domingo, 4 de dezembro de 2011

Bacana de ler: Entrevista de Sócrates, o imortal, onde ele diz que todo ser humano tem direitos (comer, saúde, educação).


Bacana de ler: Entrevista de Sócrates, o imortal,   onde ele diz que todo ser humano tem direitos (comer, saúde, educação).


Na Caros Amigos, em junho.


Você se define com uma pessoa de esquerda?

Não, eu sou gente. Vivo pela gente.

Mas, politicamente, não?

Isso é bobagem. Esquerda, direita.

Aí o leitor é que pode levar um susto se não continuar. Ué, será que Sócrates não é de esquerda?

Eu sou socialista, não sei se isso é ser de esquerda. Não sei, mas por que de esquerda? Aí é que está, são rótulos. Sou socialista, no sentido pleno da palavra.


E aí o leitor (de esquerda) respira, aliviado, e se surpreende, novamente.

Comunista. Eu sou cubano, queria ter nascido em Cuba, sou cubano.

Quando é que nossa nação vai virar gente?, ninguém pergunta, mas ele responde.

Só quando tivermos uma cultura comunitarista. Nós somos muito individualistas, a gente só pensa na gente. Nós temos que pensar em comunidade. O dia que a gente pensar em comunidade, a gente derruba o que quiser, ultrapassa qualquer obstáculo, porque nós somos mais fortes do que um indivíduo.

Ele não alisa a mídia.

O que você tem de educativo na televisão, por exemplo? Não tem nada. Que compromisso ela tem com a nação. Nenhum. Ela só explora a capacidade de consumo dessa nação. Está pouco se lixando se o povo passa fome, está pouco se lixando se está se matando, só explora o fato de forma absolutamente espetacular.


E como resolver isso?

Só com a revolução.

Mas como fazer?

Vamos para Cuba. Faremos Cuba aqui um dia.

Aí, o leitor, se não continuar a ler, ficará a se perguntar se isso não é uma posição paralisante, à maneira de muitos grupos de extrema-esquerda que à falta de um programa de intervenção política para o País de hoje, dedicam-se a criticar o governo Lula, e nada fazem para mudar o cenário político e nem observam as impressionantes mudanças que estão acontecendo sob Lula.

O que o governo Lula fez até hoje? É mais ou menos isso. Não pôde fazer mais. Você vai para o Nordeste, é um outro mundo hoje.


Aí, uma das entrevistadoras, diante da resposta dele, tão favorável ao governo Lula, ataca de assistencialismo, com o Bolsa-Família como assistencialismo, e alguns programas que são vistos pelos nordestinos como um avanço, nas palavras dela. E aí recebe o petardo, consciente.

Esse discurso é velho. Todo ser humano tem direitos. Tem direito a comer, tem direito a ter saúde, tem direito a ter educação. Isso é assistencialismo? É?


Mas a repórter insiste: Mas não dá para comparar com a Revolução Cubana. Outro petardo.

Sim, claro que não. Mas é assistencialismo você oferecer isso? Roupa para vestir, água para beber, você considera isso assistencialismo? Isso é um direito. Num país como o nosso, onde tem tantas pessoas passando fome, é um absurdo chamar isso de assistencialismo. É bobo esse discurso, eu acho bobo demais, é muito simplista. É obrigação do Estado cuidar de todo cidadão.


Outro repórter aperta: Mas é possível uma revolução através do Estado, através da figura de um presidente?

Não, a revolução no sentido pleno da palavra, não. Mas você pode revolucionar, transformar o seu país. O Brasil, hoje, é muito melhor do que era há dez anos. Hoje o Brasil virou gente, é respeitado. Nós não éramos nada dez anos atrás. Agora, somos uma nação, uma nação que tem atitude, que não compra, que não engole aquilo que vem mastigado, tem uma atitude. Que é o que todos nós sonhávamos quando eu nasci.

E o papel do futebol no Brasil?

Futebol é a cara do Brasil. Futebol tem aquilo que nós somos: liberdade, criatividade, alegria, arte e até um determinado grau de irresponsabilidade, de insolência, que o brasileiro tem. É por isso que teve tanta reação contra a convocação do Dunga. Se ele não levar o Neymar, o Ronaldinho Gaúcho, o Ganso, o Alex, está abrindo mão do que nós somos. O Ganso é o maior jogador que este país já fez nos últimos 20 anos. Ele é gênio. O maior jogador do mundo. Não levar o Ganso é de uma ignorância absurda.O importante é ser feliz. Ganhar não vale nada. Eu gosto do espetáculo, eu gosto de arte. Por isso, hoje, só paro para assistir jogo do Santos.

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