Felipe Prestes no Sul21
O PSDB quebrou o silêncio nesta quinta-feira (15) sobre o livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que apresenta uma série de documentos que comprovariam o recebimento de propinas durante as privatizações realizadas pelo Governo FHC. O partido soltou uma nota oficial em que sugere que o livro tem o dedo do PT, servindo para desviar o foco sobre as denúncias contra ministros do Governo Dilma. O ex-presidente Fernando Henrique também divulgou uma nota sobre o tema.
“A nova investida ocorre num momento em que o PT está atolado em denúncias de corrupção que já derrubaram seis ministros, e aguarda ansiosamente o julgamento do Mensalão, maior escândalo de corrupção de que se tem notícia na história do Brasil”, diz trecho final da nota do PSDB. O partido também promete tomar “medidas judiciais cabíveis” contra o autor e os “associados às calúnias desse livro”.
O PSDB compara a obra jornalística com “farsas anteriores”: a Lista de Furnas, o Dossiê Cayman e o Caso dos Aloprados e acusa o PT de participar da elaboração destes documentos. “Uma constante dessa fabricação de falsos dossiês tem sido a participação de membros e agentes do Partido dos Trabalhadores. Os que não se envolvem diretamente nas falsificações não têm pudor de endossá-las publicamente, protegidos, alguns deles, pela imunidade parlamentar”, diz o texto. Os tucanos também aponta também para Amaury Ribeiro Júnior, ressaltando que o jornalista é indiciado pela Polícia Federal “por quatro crimes, incluindo corrupção ativa e uso de documentos falsos”.
A nota assinada pelo presidente da sigla, Sérgio Guerra, defende as privatizações e diz que elas foram “exaustivamente” analisadas pelo TCU, MPF e outros órgãos de controle. “As privatizações viabilizaram a modernização da economia brasileira, com centenas de bilhões de investimentos em serviços essenciais e a geração de milhares de empregos”, diz o texto.
FHC qualifica o livro como “infâmia”
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso começa sua nota oficial afirmando que “a infâmia, infelizmente, tem sido parte da política partidária”. Em um texto com o mesmo conteúdo que o da nota do PSDB, FHC também relembra o Dossiê Cayman, a Lista de Furnas e o Caso dos Aloprados. “Ainda nesta semana a imprensa mostrou quem fez a papelada e quem comprou o falso dossiê Cayman para usá-lo em campanhas eleitorais contra os tucanos. Esse foi o primeiro. Quem não se lembra, também, do “Dossiê dos Aloprados” e do “Dossiê de Furnas”, desmascarado nestes dias?”, diz.
O tucano também fala do indiciamento do autor do livro pela Polícia Federal. “Na mesma tecla da infâmia, um jornalista indiciado pela Polícia Federal por haver armado outro dossiê contra o candidato do PSDB na campanha de 2010, fabrica agora “acusações”, especialmente, mas não só, contra José Serra. Na audácia de quem já tem experiência em fabricar “documentos” não se peja em atacar familiares, como o genro e a filha do alvo principal, que, sem ter culpa nenhuma no cartório, acabam por sofrer as conseqüências da calúnia organizada, inclusive na sua vida profissional”, diz o ex-presidente, que deixou seu “protesto e solidariedade às vítimas da infâmia”.
Presidente do PSDB gaúcho diz que não teme CPI
O deputado federal Nelson Marchezan Júnior, presidente do PSDB gaúcho, foi um dos poucos tucanos a assinar a criação da CPI da Privataria. Marchezan explica que a assinatura partiu de um desafio do deputado Protógenes Queiroz (PCdoB), quando se manifestava na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) veementemente contrário a uma proposta que facilita o repatriamento de dinheiro do Exterior, sem declarar a origem.
“Eu peguei a palavra e disse que seria vergonhoso aprovar isto. O Protógenes disse: ‘Se você é defensor disto (não aceitar a proposta), então assine a CPI da privatização’. Disse que espero a reciprocidade dele para assinar outras CPIs. Pela primeira vez em três décadas não há uma CPI acontecendo no Congresso. Não vejo que possa ter algum problema de corrupção nas privatizações, então assino”, afirma Marchezan.
O deputado revelou que não leu o livro, mas que leu uma reportagem da Folha de São Paulo sobre a obra e ouviu a opinião de colegas que estão há mais tempo no Congresso. Baseado nestes subsídios, acredita que não haverá qualquer problema para o PSDB com a criação de uma CPI. “O que me relataram é que o livro traz fatos que já foram tratados em uma CPI do Congresso, não há fato novo. De lá para cá, o autor do livro foi indiciado e ninguém do PSDB foi indiciado ou sofreu processo. A Folha diz que não há nenhum documento que vincule o Serra ou seus familiares”, afirma.
“Mas não eu li o livro, estou me baseando pela Folha de São Paulo e pelo que o pessoal que trabalhou em CPIs aqui relatou”, ressalta o presidente do PSDB-RS.
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