Homenagem à mestra Heleieth Saffiotti
(falecida a 13/12/2010)
Fui aluna e instrutora de Heleieth, junto ao Curso de Ciências Sociais na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara (hoje UNESP).
Nossos caminhos se separaram por minhas escolhas e voltei a reencontrá-la muito tempo depois por ocasião da entrega para Heleieth do título de cidadã araraquarense.
Rigorosa na construção do saber, sua tese de doutorado – A Mulher na Sociedade de Classes – Mito e Realidade, causou tumulto nos meios acadêmicos. Lembro-me do anfiteatro lotado, pois todos queriam acompanhar a defesa de tese da professora exigente,"briguenta" e que enfrentaria uma banca de examinadores basicamente composta por homens.
Foi uma das pioneiras do movimento feminista, uma das primeiras brasileiras a publicar livros e artigos sobre a condição das mulheres e reconhecida internacionalmente.
“Heleieth buscou compreender os mecanismos profundos da exploração das mulheres no capitalismo, insistindo com veemência na relação estrutural entre capitalismo, patriarcado e racismo.
... Como ela sempre dizia o nó que amarra classe, gênero e raça constrói as dinâmicas de desigualdade na sociedade contemporânea.
...
Seus estudos sobre a situação das mulheres no mercado de trabalho no Brasil, desde a década de 1960, são pioneiros na análise sobre as desigualdades entre mulheres e homens, as diversas formas de opressão e exploração no trabalho” - Tatau Godinho (militante do movimento de mulheres e integrante do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo).
Para Heleieth o homem se torna mais violento quando privado das suas funções de socialização, ou seja, de seu papel na sociedade atual, que, segundo ela, é o de provedor. Por isso, os índices de desemprego estão diretamente associados à violência doméstica.
“Além disso, grande maioria das mulheres não quer separar-se ou deixar seus maridos porque têm uma relação afetiva e querem ‘dar um recado’ a eles, uma ‘dura’, para que parem com os maus-tratos, não desejam que eles acabem na cadeia”. (Amelinha Teles)
Heleieth era categórica: "A discriminação contra a mulher e o negro no Brasil é socialmente construída para beneficiar quem controla o poder econômico e político. E o poder é macho e é branco”.
Ela era contrária a Lei Maria da Penha, que prevê penas mais severas aos agressores. Para a pesquisadora, a saída para o fim da violência entre maridos e esposas ou namoradas seria a reeducação. Heleieth argumentava que apenas o encarceramento do agressor não põe fim à violência. Já os trabalhos educativos por meio de palestras, leituras dirigidas e ouvir o que o homem tem a dizer oferecem resultados positivos. Modelos semelhantes ao que ela propunha já são utilizados na França, Estados Unidos, Costa Rica, México e de forma pontual nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. (Portal da Violência contra a Mulher)
Defendeu essa tese até a sua morte.
Cara Heleieth: agradeço, reverenciando, a sua condução em minha iniciação pelos caminhos da sociologia.
Valeu a pena ter sido sua discípula embora não tenha seguido sua orientação quanto aos horizontes de meus estudos. Dei-me conta disso tanto tempo depois... que pena.
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(falecida a 13/12/2010)
Fui aluna e instrutora de Heleieth, junto ao Curso de Ciências Sociais na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara (hoje UNESP).
Nossos caminhos se separaram por minhas escolhas e voltei a reencontrá-la muito tempo depois por ocasião da entrega para Heleieth do título de cidadã araraquarense.
Rigorosa na construção do saber, sua tese de doutorado – A Mulher na Sociedade de Classes – Mito e Realidade, causou tumulto nos meios acadêmicos. Lembro-me do anfiteatro lotado, pois todos queriam acompanhar a defesa de tese da professora exigente,"briguenta" e que enfrentaria uma banca de examinadores basicamente composta por homens.
Foi uma das pioneiras do movimento feminista, uma das primeiras brasileiras a publicar livros e artigos sobre a condição das mulheres e reconhecida internacionalmente.
“Heleieth buscou compreender os mecanismos profundos da exploração das mulheres no capitalismo, insistindo com veemência na relação estrutural entre capitalismo, patriarcado e racismo.
... Como ela sempre dizia o nó que amarra classe, gênero e raça constrói as dinâmicas de desigualdade na sociedade contemporânea.
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Seus estudos sobre a situação das mulheres no mercado de trabalho no Brasil, desde a década de 1960, são pioneiros na análise sobre as desigualdades entre mulheres e homens, as diversas formas de opressão e exploração no trabalho” - Tatau Godinho (militante do movimento de mulheres e integrante do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo).
Para Heleieth o homem se torna mais violento quando privado das suas funções de socialização, ou seja, de seu papel na sociedade atual, que, segundo ela, é o de provedor. Por isso, os índices de desemprego estão diretamente associados à violência doméstica.
“Além disso, grande maioria das mulheres não quer separar-se ou deixar seus maridos porque têm uma relação afetiva e querem ‘dar um recado’ a eles, uma ‘dura’, para que parem com os maus-tratos, não desejam que eles acabem na cadeia”. (Amelinha Teles)
Heleieth era categórica: "A discriminação contra a mulher e o negro no Brasil é socialmente construída para beneficiar quem controla o poder econômico e político. E o poder é macho e é branco”.
Ela era contrária a Lei Maria da Penha, que prevê penas mais severas aos agressores. Para a pesquisadora, a saída para o fim da violência entre maridos e esposas ou namoradas seria a reeducação. Heleieth argumentava que apenas o encarceramento do agressor não põe fim à violência. Já os trabalhos educativos por meio de palestras, leituras dirigidas e ouvir o que o homem tem a dizer oferecem resultados positivos. Modelos semelhantes ao que ela propunha já são utilizados na França, Estados Unidos, Costa Rica, México e de forma pontual nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. (Portal da Violência contra a Mulher)
Defendeu essa tese até a sua morte.
Cara Heleieth: agradeço, reverenciando, a sua condução em minha iniciação pelos caminhos da sociologia.
Valeu a pena ter sido sua discípula embora não tenha seguido sua orientação quanto aos horizontes de meus estudos. Dei-me conta disso tanto tempo depois... que pena.
2 comentários:
E essa menina livre, que Deus chamou,
Essa Mulher de sol, que se deu e amou,
Essa viola amiga que harmonizou guerra e liberdade,
Essa bruxa solta pela cidade
Não vai partir, não vai morrer...
VAI VIVER DO AMOR DE CADA MULHER...
Heleieth estará sempre em nossos corações!
Observatório da Mulher
Faz-se necessário despertar incessantemente a consciência das mulheres em sua imensa maioria.
Resumo da ópera: a maioria das mulheres pensam e agem pelos valores dos homens e nem se dão conta disso.
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