Como se não bastasse o: somos indolentes, preguiçosos, não gostamos de trabalhar porque nossas origens são africana e índigena. Agora lemos pouco porque, aí vem a ladainha preconceituosa, temos descendência africana e índigena.
Vai mais um preconceito aí?
Copiado do Blog Tempos avulsos
Segundo Luciano Siqueira brasileiro lê pouco por sua descendência africana e índigena
Na última semana o deputado estadual Luciano Siqueira (PC do B) protagonizou mais um caso de miopia social na política brasileira. Ao escrever o texto "Um hábito que faz falta à alma de nossa gente", o deputado lançou sua canoa argumentativa nas plácidas águas da ingenuidade e remou forte na pieguice.
Com base em recentes pesquisas, Siqueira constatou com uma terna dor no coração que a maior parte dos brasileiros não tem "uma relação de amor com o livro", e disse que para formar novos leitores e aproximar seus concidadãos dos livros - estes instrumentos que são "uma janela para o mundo e para o sonho" -, existem duas vias possíveis. Uma é aumentando o tempo de permanencia das crianças nas escolas e a outra é "pela força do exemplo: se os pais e familiares adultos cultivam o hábito da leitura, influenciam crianças e adolescentes".
Eu realmente não tenho nada contra idealismos, mas esse de Luciano Siqueira me incomoda, afinal de contas o cara é parlamentar, seu papel é justamente propor vias de acesso concretas para a educação e cultura das pessoas com políticas públicas incisivas. O fato de o público leitor no Brasil ser ainda pequeno, se deve em muito por falta de iniciativas governamentais vultuosas.
No texto, Luciano cita Colômbia e França como exemplos de países leitores. Pois bem, no país sul-americano foi feito um gigantesco investimento em bibliotecas públicas através da criação da "Red Nacional de Bibliotecas Públicas", são bibliotecas colossais e modernas. Já na França, são conhecidas as famosas edições da Gallimard, aqueles livros de capa branca a preços extremamente populares. Ou seja, nesses países, que quiser ler um livro lê, tem acesso.
Já no Brasil não é tão fácil ler um livro, principalmente se você estiver alijado da linha de consumo da classe média. Não é todo mundo que, como o deputado do PCdoB, pode se gabar de ser um "feliz avô de Miguel que aos 5 anos adora freqüentar livrarias, onde faz suas escolhas", aqui os livros são caros, muito caros. As livrarias do Recife praticam um verdadeiro cartel, a oscilação de seus preços é irrisória e o lucro é muito alto, livrarias como a Cultura e a Saraiva tem um percentual médio de 50% de lucro em cada livro. Diante disso não há nenhuma política pública, inexiste uma editora pública ou estatal que faça livros de qualidade e em larga escala.
A situação das poucas bibliotecas públicas de Recife são vexatórias, além de sucateadas, vivem de acervos ultrapassados e funcionam geralmente em horário comercial. Essa estrutura é pouco convidativa para quem quer travar uma "relação de amor" com os livros.
Diante deste cenário árido em políticas de leitura, Luciano Siqueira culpa, pela a falta de interesse dos brasileiros pela leitura, a descendência ancestral desse povo em suas "matrizes indígenas e africanas". Muito cômodo.
Enquanto Siqueira aponta aponta para os Tapúias, Caétes, Bantos e Tupinambás, a prefeitura do Recife vem enfraquecendo o único programa de fomento à leitura que tem. O Programa Manuel Bandeira que incrementa o acervo das bibliotecas das Escolas Municipais e capacita mediadores de leitura, teve sua importância rebaixada, deixando de ser uma Gerência na Secretaria de Educação e passando a ser apenas um projeto que vem perdendo em articulação e passando por um corte de pessoal. Tweet
2 comentários:
Pois é, faltou dizer qual gene devemos herdar para termos o hábito da leitura...
Essa gente parece que chegou ontem ao Brasil...
me desculpe mas acho que foi o mesmo erro do deputado que criticou a origem Africana ,outro preconceituoso.
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