Afro-americano inocente será executado amanhã com injeção letal nos EUA
Por João Ozorio de Melo
Não há perdão, nem clemência. Das nove testemunhas que ajudaram a condená-lo pela morte de um policial em 1989, sete se retrataram. O ex-diretor do FBI William Sessions declarou que sua condenação foi um erro judiciário. O ex-presidente Jimmy Carter disse a mesma coisa. Dez pessoas, que nunca foram ouvidas, informaram que um outro homem admitiu ter atirado no policial. Nesta terça-feira (20/9) o Conselho de Perdão e Liberdade Condicional da Geórgia (EUA) negou todos os pedidos feitos em favor de Troy Davis. A execução do afro-americano foi marcada para esta quarta-feira (21/9), às 19h (horário de Nova York).
Pedidos de revisão do caso e de clemência foram feitos pelo Papa Bento XVI; pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu; pela irmã Helen Prejean (escritora do livro Dead Man Walkingsobre um prisioneiro no corredor da morte); pelo diretor da Anistia Internacional dos EUA Larry Cox; pelo ex-alto funcionário do Departamento de Justiça Larry Thompson; por 51 parlamentares federais; e por mais de 2 mil pessoas, convencidas da inocência de Troy Davis, que fizeram um protesto em frente ao prédio do Conselho de Perdão. Nenhum dos pedidos foi ouvido na audiência que resultou na decisão final do conselho, segundo o USA Today e a Reuters.
A família do policial Mark MacPhail, que foi morto com um tiro ao tentar ajudar um sem-teto que estava sendo atacado, se declarou feliz com a decisão do conselho. "Finalmente, será feita justiça", disse aoUSA Today o filho do policial morto Mark MacPhail Jr., que era uma criança no dia do crime. O diretor da Anistia Internacional dos EUA discorda: "A execução de um homem inocente vai desacreditar o sistema judiciário." O advogado do prisioneiro, Brian Kammer, declarou que esse é um caso óbvio de identificação falsa, uma vez que dez pessoas apontaram os dedos para Sylvester Coles, que estava na cena do crime, como o autor dos disparos, noticia o The Guardian.
Segundo o jornal, "nenhuma evidência forense ou de DNA foi encontrada, até agora, para ligar Davis aos tiros, bem como nunca foi achada a arma do crime. As sete pessoas que voltaram atrás em seus testemunhos, disseram que foram "persuadidas" pela polícia a testemunhar contra Davis. O conselho ouviu a residente de Savannah (cidade no litoral da Geórgia) Quiana Glover, que disse ter ouvido Sylvester Coles confessar o assassinato do policial, em uma festa em que ele bebeu muito. "Mas a família do policial morto insistiu na execução de Davis, dizendo não ter dúvidas sobre a culpa dele", diz o The Guardian. Assim o disseram os promotores ouvidos pelo conselho.
A pena de morte deverá ser aplicada a Troy Davis através de injeção letal. Seus advogados provavelmente vão tentar mais um "remédio legal" até amanhã, mas suas opções são pequenas, disseram especialistas jurídicos à Reuters. "Nesse ponto, não resta uma opção jurídica forte. A decisão do Conselho de Perdão da Geórgia deve prevalecer", disse a professora de Direito da Universidade Estadual da Geórgia, Anne Emanuel.
No Conjur
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