Jornal Nacional se retrata, culpa a edição, mas não corrige a acusação que fez à merendeira
No Blog do Mello
Em sua edição de ontem, o Jornal Nacional voltou ao caso da merendeira que acusaram na edição de sábado de por veneno na comida servida a alunos e funcionários de uma creche em Porto Alegre.
Essa acusação foi denunciada neste vídeo aqui no blog, que teve (e continua a ter) ampla repercussão na internet e redes sociais.
Uma das falhas apontadas no vídeo era de que o JN não teria dado voz à merendeira ou seu advogado, que desmentira acusação do delegado OITO HORAS ANTES de o Jornal Nacional ir ao ar. Essa falha foi corrigida na edição de ontem, reproduzida abaixo:
Como visto, Bonner, que além de apresentador é editor-chefe do JN, põe a culpa na edição (dá ênfase a isso), como se ela houvesse sido truncada ou mal feita:
"Ao tratar desse caso policial no último sábado (6), por uma falha de edição, o Jornal Nacional não mencionou a alegação do advogado de defesa que contestava a confissão da cliente. Foi, obviamente uma falha, que nós estamos corrigindo na edição de hoje."
Essa falha realmente foi corrigida. Mas foi apenas uma, e não a mais grave das falhas da reportagem de sábado (que pode ser assistida na íntegra aqui). Nela, o Jornal Nacional, na voz de Fátima Bernardes, acusa a merendeira, comprando como verdadeira a declaração do delegado. Diz Fátima:
"Está foragida a merendeira que pôs veneno de rato na comida de crianças e professores de uma escola pública de Porto Alegre."
Em seguida a essa declaração aparecia uma foto da merendeira.
Essa o Jornal Nacional de ontem não corrigiu. Cheguei a perguntar aqui: Se, em vez da merendeira negra e pobre, delegado acusasse Daniel Dantas, comportamento da Globo seria o mesmo?
O que poderia ter acontecido se parentes ou amigos de pessoas envenenadas tivessem encontrado a merendeira após aquela reportagem do Jornal Nacional?
O clima não parece muito bom na redação do JN. Talvez pelo motivo que apontou Rodrigo Vianna, em seu blog Escrevinhador. O fato é que ontem, em seu perfil no Twitter, William Bonner desabafava, antes do Jornal Nacional ir ao ar:
O que estará tão feio assim por lá que justifique uma vírgula entre sujeito e verbo?
JN atropela Código de Ética da Globo
No Nassifonline
Na chamada das 17hs00 do Jornal Nacional, Fátima Bernardes anunciou que uma das prisões da Polícia Federal – na operação sobre o Ministério do Turismo – seria de Clarice Coppeti.
Clarice foi vice-presidente de TI da Caixa Econômica Federal. Saiu, está de quarentena, preparava uma palestra na UnB quando foi alcançada por telefonemas desesperados de seus familiares.
É tida na CEF como pessoa corretíssima e, mais: jamais trabalhou em qualquer área ou projeto relacionado com o Ministério do Turismo.
A notícia foi dada sem que os nomes fossem conferidos e os acusados ouvidos.
PS - O Jornal Nacional abriu a matéria pedindo desculpas para a vítima - que está arrebentada, chorando, a mãe velhinha em pânico em Porto Alegre.
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2 comentários:
Tô p da vida com o que a Globo anda fazendo, os dois casos foram graves na minha opinião. Só pedir desculpas não adianta, sempre resta a dúvida. Eles deviam pagar pelo erro, danos se justificam nesse caso.
A respeito do erro do Bonner, não há. Separar sujeito e verbo é um atentado; já verbo e sujeito se aceita, a inversão justifica a vírgula.
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