Rosas de maio e de sangue
Por Aldir Blanc
Sabe aquele pessoal que toma a saideira no Sopão, da Pereira Nunes, não consegue dormir, e parte pra rondar o Momo, de manhã cedo? Já fui da turma. Soube que, no assassinato de Osama bin Laden, pintou uma certa confusão. É natural. A rapaziada ainda estava meio zonza, não havia tomado a vitamina deovo e caracu, nem pingado fogo paulista — tem mel — na média, etc., etc. A moçada estava lavando a serpentina quando espocaram as primeiras notícias:
• Osama explodiu Osaka!
• Obama matou o Obina!
• Obina nasceu no Alabama!
• Obama atacou a Brahma!
• Osama de tanga em Copacabana!
O vice do Obama vai ser o Carvana!
Um bonobo traçou a Madonna!
Mourinho que vá pra Bafana-Bafana!
Até que um limão da casa e algumas Originais deixaram tudo claro-turvo: O Obama conseguira matar o Osama. Ufa!
Incrível. A Casa Branca não consegue tramar, durante 10 anos, um assassinato sem se contradizer. Primeira versão: “Obama estava armado e reagiu.” No dia seguinte: “Obama estava desarmado e levou, ao reagir (cuspindo?), um tiro no peito e um no rosto.”
Por que Osama não foi preso? Seria julgado e as promessas de campanha de seu quase xará pareceriam mais verdadeiras. Queimaram o arquivo Obama para queele não falasse sobre a corrupção entre o governo Baby Bush e a família Bin Laden. O jornalista Willian J. Dobson, do “Washington Post”, escreveu: “Se ex-funcionários do alto escalão egípcio fossem obrigados a se defender durante um tribunal internacional, qual seria a probabilidade de manterem em segredo informações (sobre) o mandante dos crimes, principalmente em se tratando daqueles cometidos para atender aos interesses americanos?” Ou seja, Mubarak corre o risco de aparecer “suicidado”. Foi prática comum em nossa ignóbil ditadura.
Os levantes continuam na Síria. Assad, que é um aloíta (seita dentro da xiita), pode massacrar, usando tanques, insurgentes desarmados em várias cidades. A pergunta que não quer calar é: por que a capital de Assad, Damasco, não é bombardeada como Trípoli? A pergunta envolve a maior encrenca. O Hezbollahestá, coberto pela Síria, no Líbano, atacando Israel, que, por sua vez, tem como líder um notório corrupto chamado Bibi...
Sobre o Bahrein, declarou Noam Chomsky à revista “Caros Amigos”: “Em relação ao Bahrein o que preocupa (...) é a Arábia Saudita. Teme-se que um levante xiita — que são maioria da população — se estenda ao leste da Arábia Saudita. Portanto nada pode acontecer lá.” Resumindo: insurgentes no Bahrein e na Arábia Saudita? Pau neles, com total consentimento dos Estados Unidos.
Hillária Clinton, secretária de Estado interessante, proclamou que na operação contra Bin Laden viveu os 38 minutos mais intensos de sua vida, muito melhoresde que toda a atividade sexual com Bill.
Kadafi pode ser um “louco assassino”. Como devemos chamar os que incineraram seus três netos? O problema é que o Ocidente usa ditadores a seu bel-prazer, com um incrível cinismo, e os descarta quando não são mais úteis. Patética a lamúria de Kadafi: “Cadê o meu amigo Berlusconi?” Ora, Kadafi, que pergunta idiota! Berlusca já mandou ampliar a casa de praia para receber as refugiadas menores de idade. Serão muito bem tratadas e a única obrigação delas será participar, com a presença de Ronaldinho Gaúcho, da folclórica dança do Bunga-Bunga. A filha do ítalo-bandido, namorada do jogador Pato, já o proibiu defrequentar o pagode:
— O ganso desse Pato é da minha marreca e galinha nenhuma tasca!
Sábio mesmo foi o sujeito que disse:
— Tinha medo de Osama e tenho medo de quem o matou.
Na verdade, o fim de Osama bin Laden é puro Nelson Rodrigues, sem gelo: mais cedo ou mais tarde, todo mundo é traído.
Inclusive nós, os que acreditamos. Num discurso, Obama foi aclamado ao proferir as palavras “os Estados Unidos não torturam”. Seu diretor da CIA e futuro secretário de Defesa, Leon Panetta, vulgo “Panettone”, admitiu que informações valiosas foram obtidas por métodos reforçados de interrogatório, o eufemismo americano para tortura.
Gore Vidal nos preveniu: não vai mudar nada. O governo do negro Obama passaria em brancas nuvens, não fosse o sangue vermelho de um terrorista./ ALDIR BLANC é compositor.
Li no Ministério das Relações Exteriores
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domingo, 8 de maio de 2011
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