Beatriz Lugão: Professores do Rio denunciam a ilha de fantasia de Sérgio Cabral
por Luiz Carlos Azenha no Viomundo
Coordenadora-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro, o SEPE, a professora Maria Beatriz Lugão Rios descreveu o Rio de Janeiro como uma espécie de ilha da Fantasia.
Os 80 mil profissionais de educação do estado estão em greve há quase dois meses, reivindicando 26% de reajuste emergencial, a incorporação imediata da gratificação Nova Escola (que vem sendo incorporada de forma escalonada) e o descongelamento do plano de carreira dos funcionários administrativos.
O salário inicial do docente 2, formado no ensino médio e que dá aulas para crianças do ensino fundamental, é de 610,00 reais, ou seja, pouco mais que um salário mínimo.
O salário inicial do professor com formação superior é de R$ 765,00.
Enquanto isso, a cidade do Rio de Janeiro se transforma em um canteiro de obras, com investimento superior a R$ 1 bilhão para reformar o Maracanã, por exemplo.
“Sabemos de casos em que ambulâncias levam pacientes de hospitais para morrer em casa”, ela diz, para descrever a situação caótica da saúde pública.
A Prefeitura do Rio e o governo do Estado recentemente gastaram 30 milhões de reais para promover o sorteio preliminar da Copa do Mundo.
“O Rio de Janeiro ficou em penúltimo lugar no IDEB [que mede o índice de desenvolvimento da educação básica]“, diz ela.
Há obras pagas com dinheiro público, boa parte dele federal, por toda a parte.
“Faltam dez mil professores nas escolas do Rio”, diz Beatriz.
Por causa do pré-sal, a expectativa é de que o Rio de Janeiro tenha um crescimento sustentado, de longo prazo.
“Aqui o governo aluga ar condicionado para escolas, aluga viaturas para a polícia, aluga contêineres para as UPAs (Unidade de Polícia Pacificadora). É tudo terceirizado e custa mais caro”, afirma Beatriz, sugerindo que há mau uso do dinheiro público.
Além de sediar as principais competições e estruturas da Copa, o Rio ainda tem pela frente as Olimpíadas de 2016.
“O Rio é o segundo estado do país em arrecadação e proporcionalmente é o que menos gasta com o funcionalismo público”, conta a professora.
O Rio, maravilhoso, estrela as novelas nacionais, os filmes, é a cara do Brasil.
“As instalações escolares são precárias. Não temos salas de informática, quadras, bibliotecas. Quando foram instalar ar condicionado, não levaram em conta o estado da rede elétrica e em muitos lugares simplesmente caiu toda a rede”, descreve a professora. Nenhuma escola nova foi construída pelo governo Sérgio Cabral, ela denuncia.
“Estamos vivendo num país de marketing, de propaganda. Propagandeia-se que vai ter Copa do Mundo e Olimpíadas e que isso vai melhorar a vida do povo. No entanto, está melhorando a vida só dos donos das grandes empreiteiras, dos grandes empresários”.
Os professores permanecem acampados diante do prédio da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro.
Para ouvir a entrevista, clique abaixo:
Para ler sobre greve dos professores de Minas Gerais, clique aqui.
Para ler sobre a vitória política dos professores de Santa Catarina, clique aqui.
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