Mulher não precisa trabalhar
“Lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos”. Este foi o argumento usado pelo proprietário de uma empresa numa cidadezinha próxima a Milão, na Itália, Europa, nessa metade do ano de 2011, para justificar a demissão de 13 operárias.
Na realidade a empresa deveria demitir alguns dos 53 funcionários para poder sobreviver. O que assusta é o critério usado para decidir quem perderia o trabalho.
Considerando que o trabalhador italiano estava habituado a ter um emprego vitalício, uma vez que a legislação italiana dificulta a demissão e que, muitas vezes, o demitido ganha na justiça o direito de voltar a ocupar o cargo na empresa que o demitira; considerando que as novas contratações são basicamente através de agências de empregos temporários para evitar os vínculos da consideração anterior; considerando que a crise econômica na Itália está sofrendo suas piores consequências neste momento; e, finalmente, considerando que a sociedade ainda paga às mulheres salários inferiores aos dos homens, fica decidido que mulher é um bicho de oito vidas que sabe tirar leite de pedra.
Talvez os jornais tenham apenas vislumbrado a oportunidade de vender mais umas cópias distorcendo um pouco a realidade ao publicar a notícia; talvez o empresário tenha escolhido demitir mulheres casadas cujos maridos estejam empregados, evitando demitir quem levasse para casa o único salário de cada mês; talvez não seja apenas um modo para livrar-se de funcionárias que poderiam entrar em licença maternidade ou ter que ficar em casa cuidando de filhos doentes, causando perdas econômicas para a empresa; talvez não se trate de demitir empregados para substituir por prestadores de serviços temporários, mais adiante. Mas tem talvez demais nessa história.
Só espero que não hajam mães solteiras nesta lista. Ou elas terão que realmente tirar leite de pedra.
No Carta da Itália
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