Rapper The Game |
A polícia de Los Angeles quer processar um rapper devido a um tweet que gerou diversas ligações a seus números de emergência, e o metrô de São Francisco cortou o sinal dos celulares para evitar um protesto: as autoridades nos EUA tentam lidar com o recente poder das redes sociais.
Um rapper conhecido como The Game supostamente disse no sábado (13) a seus 582 mil seguidores no Twitter que telefonassem a uma determinada delegacia de polícia de Los Angeles e cantassem um rap, o que provocou centenas de ligações a números de emergências durante três horas.
A polícia realiza uma investigação e anunciou que pedirá à promotoria que processe o músico de 31 anos por prejudicar o trabalho dos policiais.
O capitão Mike Parker, da delegacia do condado de Los Angeles disse não saber "quanta gente precisava de ajuda".
– Não pude me comunicar porque as linhas estavam saturadas por culpa desse "flashmob telefônico".
Um caso semelhante ocorreu no fim de julho, quando um tweet de um popular DJ conhecido como Kaskade propôs a seus 100 mil seguidores que participassem da premiére de um filme em Hollywood sobre uma festa de música eletrônica. Centenas de pessoas aceitaram o convite e a confusão gerou duas prisões.
E em São Francisco, as autoridades decidiram na semana passada cortar o sinal dos celulares em um de seus sistemas de metrô, conhecido como Bart, para evitar que um protesto organizado pelas redes sociais se propagasse.
O metrô reconheceu em um comunicado que tinha "interrompido temporariamente o serviço (telefônico) em algumas estações, como uma das várias táticas para garantir a segurança" do público.
Essa medida causou a ira do Anonymous, um conhecido grupo de hackers que militam pela liberdade de expressão na internet, e o metrô viu sua página na web "hackeada" durante várias horas no domingo como represália ao corte de sinal.
A fronteira nesses casos entre a liberdade de expressão e o controle das autoridades poderá parecer difusa, mas é "navegável", segundo a Fundação Fronteira Eletrônica (EFF), um órgão de defesa das liberdades na internet.
Hanni Fakhoury, advogado da EFF, citou o caso do rapper e a condenação na terça-feira (16) de dois jovens na Grã-Bretanha por incitar atos de violência pelo Facebook em conversa à AFP.
Hanni Fakhoury, advogado da EFF, citou o caso do rapper e a condenação na terça-feira (16) de dois jovens na Grã-Bretanha por incitar atos de violência pelo Facebook em conversa à AFP.
– Uma página do Twitter é visível ao público e a polícia logicamente tem a autoridade para vigiá-la com o objetivo de detectar crimes.
Mas "controlar as redes sociais é diferente", completou. O apagão telefônico no metrô de São Francisco é exemplo disso.
– não acreditamos que a polícia tenha o direito de limitar como as pessoas se comunicam ou quando e onde podem fazê-lo.
Mas "controlar as redes sociais é diferente", completou. O apagão telefônico no metrô de São Francisco é exemplo disso.
– não acreditamos que a polícia tenha o direito de limitar como as pessoas se comunicam ou quando e onde podem fazê-lo.
No entanto, para a criminologista Casey Jordan, isso está além do que a Constituição poderia ter previsto, segundo ela disse em entrevista à CNN.
– As coisas são diferentes hoje em dia e o fato de as redes sociais terem um papel importante em ações criminais está ficando evidente nos últimos meses.
– As coisas são diferentes hoje em dia e o fato de as redes sociais terem um papel importante em ações criminais está ficando evidente nos últimos meses.
De acordo com Shelly Palmer, colunista especializado em tecnologia, o problema que as autoridades enfrentam nesses casos é que as massas da internet não têm um líder, e, portanto, não há forma de tirar a liderança dessas iniciativas.
As redes sociais "são grupos amorfos, que existem em torno de uma ideia, para logo desmembrar-se e voltar a tomar outra forma", escreve Palmer, colunista de um programa sobre tecnologia da NBC Universal, em uma nota em seu blog.
A forma de controlar essas massas, segundo a criminologista Jordan, seria através de uma série de ações e acusações criminais que desestimulassem esse tipo de comentários nas redes sociais, mas a colunista se pergunta como as autoridades poderão controlar um problema do século XXI tomando medidas do século XX.
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