segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mais realistas do que o rei




Interessante é que nas escolas públicas para muitos não há necessidade de segurança, segundo eles e a mídia,  a escola deve estar abertas para a comunidade. 

O Congresso Nacional? As assembléias legislativas? As câmaras de vereadores? As prefeituras... Não são do povo? Porque temos que passar por detectores de metais? Para preservar a vida dos digníssimos políticos, normal, nada contra. E as nossas crianças e os trabalhadores em educação das escolas públicas?

Já na escola particular... bem! Aí é outra história, né?

Mais realistas do que o rei




O Brasil continua impactado com a tragédia ocorrida numa escola pública municipal no bairro carioca de Realengo que provocou a morte de 12 estudantes adolescentes e ferimentos em outros 10. As representações sindicais dos professores decidiram entrar com uma ação responsabilizando o Governador Sérgio Cabral e o Prefeito Eduardo Paes por negligência na questão da segurança nas escolas do Rio, segundo a diretora Vera Nepomuceno, do Sindicato Estadual dos Professores (SEPE).
Teve repórter do gênero mais realista do que o rei dizendo não ser o momento apropriado para falar destas coisas. Quando seria? Quando a mídia de mercado decidir? Aí nunca acontecerá o questionamento. 
Um ex-aluno da escola com problemas mentais entrou tranquilamente no local com uma mochila onde estavam escondidos dois revólveres calibre 38 e 32, utilizados para matar 10 meninas e dois meninos. Alguém precisa ser responsabilizado pelo abandono em que se encontram as escolas municipais do Rio, frequentada em sua imensa maioria por jovens estudantes de origem humilde. Isso para não falar da qualidade do ensino, agora seguindo os preceitos do Banco Mundial. O tema vale um aprofundamento em algum momento.
Não é de hoje que professores têm denunciado a falta total de segurança. Só existe para coibir a violência uma bissexta ronda de guardas municipais e isso apesar dos alertas. Se o governo e a prefeitura realmente se importassem com as denúncias, a tragédia poderia ter sido evitada ou teria sido dificultada a ação do assassino. Por esta e outras, as representações sindicais dos professores resolveram agir judicialmente. É possível que a mídia de mercado não dê suficiente cobertura para a decisão dos professores, por motivos óbvio$.
E ainda por cima os canais de televisão, sobretudo a Globo, para variar  inventaram Rodrigo Pimentel, ex-comandante do Bope como comentarista. Ele anda dizendo que as escolas não precisam nem de porteiros. Com toda a sua “sabedoria”, Pimentel afirmou em alto e bom som que a tragédia não poderia ser evitada, porque se não deixassem o psicopata entrar na escola ele teria feito tudo o que fez na porta. Trata-se de um exercício de futurologia e não de análise. Ou seja, aí tem.   
O descaso do poder público na zona oeste e outras áreas pobres da cidade do Rio de Janeiro é visível. Tanto que em Realengo os moradores aproveitaram a presença das autoridades máximas do Estado e do Município para fazerem as denúncias com faixas e cartazes sobre as precárias condições de vida que se encontram os moradores, cansados do marketing mostrando o Rio como se estivesse a mil maravilhas. O negócio agora do Governo do Estado e da Prefeitura do Rio está voltado para os megaevento$ lucrativos de 2014 e 2016.
Um fato também lamentável foi protagonizado por um oficial (coronel) da PM, comandante do batalhão próximo da escola. Ele inicialmente insinuou que o assassino tinha vínculos com a religião muçulmana. Um absurdo, pois a carta que deixou falava em Jesus Cristo.
Num momento de comoção como este, colocar o assassino vinculado ao “terror islâmico” mereceria uma repreensão à altura do absurdo, pois demonstrou preconceito, que geralmente tem como consequência reflexos negativos sobre uma religião igual a qualquer outra. Isso de alguma forma faz lembrar o preconceito odioso vomitado por pastores evangélicos contra religiões de origem afro como umbanda e candomblé. E mesmo a espírita kardecista.
Enquanto isso, nas próximas horas deste domingo ou na manhã desta segunda-feira (11) serão conhecidos os resultados da eleição presidencial do Peru, que, segundo as pesquisas, podem levar para o segundo turno Ollanta Humala, o candidato nacionalista, e Keiko Fujimori, a filha do ex-presidente Alberto Fujimori. Alejandro Toledo, também ex-presidente, Luiz Castañeda, ex-prefeito de Lima e Pedro Paulo Kuczynski, este um cidadão da elite que fala espanhol com sotaque estadunidense são os demais concorrentes cotados para passarem para o segundo turno. Como possivelmente nenhum deles obterá maioria absoluta, a eleição será decidida posteriormente.
É importante ficar de olho nesta eleição em que estão em jogo posicionamentos distintos. Humala é repudiado pela direita e os demais candidatos estão alinhados com o conservadorismo em suas várias vertentes. Keyko Fujimori se for escolhida vai tentar reviver a tragédia que representou para o Peru a gestão do pai e naturalmente vai querer indultá-lo. Fujimori foi condenado por graves violações dos direitos humanos e corrupção a uma pena de 25 anos.
Vale lembrar que na ocasião em que Fujimori estava na base do cai não cai, o então Presidente Fernando Henrique Cardoso saiu em sua defesa incondicional. É importante recordar este fato neste momento em que milhões de peruanos estão indo às urnas para decidir quem os governará nos próximos quatro anos e para não esquecer como se comportava e comporta o ex-presidente brasileiro.
Humala está sendo combatido pela mídia de mercado que tenta  apresentá-lo como um radical, já que promete mudar muita coisa que vem sendo aplicado nos últimos anos por gestões neoliberais, como as do socialdemocrata Alan Garcia e mesmo o antecessor dele, Alejandro Toledo.
Na verdade, o único fato novo na política peruana é o candidato nacionalista, que na eleição passada disputou com Alan Garcia a preferência popular no segundo turno. A fúria da direita peruana agora não poupou o fato de supostamente assessores vinculados ao brasileiro Partido dos Trabalhadores atuarem na campanha de Humala. Para os que temem a ascensão do candidato nacionalista, a suposta participação de Valdemir Garreta e Luís Favre seria um grande problema. Não é. O fato é que este tipo de reação em véspera de eleição denota desespero de quem teme a derrota eleitoral.

3 comentários:

Ciça disse...

A escola tem que ser aberta à comunidade, integrada à comunidade.

Rosangela disse...

Ciça concordo com você, aberta à comunidade não quer dizer com as portas escancarada. A comunidade participará de atividades, de cursos, de palestras, de projetos ...isso não quer dizer que entra e sai quem quer, não é?

Anônimo disse...

A escola tem que ser aberta à comunidade, integrada à comunidade.
Sim porém também vejo que existe sim a necessidade de uma segurança maior em cada escola do RJ e creio que Cabral encontrará uma solução.