E, decidiram que o bom é ser feliz e mais nada.
Cequinel só ensina pros filhos a delícia de ser COXA BRANCA por favor!!!
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Prá variar é do blog O ORNITORRINCO
Mijando nos cantos: não ousem mexer com nosso filho!
Jean, meu filho mais novo, completou 17 anos no
dia 1º de fevereiro e, decididamente, o piá é meio
doido. Explico.
Meus filhos mais velhos, Paulo e Luciano, nasceram
de gestação regulamentar, aquela de nove meses,
mas Jean teve uma gestação muito mais longa: 10
anos,
meus amigos, o guri nasceu em minha vida já com
10 anos e escolheu-me para ser seu pai: é ou
não meio doido o meu rapazote?
Com tantos pais bacanas e em melhores condições de conservação disponíveis no mercado, Jean escolheu
logo eu, um pai já meio encalhado, velhote e
ranzinza,e esquerdista bocudo que vive a dar vivas
ao MST e ao povo cubano.
Pois Jean, então, está em minha vida desde
outubro/2004, e tenho que contar pra todos vocês
que ele é muito gente fina e que eu o amo muito.
Carinhoso, amoroso, ainda que às vezes seja turrão
e teimoso, com ele tive uma oportunidade rara, a de
ser pai um pouco menos imperfeito do que fui
para Paulo e Luciano, isto é, com ele tentei não
cometer os mesmos velhos erros. Não sei se consegui,
mas tenho tentado.
Jean escreve peças de teatro – e sei reconhecer um
texto bacana quando encontro um – tem incrível
facilidade para trabalhar coletivamente, é um
excelente aluno, gosta de cozinhar (faz uns bolos estupendos), é capaz de preparar um chá e trazer
para a mãe se ela está resfriada, mas tem um grave defeito, entretanto: do mesmo modo que os dois
irmãos mais velhos, Jean é atleticano! Logo eu,
coxa-branca vitorioso alçado ao Alto da Glória,
tenho três filhos meio aparentados com sapos,
já que o estádio deles é
na Baixada. Enfim, é da vida, e segue o baile.
Ah, ia me esquecendo de dizer que Jean Carlos,
meu filho mais novo, é gay e tem um namorado, e
digo
isso para deixar bem claro que, além de todas
as outras qualidades que tem, meu menino é corajoso
o bastante para assumir-se por completo, e só posso
mesmo orgulhar-me de ser pai de um homem íntegro e
digno assim.
Mas quero mijar com fartura nos limites do meu
território para deixar assentado, com clareza solar,
que meu filho não será acuado pela intolerância,
pelo preconceito ou por qualquer tipo de violência,
e não terá que se esconder porque não tem do que se envergonhar e, sendo meu filho, eu o amo e eu estou
com ele incondicionalmente e sem reservas. Se algum filho-da-puta de qualquer tipo e origem ousar mexer
com meu menino, bem, estarão mexendo diretamente
comigo, e qualquer espécie de dor que ele sentir
doerá em mim. Vou repetir: não ousem mexer, de
nenhuma maneira, com meu filho porque, se eu fosse
vocês, jaguaras do atraso, da intolerância e do
fogaréu medieval, eu não cometeria tamanha burrada:
não me façam entrar em erupção.
Considerem-se perfeitamente avisados.
Paulo Roberto Cequinel
Sonia Fernandes do Nascimento
(pais orgulhosos de Jean)
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