João Batista Damasceno: Bonde assassino!
A Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast) culpa as autoridades pelo acidente com bonde no bairro e afirma que ‘não é uma fatalidade, mas uma tragédia anunciada’. Em passado recente um acidente resultou na morte de uma professora e chamou a atenção para o descaso. Reiteradas decisões da justiça têm encontrado no Governo do Estado resistência ao cumprimento.
As autoridades já não se vexam diante das ocorrências previamente anunciadas e apenas buscam justificar suas omissões. No caso do assassinato da juíza Patrícia Acioli disseram que ela havia dispensado a escolta, o que foi desmentido pelos ofícios que enviara ao Tribunal. Em Santa Teresa, o Governo do Estado alega superlotação, cuja fiscalização também lhe compete. O Estado mata por omissão, por negligência e por sua política de extermínio. Os agentes do Estado Policial, que submetem os cidadãos à ilegalidades em incursões e em blitz da Lei Seca, foram colocados acima da lei e seguem matando, às vezes após ingestão alcoólica.
A associação de moradores alertou às autoridades sobre problemas de falta de manutenção dos bondes, sem que ‘nada de concreto tenha sido feito para reverter a situação’ e à sociedade por faixas em todo o bairro, quando de acidente anterior, que somente não foram lidas por quem estava dormindo no ponto.
Um dossiê, postado na internet pela Amast, lista como culpados pelo acidente o governador do Estado e o secretário de Transportes, mas também responsabiliza o Ministério Público ‘pela omissão em requerer à Justiça a execução provisória das decisões que ordenaram a recuperação integral do sistema de bondes de Santa Teresa’.
Bilhões são gastos para os Jogos da Copa e Olimpíada a fim de atrair turistas. Tragédias como a do bondinho podem espantar turistas. Restará tão somente a alegria dos empreiteiros. O bonde assassino não é o amarelo.
João Batista Damasceno é cientista político e juiz de Direito. Membro da Associação Juízes para a Democracia no O Dia Online Tweet
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