quarta-feira, 19 de maio de 2010

Política e Arte




Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Outras Odes - Ricardo Reis, 14-2-1933
Fernando Pessoa






O Primeiro Fernando
O retorno do velho senhor

“Sob a alucinação da idade madura, que costuma ser mais assustadora do que a dos adolescentes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está conseguindo o que sempre pretendeu, desde que deixou o governo, há oito anos: o tumulto no processo sucessório. Ele – e não mais ninguém – impediu que as bases nacionais de seu partido fossem consultadas sobre o candidato à sucessão do presidente Lula. Se pensasse mais no país e menos em sua própria vaidade, teria, como o líder que se arroga ser, presidido à construção do consenso que costuma antecipar as convenções partidárias. Haja os desmentidos que houver, ele sonhava em criar impasse entre os dois principais postulantes, a fim de ser visto como a grande solução apaziguadora. Ele continua animado por essa miragem no sáfaro horizonte de suas ambições. Assim, estimulou o governador de São Paulo ao exercício de uma tática de desgaste contra as pretensões de Minas. Decretou a precedência de José Serra e acenou com a “chapa puro-sangue”. Acreditava que levaria Aécio Neves a renunciar a servir a Minas, ao servir ao Brasil, com novo pacto federativo para o desenvolvimento de todas as regiões do país, e a contentar-se em ser caudatário de projeto hegemônico alheio". Mauro Santayana


O Segundo Fernando

Ortônimo e heterônimos

Fernando Antônio Nogueira Pessoa foi um dos mais importantes escritores e poetas do modernismo em Portugal. Nasceu em 13 de junho de 1888 na cidade de Lisboa (Portugal) e morreu, na mesma cidade, em 30 de novembro de 1935.
O ortônimo e os heterônimos de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa usou em suas obras diversas autorias. Usou seu próprio nome (ortônimo) para assinar várias obras e pseudônimos (heterônimos) para assinar outras. Os heterônimos de Fernando Pessoa tinham personalidade própria e características literárias diferenciadas. São eles:
Álvaro de Campos
Era um engenheiro português de educação inglesa. Influenciado pelo simbolismo e futurismo, apresentava um certo niilismo em suas obras.
Ricardo Reis
Era um médico que escrevia suas obras com simetria e harmonia. O bucolismo estava presente em suas poesias. Era um defensor da monarquia e demonstrava grande interesse pela cultura latina.
Alberto Caeiro
Com uma formação educacional simples (apenas o primário), este fazia poesias de forma simples, direta e concreta. Suas obras estão reunidas em Poemas Completos de Alberto Caeiro.

Lula
Seu momento na atualidade

Brasil desafia política externa americana (Financial Time)
Artigo do Financial Times deixa bem claro que o Brasil, ao tentar mediar um diálogo com o Irã, está procurando ocupar o espaço que lhe é devido no cenário mundial – mesmo que isso contrarie os interesses dos Estados Unidos.
O jornal britânico cita autoridades americanas reconhecendo que “a tentativa brasileira de seguir um caminho diplomático próprio – assim como esforços parecidos de outras 'potências emergentes', como a Turquia – são um novo desafio para a política externa americana". O FT traz também declaração do embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon: "à medida que o Brasil se torna mais afirmativo globalmente e começa a afirmar sua influência, vai bater de frente conosco em novas questões, em novos lugares – como o Irã, o Oriente Médio, o Haiti". Nada mais natural. Afinal, como lembra Samuel Pinheiro Guimarães, nas listas de países com as 10 maiores economias do mundo, as 10 maiores extensões geográficas e as 10 maiores populações, somente Estados Unidos, China e Brasil fazem parte das três.
O Brasil de Lula soube conquistar lugar de destaque, sem arrogância e sem ingenuidade. No El País, o presidente mexicano, Felipe Calderón, declara que não se sente nada incomodado em reconhecer a liderança do Brasil e de Lula. O simples fato de Lula reunir-se com Ahmadinejad em condições de contribuir concretamente para resolver a questão nuclear reveste-se de um significado enorme para o mundo na busca da paz. Por outro lado, criticar a nova política externa brasileira também pode ser natural – natural de quem se sente prejudicado ou de uma oposição rancorosa.
"A diplomacia brasileira e particularmente o presidente Lula pelas ações desenvolvidas por uma nova ordem mundial e cujo ápice foi o acordo assinado no Irã. Ficou bem mais difícil para os EEUU e seus seguidores votarem por mais sanções no Conselho (?) de Segurança da ONU ou repetirem o que fizeram no Iraque. As diferenças culturais devem ser respeitadas”.Luís Nassif

Voltando a Fernando Pessoa e seu heterônimo Ricardo Reis
A Arte como forma de expansão da consciência humana
Também pensei nesses versos de Fernando Pessoa para traçar um paralelo entre FHC e Lula.

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Outras Odes - Ricardo Reis, 14-2-1933

Os versos são uma lição de como se viver a vida e Ricardo Reis é um espectador do mundo que não se envolve sentimentalmente nas suas tragédias:
"Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa e não estamos de mãos entrelaçadas."

Ricardo Reis é o poeta clássico, da serenidade epicurista, que aceita o Fato,"de olhos abertos e para quem o viver ideal depende de o homem aceitar com calma lucidez, a relatividade e a fugacidade de todas as coisas e assim, sem nada esperar de duradouro, se furtar à dor das perdas inevitáveis.
Fernando Pessoa foi um super-perceptivo e a preocupação com atingir uma nova consciência-de-ser, de estar-no-mundo e de conhecer está presente de ponta a ponta em sua poesia. Mas, tal como os demais poetas ou pensadores entregues a tal problemática, ele sabia que essa nova "consciência" ou "percepção" não dependia apenas de uma aprendizagem intelectual, — não poderia ser ensinada ou aprendida pela inteligência, mas que resultaria de um processo de amadurecimento interior, de evolução ou mutação
....
não se trata apenas de um novo entendimento intelectual das coisas, mas principalmente de uma nova vivência, uma nova mentalidade, nova "gestalt"
...
E para a preparação da auto-consciência que deverá iluminar o caminho, a poesia é um dos grandes mediadores... Como disse Fernando Pessoa: "A finalidade da Arte é simplesmente aumentar a autoconsciência humana”.

"Sábio é o que se contenta com o espetáculo do
mundo,
E ao beber nem recorda
Que já bebeu na vida,
Para quem tudo é novo
E imarcescível sempre."

href="http://www.revista.agulha.nom.br/nelly01.html">http://www.revista.agulha.nom.br/nelly01.html

Para Ricardo Reis o velho senhor não é um espectador da vida,não tendo alcançado ainda a serenidade epicurista.

O protagonismo agora é de Lula.



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