sábado, 1 de maio de 2010

Viver para trabalhar ou trabalhar para viver.Uma reflexão necessária


No dia do trabalhador, façamos uma reflexão sobre as empregadas domésticas.
Trabalhadoras domésticas ou escravas?
O filme chileno "La Nana", que poderiamos traduzir por a babá, nos leva a essa reflexão:
Apesar da luta dessas trabalhadoras, ainda convivem lado a lado trabalhadoras com carteira assinada, com direitos trabalhistas garantidos e semi-escravas. As que não tem horário de trabalho fixo, pois trabalham desde a hora que acordam até a hora que se deitam. As que dormem ( em pé ou sentadasnos minúsculos quartinhos gavetas) e vivem, no quartinho dos fundos sem direito a privacidade e vida própria.
Resquícios da escravidão ou influências culturais da "Casa Grande e Senzala" de Gilberto Freire.
Não sei se o filme está em cartaz no Brasil, mas valeria a pena assisti-lo.

do blog.http://tercerainformacion.es/spip.php?article14872

tradução La Pasionaria Ibarruri.






O novo filme chileno "A Nana", de Sebastián Silva expõem de uma perspectiva incomum o cotidiano de um trabalhador doméstico em uma casa burguesa. Estamos longe do cenário idílico em que o calor de um lar, filhos e toda a família, oferecem um cenário de calma aprazível e invejável. A realidade de Rachel, uma empregada de 41 anos,se resume em uma depressão constante adicionada de um verdadeiro terror psicológico, quando a patroa anuncia a contratação de outra empregada para ajudá-la nas tarefas domésticas.

O medo de perder o emprego

Vendo-se confrontada com o dilema de perder o emprego ou simplesmente perder o prestígio que até então gozava, Rachel reage com extrema amargura. Não aceite ser rebaixada ou relegada a segundo plano.
Por esta razão, a casa onde ele trabalhou nos últimos 23 anos, e que a mergulhou num total estado, de repente transforma-se numa cela sufocante. O espaço torna-se cada vez menor, o comportamento das pessoas mais insuportável e as situações cotidianas cada vez mais ameaçadoras.

Com a chegada da nova trabalhadora,otédio e apatia Rachel dão lugar a uma nova sensação: o medo de ser rejeitada ou despedida. Seu trabalho é tudo que tem e quando não não se tem estudo ou família, esse trabalho pode se tornar a pior das prisões. Diante dessa ameaça, Rachel se desenvolve em uma série de atos humilhantes, maquiavélicos e cruéis para tornar a vida das empregadas que aparecem na casa impossível.
Ela não está disposta a facilitar a tarefa daqueles que comprometem o seu lugar na casa,demonstrando que o seu universo gira em torno da pequenez dessa casa que frequentemente a despreza.

O orgulho tras à tona sua faceta mais vil. Presa entre o vazio de sua vida pessoal e a necessidade de dar sentido a todos esses anos sacrificados, a empregada transforma cada uma de suas ferramentas em armas, usando-as sem pensar no mal que elas possam causam.
Assim, o aspirador de pó é utilizado para acordar as crianças, abusando de sua antiguidade com os empregados, suja o que as outras haviam limpado em defesa própria.

Terror e intensidade

O que a princípio pode parecer um simples drama doméstico é transformado em um verdadeiro filme de terror. Os limites da casa servem para aumentar a ansiedade e a intensidade do enredo, duplicar a sensação de confinamento e claustrofobia.
O papel desempenhado por Catalina Saavedra (a Babá), cuja maestria está no inexpressivo e na opacidade de suas expressões, aumenta a qualidade de um filme simples e impactante.

É impossível ignorar o sofrimento experimentado pela empregada. Emocionante o doloroso processo de destruição pelo qual passa. O medo a leva a reproduzir os mesmos padrões de defesa, sofrendo e se auto medicando, mas também a obriga a questionar-se e revisitar um passado que optou por descartar.
A única família que ela reconhece é a que lhe dá um minúsculo quarto para dormir e a segurança necessária para sobreviver.
Mas isso é tudo o que necessita?
Neste universo fechado, onde os fins justificam os meios,a empregada reflete sobre o verdadeiro significado de sua existência e se questiona sobre o que pautou sua vida dedicada unicamente ao trabalho.
Os camihos trilhados por nos leva a essa reflexão :
Viver para trabalhar ou trabalhar para viver?

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