segunda-feira, 16 de maio de 2011

Mesma conversa de sempre

Mesma conversa de sempre - a nova ofensiva midiática contra Chávez


Por Mário Augusto Jakobskind


Depois do casamento real em Londres, da operação militar estadunidense que resultou na morte de Osama Bin Laden, foi reiniciada na América do Sul uma cruzada contra o Presidente venezuelano Hugo Chávez. O Globo, como sempre, não perdeu tempo, estampando em manchete de primeira página que as Farcs foram convocadas pelo governo da Venezuela para matar opositores de Chávez. No entanto, nenhum foi morto. 
Um canal de televisão chegou a “informar” que o dirigente bolivariano suspendeu visita programada ao Brasil para evitar questionamentos relacionados com um suposto relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), sediado em Londres, afirmando que autoridades do governo venezuelano teriam solicitado as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs) que matassem oposicionistas de Chávez.
De quebra o IISS ainda “revelou” que o Consulado venezuelano em Manaus concedeu facilidades a integrantes das Farcs para circularem pelo Brasil. Não faltaram também indicações de que Chávez concedia milhões de dólares aos insurgentes colombianos, revivendo a época do “ouro de Moscou” atualizando para “ouro de Caracas”.
O relatório de 240 páginas incriminando o governo bolivariano foi transformado em livro que provavelmente terá ampla divulgação em toda a América Latina e no Brasil, não percam por esperar, será editado com o patrocínio do Instituto Milênio.
De roldão o IISS acusa o Presidente Rafael Correa de ter recebido ajuda financeira das Farcs na campanha eleitoral que o levou à Presidência do Equador, para desespero da direita latino-americana, que, por sinal, ficou ainda mais inconformada com o fato dele ter conseguido obter uma importante vitória em um plebiscito sobre diversas questões, inclusive legislação referente aos meios de comunicação.
Na verdade, a nova ofensiva midiática contra Chávez pode ser perfeitamente explicada. Uma eleição presidencial se aproxima. O Departamento de Estado norte-americano tem programado de tudo para evitar uma vitória eleitoral do Presidente que governa a Venezuela, onde a série de reformas empreendidas pela revolução bolivariana, entre outros trunfos possibilitaram uma melhoria na qualidade de vida das classes populares. O relatório divulgado em Londres insere-se perfeitamente no contexto de interesse do Departamento de Estado norte-americano.
Além disso, o atual entendimento entre os governos da Venezuela e da Colômbia, países com um amplo intercâmbio comercial de vantagens mútuas, desagrada profundamente a Washington. Para o governo Barack Obama o preferível seria que Bogotá e Caracas se distanciassem, como, aliás, acontecia no anterior governo.
Em 2008, sobretudo depois das “revelações” dos computadores do comandante das Farcs, Raúl Reyes, abatido em território equatoriano numa incursão ilegal da Força Aérea colombiana, os dois países estiveram a alguns passos até de um confronto armado. Se dependesse apenas do então presidente colombiano Álvaro Uribe as desavenças resultariam finalmente numa guerra.
Elementar, leitores. Com as revelações requentadas de agora, também com base nos computadores de Reyes, a direita colombiana, venezuelana e brasileira, com ramificações na mídia de mercado e recentemente no Instituto Millennium, tenta mais uma investida contra o Presidente da Venezuela.
O que a mídia de mercado destas bandas não publica, e foi revelado em artigo do professor de História da Universidade de Nova York, Greg Grandian, em co-autoria com Miguel Salas, no jornal britânico The Guardian,  é que entre os especialistas do tal instituto figuram ex-assessores do governo de George W. Bush e de Tony Blair. Entre outros, destacam-se: Robert D. Blackwill (ex-assessor para segurança nacional de George W. Bush), Eliot Cohen (ex-conselheiro senior de Condoleezza Rice para assuntos estratégicos), Sir David Manning (ex-conselheiro de política externa de Tony Blair) e o Príncipe Faisal bin Salman bin Abdulaziz, da Arábia Saudita.
Pois é, fizeram tanto alarde com o relatório, mas omitiram essa informação que demonstra concretamente o valor do relatório, por sinal divulgado em Washingon. Faz lembrar os relatórios da era Bush sobre as armas de destruição em massa do Iraque e os vínculos de Saddam Hussein com Bin Laden, cascatas históricas que serviram os interesses da indústria armamentista.
O mais incrível de toda a história é que basta um aceno do Departamento de Estado norte-americano para que a mídia de mercado das bandas do Oiapoque ao Chuí entre de sola com a “informação” e logo em seguida os analistas de sempre passam a  demonizar quem desagrada Washington. Não é à toa que pelo menos uma vez por semana as Organizações Globo, seja através do veículo impresso ou eletrônico, investem furiosamente contra Chávez, Correa, Evo Morales, entre outros.
No mais, depois de todo alarde da votação do Código Florestal, o Deputado Aldo Rabelo, do PC do B, passa a ser o detentor do troféu Moto-Serra. Mais do que merecido. Não resta nenhuma dúvida. Qualquer dia o troféu será entregue solenemente pela senadora Kátia Abreu, do Demo e de malas prontas para o PSD de  Kassab. Os espiões benignos comparecerão na solenidade. Não percam por esperar.


Direto da Redação

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