sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pedido recolhimento de livros com conteúdo racista em Londrina

A educação desempenha papel relevante para a cidadania.
A pergunta básica é: que tipo de educação queremos?


Material distribuído por prefeitura de cidade do Paraná tinha expressões e imagens preconceituosas e ofensivas

iG São Paulo

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) pediu nesta quarta-feira o recolhimento de livros da rede municipal de ensino de Londrina. Segundo a denúncia, feita pelo Fórum de Entidades Negras de Londrina (Fenel), 13.500 exemplares da coleção "Vivenciando a cultura afro-brasileira e indígena" - que foi comprada com objetivo de atender lei que torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e indígena - são altamente preconceituosos.


Entre os exemplos do parecer da entidade, há uma imagem de um menino branco urinando em um negro. "A página 103 do livro para o 3º ano, apresenta um fato didático absolutamente lamentável: a imagem de um menino branco urinando em um menino negro. Esta imagem, por si só, invalida toda a Coleção pela sua brutalidade. Mostra, numa ilustração que ocupa quase toda a página, um menino branco urinando, de pé numa cama, sobre um menino negro inerte, protegido por um Cristo na cruz! Esta imagem tem como legenda “explicativa”: “A presença e a participação do negro em obras literárias esteve sempre associada a imagens de escravidão, tristeza, dor, sofrimento e humilhação. Observe a imagem abaixo."

Em outro trecho da mesma obra, um poema chamado "A Borboleta" mostra uma borboleta infeliz com sua cor, que pede a Deus e consegue mudar:

"De manhã bem cedo
uma borboleta
saiu do casulo
era parda e preta
foi beber no açude
viu-se dentro da água
e se achou tão feia
que morreu de mágoa.
Ela não sabia
- boba - que Deus
deu para cada bicho
a cor que escolheu
Um anjo a levou,
Deus ralhou com ela,
mas deu roupa nova
azul e amarela."
Também foram encontrados diversos erros gramaticais em avaliação de professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e há acusação de que 85% do conteúdo foi extraído da internet.
O parecer da Fenel diz ainda que em todos os volumes "é possível verificar nas imagens a perspectiva do branqueamento (gradual) e da miscigenação (que tem como resultado o branqueamento) como solução para a cor negra." Há ainda ilustrações "esdrúxulas" de indígenas e da mulher africana e comparações de africanos a macacos.

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