terça-feira, 13 de setembro de 2011

Bolsonaro invade coletiva sobre a Comissão da Verdade aos gritos

Bolsonaro invade coletiva sobre a Comissão da Verdade aos gritos

Bolsonaro invade coletiva e acusa farsa na Comissão da Verdade

Para Bolsonaro, Comissão da Verdade quer revanche. Foto: Renato Araújo/Agência Brasil
Foto: Renato Araújo/Agência Brasil


Laryssa Borges
Direto de Brasília

O polêmico deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) protagonizou nesta terça-feira mais um episódio controverso ao interromper uma entrevista coletiva concedida pelo líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP), entrar diante das câmeras e acusar o governo federal de montar uma "farsa" com as articulações para a criação da chamada Comissão da Verdade.
Afirmando falar em nome de oficiais generais, Bolsonaro condenou a iniciativa do Palácio do Planalto de aprovar o grupo de trabalho que terá por função examinar as violações de direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988 para "efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional". O parlamentar criticou particularmente um trecho do artigo 4º do projeto que cria a comissão e que prevê que "é dever dos militares colaborar com a Comissão da Verdade".
"Eles desbordam a Lei da Anistia. Se é dever, o militar que não colaborar e não disser o que eles querem ouvir pode ser preso, sim. Essa é uma farsa, uma mentira. É um projeto que caminha apenas para apurar o que eles querem. Eles não querem apurar justiçamento no Araguaia, roubos, sequestros, execuções e justiçamentos. Isso é uma mentira. Eles querem colocar no currículo escolar a mentira que foi a esquerda, que recebeu dinheiro de Fidel Castro para financiar a luta armada no País. Devemos, de acordo com a proposta aqui, criar uma estátua do tamanho de Cristo em homenagem a Fidel Castro lutando pela democracia, porque ele foi o que mais despendeu dinheiro para a luta armada no País", criticou, aos gritos, o deputado.
Sem cair na provocação, Vaccarezza deixou a coletiva e disse que discutiria com o deputado em Plenário. O governo pretende votar a criação da Comissão da Verdade na próxima semana, possivelmente no dia 21.
"Não há dúvida que é (a comissão) da revanche, porque aqui tudo é impositivo, inclusive eles têm o poder de buscar documentos na casa de quem quer que seja. Vão meter o pé na porta de casas de velhos generais e velhos coronéis para tirar de dentro o que bem entender, sem autorização judicial, inclusive. Nada temos a temer. O que não queremos é que faça uma mentira. Duvido que um só comandante militar concorde com o que está escrito aqui", afirmou Bolsonaro.
O deputado, que distribuiu uma espécie de manifesto às pessoas presentes no Salão Verde da Câmara, elencou o que classificou de "as verdades que o PT não quer", entre as quais a apuração das mortes dos prefeitos de Santo André, Celso Daniel, em 2000, e de Campinas, Toninho do PT, em 2001.
Para Bolsonaro, também não seria democrático o fato de o Executivo indicar todos os sete futuros integrantes da Comissão da Verdade, sem que o Congresso possa apresentar indicados. O deputado lembrou, por fim, que o atual assessor do Ministério da Defesa e negociador da criação do grupo de trabalho, José Genoino, é um ex-guerrilheiro. "Que isenção vai ter essa comissão com sete indicados pela presidente? Nós queremos a verdade, e os senhores querem esconder a verdade. Está escrito, eu não estou mentindo. Sim, (militares) me procuraram. O Genoino, um guerrilheiro do Araguaia, falando em nome dos militares? Isso é inadmissível", afirmou.
Atualmente, o principal entrave à aprovação da Comissão da Verdade no Congresso é a composição do colegiado. O DEM, por exemplo, defende que parte dos integrantes da futura comissão possa ser indicados pelos parlamentares para garantir que a grupo de trabalho não fique sujeito a pressões políticas.
Quando viabilizada, a Comissão Nacional da Verdade poderá requisitar documentos públicos ou pedir à Justiça acesso a documentos privados, investigar violações aos direitos humanos, com exceção dos crimes políticos, de motivação política e eleitorais abrangidos pela Lei da Anistia, "promover a reconstrução da história dos casos de violação de direitos humanos" e disponibilizar meios e recursos necessários para a localização e identificação dos restos mortais de desaparecidos políticos.

Paralelamente à aprovação da Comissão, o governo trabalha para manter fora de votação um projeto da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) que prevê alterar a Lei de Anistia para punir quem matou, torturou e foi 
 responsável pelo desaparecimento de opositores do regime militar.
No Terra

2 comentários:

Anônimo disse...

A comissão da Verdade só vai servir para o Brasil se mostrar os dois lados pra montar uma unica Historia, se as coisas continuarem assim Dilma não chega ao fim do governo, os militares não tem mais poder, porem ainda tem o braço armado, se os militares não servem vamos dissolver as forças armadas, oque não pode querer manobrar o poder politico, isso não é democracia é ditadura branca, o Brasil ta correndo para o desiquilíbrio democrático, mistura-se ideologia com democracia. isso não vai prestar.
não sou militar e nem politico, sou advogado e professor de historia, fico triste estamos mexendo com coisa seria

Anônimo disse...

Pois é Anônimo 1, diferentemente de paises mais desenvolvidos como a Argentina, Uruguai e o Chile, o Brasil tem medo de remexer nessa ferida, pois tem muita gente, inclusive canais de televisão, jornais e revistas, submersas até o pescoço nos crimes cometidos pelo Estado Brasileiro Ditatorial contra sua própria população.