Carta Aberta à Presidenta Dilma Rousseff - Do pai do Jean

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Carta Aberta à Presidenta Dilma Rousseff - Do pai do Jean

De prcequinel@yahoo.com.br

Para falepr@palacio.planalto.gov.br

Senhora Presidenta:

1. A senhora afirmou, em relação a um dos vídeos produzidos para o Projeto Escola sem Homofobia, não aceitar que o governo faça "propaganda de opções sexuais” e que “não podemos intervir na vida privada das pessoas".

2. Como trabalhei modestamente para sua vitória nas eleições, e a defendi das patifarias produzidas pela campanha serrista, revi os vídeos porque, se a mulher guerreira em quem votei afirmava que o projeto tinha problemas bem, talvez eu não tivesse prestado a devida atenção antes.

3. Para a primeira audição mantive meu cérebro de poucas luzes no modo “Ligado” e, sendo pai de um filho gay, que não fez opção sexual coisa nenhuma, senhora presidenta, não vi sequer traços de propaganda ou de interferência estatal na vida privada das pessoas. A linguagem foi adequada, com delicada leveza e respeito.   

4. Numa segunda audição, coloquei meu cérebro no modo “Desligado”, ou seja, a religiosidade obtusa passou a ser minha referência e, sim, ó aleluia, entendi que o seu governo quer que nossas crianças e adolescentes sejam todos gays, lésbicas, travestis, transexuais, bi-sexuais, e filiados ao PT, é claro.

5. A patifaria religiosa sempre me provoca ânsias de vômito, e ela venceu o seu governo, presidenta Dilma, e nos venceu. Não haverá mais material que se produza sobre o tema que a tropa do atraso religioso possa algum dia aceitar porque, permita-me a franqueza, não querem discutir coisa alguma, não querem abrir portas e janelas para a entrada de ar puro e luz, pretendem é preservar o “direito bíblico” que consideram ter de afirmar que meu filho é amaldiçoado, doente, anormal e coisas semelhantes. Pretendem exercer o “direito” de serem aberta e francamente homofóbicos, isso quando a cada 36 horas um integrante da parcela LGTB é morto em nosso país.  

6. E se este claro recuo fosse taticamente justificável para alcançarmos o objetivo estratégico de anular a Lei da Anistia, por exemplo, bem, eu poderia aceitar, senhora presidenta. Mas, o seu governo – e meu também, friso - capitulou para salvar o Palocci.

7. Neste final de semana veremos alegres atos religiosos risonhamente homofóbicos ministrados pela fina flor da patifaria religiosa, e lá estarão malafaia e o bispo dos panfletos, feliciano e edir macedo, valdomiro e rr soares, aqueles padrecos enganadores de boa estampa e voz, e a cúpula da genocida e hipócrita igreja católica e seus bispos sinistros, e proclamarão que deus obrou diretamente sobre sua cabeça, senhora presidenta e, ó aleluia, as preces e orações foram atendidas, e a senhora suspendeu a produção do material que “ensinava a fazer sexo anal” como mentirosamente disse um sinistro pastor-deputado.

8. E hipocritamente os pulhas esconderão de seus fiéis que o recuo do governo resultou de ato de chantagem política pura e simples: suspendam a produção do kit que nós ajudamos a salvar a pele do Palocci.

9. Meu apoio de velho militante não tem nenhuma importância diante do peso dos votos da bancada evangélica e posso imaginar suas dificuldades e problemas, mas esta a senhora me deve, não tem jeito.

10. Mantendo-me ainda um apoiador do governo, sigo protegendo meu filho, que amo incondicionalmente, nos meus termos e onde seja possível, muito especialmente dos patifes religiosos que acreditam que a homofobia é um direito diretamente concedido por deus.

(mensagem enviada hoje, l7:15 horas)

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