, não são orientadas adequadamente para o exercício da sexualidade autônoma, segura e protegida.”

Alexandre Bôer, diretor do grupo do Rio Grande do Sul Somos (Comunicação, Saúde e Sexualidade) explica que pelo fato de não terem relações sexuais com penetração, as orientações sobre doenças sexualmente transmissíveis são praticamente inexistentes. Uma das consequências é que as lésbicas acabam por acreditar que não correm nenhum risco de contágio.

“Os grupos de mulheres lésbicas de todo País têm trabalhado muito as informações sobre HIV, aids e HPV. Primeiro porque quase todas as mulheres que estão em um relacionamento com outra mulher hoje já tiveram relações com homens no passado e podem ter sido contaminadas. Um outro motivo é que uma boa parte das doenças sexualmente transmissíveis (como sífilis e gonorreia, e outras verrugas e infecções que podem não vir com sintoma nenhum) acomete estas mulheres, a contaminação é fácil.”

Outro aspecto que precisa ser trabalhado, avalia Bôer, é que exames para colher o papanicolaou podem ser considerados invasivos demais para mulheres que não têm penetração sexual ou são virgens. “Todos os exames médicos que mexem de alguma forma com a sexualidade precisam ser trabalhados, independentemente da orientação sexual. Os homens heterossexuais, por exemplo, têm muita restrição em fazer o toque retal. Algumas lésbicas podem ter restrições ou receios. Tudo isso precisa ser conversado abertamente com o médico, sem preconceito.”

Efeito psicológico

A psiquiatra especializada em dependência química da Unifesp, Alessandra Diehl, também já fez levantamentos e revisões de literatura especializada e encontrou em evidências internacionais que apontam maior uso de substâncias psicoativas entre as lésbicas.

“No Brasil, elas são pouco estudadas, mas sabemos que nas unidades de internação precisamos trabalhar a homofobia. O que percebemos é que nestes contextos, elas são muito acolhidas, mas isso precisa ser universal”, diz.

Uma das justificativas é que esta população enfrenta muito preconceito e uma das vias de fuga seriam as drogas. A mesma explicação pode ser aplicada para o fato das lésbicas conviverem com mais obesidade, conforme mostrou pesquisa feita Universidade de Saúde Pública dos Estados Unidos. Análise feita com 6.000 mulheres indicou que as lésbicas tinham 2,69 vezes mais risco de estar acima do peso e 2,47 vezes de serem obesas. Fonte: Portal IG


1 comentários:

quarta parede disse...

realmente.essas colocações são realmente reaisw.Participo da associação paranaense de lébicas e nosso grupo participa do grupo de mulheres da saude que congrega varias associações,sindicatos e ongs.debatemos sempre essas questões e o que foi colocado ai é uma grande realidade no grupo de lésbicas.