Ó! E no dia 8 de março, não quero rosas.
Hoje vamos de Georgia no blog Blogueiras Feministas
Porque somos todas paranóicas, né?
Georgia
Eu detesto padrões e estereótipos.
Uma parte desse processo todo de “virar” feminista é justamente começar a questionar um pouco essas caixinhas que colocam a gente, esses rótulos que colam na nossa testa. Na testa de todo mundo. É quase como virar filósofo, começar a desbanalizar o banal, ver coisas onde ninguém mais vê, desconstruir tudo isso que é tão visto como natural. E daí a gente veste a camisa do feminismo pra ver isso aí. Mas, muito contra a nossa vontade, quem diria, acabamos caindo em outra caixinha.
Quando a gente é mulher sem ser feminista já tem aquele caminhão de padrões que a gente tem que se encaixar: ser depilada, às vezes ser histérica, amar cozinhar, sonhar em ter filhos. E esses dias eu estava pensando no outro lado da moeda, que é o padrão que se espera de uma feminista. Isso é uma coisa que tem me incomodado ultimamente – sim, tudo me incomoda. Porque eu vejo, pelo menos entre as pessoas que eu conheço, que elas vêem as feministas como modernas, descoladas, desapegadas, inteligentes (eba), e mega seguras de si. Isso, claro, entre as pessoas do MEU círculo, que não é formado de pessoas machistas e imbecis. Então vamos ignorar por enquanto o estereótipo mais comum, que é o de que somos peludas, lésbicas e que odiamos homens.
E eu sofro um pouco com isso. Com esse estereótipo, mesmo sendo positivo. Porque, bem, eu acabo sempre desapontando meu eleitorado, porque eu sou muito pouco daquilo ali. Por exemplo, quando eu estou afim de alguém, eu fico bem padrão-mulherzinha assim, tenho ciuminho, quer ver a pessoa o tempo inteiro, tenho uma ou outra crise de insegurança, blablabla, e certa vez um cara vivia me cortando, qualquer manifestação padrão-de-mulher e fora-do-padrão-feminista ele já me chamava de “mulherzinha”. E isso me pegava, sabe.
Eu acabo pensando que esse é um golpe baixo, um jeito sujo de virar a mesa e fazer a gente se sentir culpada por ter uma reação emocional a qualquer coisa, minimizando nossos sentimentos. Volta e meia eu faço alguma coisa e acabo caindo nesse pensamento, de *que porra de feminista eu sou, se to tendo ataque de mulherzinha???*
E eu não sei porque é tão difícil entender que tudo o que nós queremos é NÃO TER PADRÃO NENHUM. Queremos que cada um possa ser o que bem entender. Que algumas de nós possam NÃO se depilar se não quiserem, possam ter filhos OU NÃO, possam casar na igreja de véu e grinalda OU NÃO, possam ser delicadas ou agressivas, sem que sejamos consideradas menos mulheres por causa de nossas escolhas. Será que é tão complicado assim???
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