Faço parte das pessoas que iria votar em um candidato do PSOL, mas desisti.
"Semana passada saí para jantar com um amigo que se formou comigo na PUC... Com uma boa feijoada na frente, começamos a conversar sobre as razões pelas quais o PSOL falhou como partido. Falhou como partido de massas, como representante dos trabalhadores, falhou como alternativa.
Em poucas palavras, a razão é porque se mostrou como oposição, não como alternativa. Se mostrou como o anti-PT em uma época em que o povo não queria a mudança, mas uma continuidade.
Se colocar abertamente como anti-PT custou ao PSOL, basicamente, sua existência a longo prazo como partido protagonista. Esvaziou, tornou-se obsoleto em muitos aspectos e corre o risco de não aguentar unido por muito tempo. Como eu já comentei antes, o PSOL não é exatamente um partido, mas uma federação de pequenos partidos que, por vezes, são francamente antagonistas.
O PSOL se comporta como o PSTU, com a diferença que o PSTU efetivamente não tem interesse na eleição, se coloca como um partido - ao menos em tese - revolucionário, um partido que se apresenta nas eleições apenas para divulgar sua plataforma, para chamar à luta. O PSOL é diferente, é um partido que, pro mais que possua correntes revolucionárias, depende das urnas, é um partido eleitoreiro - não no sentido pejorativo, apenas de forma objetiva.
Quando os que viriam a formar o PSOL deixaram o PT tinham uma força parlamentar significativa, deputados federais, estaduais, representações várias. Logo na eleição seguinte o partido minguou, não conseguiu "empatar" a representação que tinha e encolheu visivelmente. Aquele resultado não era desesperador, era apenas a primeira eleição do partido, novo, com pouco tempo de TV e claramente enfraquecido em termos de militância e presença nos movimentos sociais. Havia, porém, espaço para crescer.
Infelizmente, o partido não soube aproveitar seu espaço. Ao invés de programa, demonstrou apenas uma terrível divisão interna - como mostrei neste post sobre o II Congresso do partido e do peso que é ter uma tendência belicosa e golpista como o MES - e uma incapacidade de agregar elementos e movimentos sob sua bandeira.
Heloísa Helena conseguiu uma boa votação para o partido, mas esta votação não se refletiu em outros cargos. O discurso de HH não era o discurso do partido, o ao menos o que deveria ser o do partido: Era um discurso moralista, obsoleto, próximo ao discurso da oposição mais reacionária e, acima de tudo, faltava programa.
O PSOL desde sua fundação se preocupou mais em se afastar do PT e denunciá-lo - algumas vezes com razão, outras de maneira absolutamente burra - do que em construir de fato um partido, em construir uma unidade (interna e de ação) e em formar bases, conseguir quadros e criar propostas.
A questão é básica. Muitas das falhas do PSOL estão também na forma de discursar. No "timing" político, em sentir a conjuntura, o público. Muitas das críticas feitas pelo PSOL contra o PT são válidas, concordo com muitas delas, mas em todas falta um mínimo de senso político e de sensibilidade.
As críticas ao Bolsa Família são válidas. Mas são mal construídas, são diretas, não contra elementos do projeto, mas contra todo ele. Como criticar um dos programas que mais atrai votos e apoio ao PT sem ter prejuízo? Ainda mais, uma crítica míope, desconectada com a realidade.
Críticas ao ProUni e outros projetos são válidas. A questão é saber COMO criticar e o QUE criticar. O PSOL em geral se levantou contra tudo. Não só cometeu este erro como também jamais apresentou uma proposta alternativa. Novamente, o PSOL não foi alternativa, foi oposição. E assim com todos nesta posição, tem minguado. Fez em muitos casos o jogo da direita.
Cansei de ver amigos e conhecidos petistas revoltados com algumas escolhas de seu partido, mas que pelas críticas insensatas de alguns Psolistas preferem votar nulo do que apoiar candidatos excelentes, mas com posições inconsequentes.
Ivan Valente, Chico Alencar, Milton Temer e tantos outros, são candidatos da melhor qualidade. Os dois primeiros, no parlamento, demonstram todo dia que os votos e a confiança neles depositada não foram em vão. são legítimos representantes dos trabalhadores, dos movimentos sociais, mas, em muitos casos, agem como se fossem da direita em suas críticas inconsequentes ao PT, não importa se o partido acertando ou efetivamente errando - e erra muito.
Falta um pouco de responsabilidade. Reconhecer os avanços que existiram no governo Lula não é compactuar com o governo, não é assinar embaixo é apenas... reconhecer o óbvio. Devemos criticar o que está errado - e eu faço isso aqui neste blog - e nos posicionar como alternativa e não como oposição. O PSOL erra feio neste ponto, agindo de forma inconsequente e afastando até mesmo MUITOS eleitores iludidos com o PT que não encontram alternativa no PSOL porque este não se posta desta forma.
Muitos votam no Lula, mas não concordam com os governadores ou deputados impostos à base, mas não estão dispostos a votar na oposição e muito menos numa inconsequente. Optam pelo nulo quando poderiam optar pelo PSOL.
Com pouco tempo na TV, isolado e marcado como simples oposição, o PSOL corre o risco de sumir e, com isso, temo que o partido não mantenha sua já frágil unidade. Sem nada a perder, logo, sem cargos a perder, pouco sobra para manter a unidade. Heloísa Helena e sua "independência" em relação ao partido, mais que indício, é demonstração do problema que tem o PSOL desde o início.
Segundo este meu amigo, algumas pessoas do PSOL já acordaram pra esta situação e, como eu, teme que, apesar do bom trabalho, os atuais deputados, vereadores e demais cargos do PSOL acabem não conseguindo a reeleição - o que seria particularmente assustador no caso do Marcelo Freixo, no Rio.
Meus amigos do PSOL, acordem! Abram os olhos para o mundo!
O problema é se já for tarde demais."
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