sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos, estudante carioca evitou que linchamento tivesse consequências mais graves

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos, estudante carioca evitou que linchamento tivesse consequências mais graves
A carioca Mikhaila Gutierrez Copello, de apenas 22 anos, acaba de receber o Prêmio de Direitos Humanos, a mais alta condecoração do governo brasileiro a pessoas e entidades que se destacam na defesa, na promoção e no enfrentamento às violações dos Direitos Humanos em nosso país.
Mikhaila foi agraciada na categoria Enfrentamento à violência, que compreende a atuação relacionada à garantia do direito à segurança cidadã, bem como as ações de enfrentamento à violência institucional, ao crime organizado e às situações de violência e de maus-tratos a grupos sociais específicos.
No dia 7 de maio de 2014, Mikhaila realizava uma entrevista para a pesquisa que realiza como estudante da UFRJ quando presenciou o linchamento de um homem acusado de roubar um celular, intervindo logo em seguida para evitar uma execução pública no bairro da Freguesia, em Jacarepaguá (RJ).
“Eu estava fazendo a entrevista e de repente ouvi um ‘pega ladrão’. Em um primeiro instante eu tive aquele impulso de me proteger, mas segundos depois percebi que estava acontecendo um linchamento a dois, três metros de mim, e eu vi uma atrocidade acontecendo: um homem já esfacelado, levando chutes e pontapés”, relembra.
A reação de Mikhaila foi proteger o acusado, gerando revolta entre os transeuntes. “As pessoas diziam ‘ele mata por menos que um celular’, mas eu revidava que eles também matariam por menos que um celular. Ao mesmo tempo que eu estava nervosa, chorando, aquela situação me dava mais força para argumentar e defender aquele homem”, afirma.
A premiada defende que o ciclo da violência só pode ser quebrado com atitudes em que o ser humano seja protegido, qualquer que seja a situação. “Aquela atitude representa toda uma ideologia que eu fui cercada a minha vida inteira, e isso vem da educação. Eu não esperava ser tão bem vista por esse tipo de atitude tão polarizadora, ou seja, defender a vida de um assaltante, e na verdade eu não estava reconhecendo ele como o grande causador dos nossos problemas, e sim uma vítima também”, diz.

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