sexta-feira, 3 de junho de 2011

Costureira que virou presidente de cooperativa diz que “passou de fase” ao ser beneficiada pelo Bolsa Família

Costureira que virou presidente de cooperativa diz que “passou de fase” ao ser beneficiada pelo Bolsa Família



Roberto Stuckert Filho/Presidência 02.06.2011Roberto Stuckert Filho/Presidência 02.06.2011


A costureira Marise Alves Prazeres Rodrigues foi pega de surpresa no começo dessa semana ao receber um convite para ir à Brasília a pedido da presidente Dilma Rousseff. Ela foi uma das palestrantes, nesta quinta-feira (2), da cerimônia de lançamento do novo programa de assistência social do governo, o Brasil Sem Miséria.

Marise foi encontrada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome ainda na época em que Dilma Rousseff era candidata à Presidência. Na ocasião, a petista visitava a Cooperativa de Costura Osasco, cidade onde a Marise vive, na região metropolitana de São Paulo.

Sua história chama a atenção porque, antes de tomar à frente da cooperativa, em 2006, Marise recebia o Bolsa Família. Hoje, orgulhosa, diz que não precisa mais do auxílio porque “passou para outra fase”. Ela é incisiva, porém, ao declarar que “sem o Bolsa Família, não estaria aqui”.

Durante a cerimônia, a ex-dona de casa e mãe de quatro filhos roubou a cena ao dizer que falava com Dilma “de presidente para presidente”. Ela conseguiu arrancar sorrisos de toda plateia, formada majoritariamente por caciques políticos.

Leia a íntegra da entrevista:

R7 – A senhora recebeu o auxílio do Bolsa Família e hoje preside uma cooperativa de costura. Como foi isso?
Marise - Recebi o cartão em 2003 e, a partir daí, comecei a conhecer os projetos que tinha em Osasco. Nós participamos da oficina escola que confecciona uniformes e começamos a construir juntos a cooperativa de costura, onde sou presidente há três anos.

R7 – Hoje a senhora não precisa mais do benefício?
Marise - Agora eu já passei para outra fase, né? O Bolsa Familia abriu os leques e eu já estou em outra fase para o crescimento. O Bolsa Família não te dá essa oportunidade de você crescer? Pois é, eu já cresci e já não preciso mais dele.

R7 – Qual a importância do Bolsa Família na sua vida?
Marise - Sem o Bolsa Família eu não estaria aqui, com certeza. Esses programas dão outros caminhos, vão te mostrando que há outras portas para você entrar. Você recebe o benefício, mas eles também te incentivam a buscar outras coisas.

R7 - É verdade o que dizem, que as pessoas beneficiadas não querem trabalhar?
Marise - Claro que não. Eles te dão cursos, te dão formação. Só se você não quiser, mas que tem oportunidade tem! Através disso a gente vai crescendo. Eu conheço grupos de Osasco que recebiam Bolsa Família que são formalizados e podem concorrer no mercado de trabalho e participar de licitações como qualquer outra empresa.

R7 – E como está a vida da senhora agora? O que mudou?
Marise - Passar de dona de casa para empreendedora é bem complicado, você tem que estar se preparando o tempo todo. Estou fazendo inglês, cursando administração. Não é graduação, é curso técnico, mas vale, né? Para a gente ter conhecimento a gente precisa se preparar para isso. Você tem que crescer junto, senão fica para trás, tem que procurar onde tem as coisas que a gente precisa.

R7 – A senhora conheceu a presidente Dilma no ano passado. Como foi o encontro?
Marise - Eu disse a ela: nós falamos de presidente para presidente. Eu já sabia que ela ia ganhar. A visita dela nos ajudou muito porque o reconhecimento é uma forma de a cooperativa expandir, de as pessoas conhecerem.

R7 – Já teve oportunidade de conversar em particular com a presidente?
Marise - Ainda não, mas gostaria muito de ter.

R7 – O que a senhora diria para essas mais de 15 milhões de pessoas que recebem o Bolsa Família?
Marise - Aproveitem as oportunidades que estão aparecendo porque depois que passarem você não consegue mais. Cada oportunidade vai trazendo outra oportunidade.

No R7

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