A onda de violência contra LGBTs no
país inteiro tem aumentado seu volume e intensidade, mostrando que há um ódio
quase que fora de controle e feito vítimas, inclusive, heterossexuais
É preciso estabelecer o confronto político-cultural diante dessa cruzada homofóbica
Foto: Fabio Pozzebom/ABr
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Vivemos sob clima pesado
Não creio possamos tratar isso como algo de somenos
importância. E nem creio devamos subestimar isso do ponto de vista da cultura e
da política. Digo que existe um caldo de cultura atrás disso. O caldo de
cultura da intolerância, a tentativa sempre de descartar todos os que não estejam
enquadrados nos códigos conservadores da normalidade. O clima é tão pesado que
um pai e um filho foram agredidos porque estavam abraçados em público. A
agressão decepou a orelha do cidadão. Claro, foram agredidos porque havia a
certeza de que eram homossexuais. O pai esperava a namorada, e enquanto isso
demonstrava o carinho pelo filho.
Foto: Fabio Pozzebom/ABr |
É um clima tão pesado que espectros da área militar, investidos de mandato parlamentar, se dão ao direito de agredir de maneira chula os homossexuais, sem que nada aconteça. O Parlamento também faz ouvidos de mercador, e resiste à possibilidade de criminalizar a homofobia, e essa resistência perpassa vários partidos, até mesmo parcelas de alguns considerados de esquerda. Pesado de tal forma, que jovens, que tenham aparência de homossexuais, são agredidos a golpes de pau nas ruas, sem quê nem pra quê, sem que encontrem explicações para isso, sequer razoáveis, salvo o fato de terem, se tiverem, orientação sexual diversa da considerada normal. E numa proporção assustadora, muitos são mortos, assassinados pura e simplesmente, não raramente com requintes de crueldade.
Cabe dizer que há um sentimento homofóbico na sociedade. Não
podemos ignorar isso. O sentimento integra o cardápio de valores de nossa
sociedade. Pesquisa realizada em 2009,
pela Fundação Perseu Abramo em parceria com a fundação alemã Rosa Luxemburg
Stiftung, indicou que a população brasileira acredita que existe preconceito
contra travestis (93%), contra transexuais (91%), contra gays (92%), contra
lésbicas (92%), contra bissexuais (90%). A maioria, no entanto, atribui o
preconceito aos outros, não a si própria,
curiosamente. Pela sucessão de agressões recentes, não parece que o problema
seja dos outros.
E de onde viria esse sentimento? Quem sabe, de heranças
ancestrais, cujas raízes podem estar fincadas no pior que exista da tradição
religiosa. Ou então viria de estímulos histórico-culturais mais recentes,
provenientes de um caldo de cultura que vem do nazifascismo e que tem se
firmado especialmente na Europa dos últimos tempos.
Ler na íntegra na Teoria e Debate Aqui
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