“Delícia, delícia, assim você me mata…” Ano novo, “Ai se eu te pego?!”
Ricardo Giuliani Neto no Última Instância
Trocamos o ano e recomeçamos a vida; Michel Teló foi acessado 94 milhões de vezes no YouTube, gravado em inglês, polonês, grego e hebraico, dançado pelos maiores craques do esporte mundial e, tá bem, “assim você me mata”!
O lixo cultural toma conta do planeta e discutimos uma sociedade balizada pelos 140 caracteres do Twitter. Somos o que somos porque nos expressamos por intermédio de 140 caracteres(?!), ou não conseguimos ler mais do que os tais 140 caracteres?
Os jornais vivem de notas e esquemas gráficos, informação?, conteúdos… coisas do passado. O mundo entra pelos olhos ou pelos ouvidos. Cérebro? Juízo crítico? Reuniões nas praças? Espaços (físicos) públicos?
Sim, lembro Woodstock. Rock and roll e beat generation mudando o mundo, aniquilando guerras ou simplesmente transando em carne, aroma e osso entre as barracas de Woodstock; pinturas soçobradas nas retinas saudosas de homens e mulheres pelados por crua poesia humana. As opulentas tetas de Wall Street sugadas por românticos anticapitalistas, é realidade.
Os engajados do Facebook, Tumblr, Foursquare ou Path descobrindo-se em linguagens construtoras “d’outro” mundo, o mundo das “redes-ficcionais-sociais”, é realidade. As massas atomizadas, ignaras por suas individualidades artificiais, patéticas, pueris, relacionamentos concreto-ficcionais, nossa realidade?
Ao contrário de Woodstock, quando as bundas brancas desconstruíam padrões massificantes e o amor com paz convidava ao sexo e ao prazer grupal, nós outros enfurnamos nossas brancas bundas nas “confortáveis” poltronas-molde, onde o social das redes vomita alienação das meias-mentes, da ciberfornicação e do pensamento pré-moldado.
Diria um dos expoentes do colossal “sertanejo universitário”: “vida boa/ oh, oh/ o sapo caiu na lagoa”. Desculpas jogo ao Vitor… e ao “Léu”: a vida do sapo vai dura, come moscas para sobreviver; não é bom e nem boa é a poesia que gera idiotia e esconde genialidades negociais.
Saudades do velho samba de raiz, bênção aos orixás e à mãe menininha. E a vida vivida na subida dos morros? E os dias nascidos todos os dias às 4 da manhã para às 11 da noite, lá em Jaçanã, despencarem em sono profundo de calos, suor de trabalho?
Eu vou de Beija-flor, de baião, de Vital Farias, com poesia e gosto: “não se admire se um dia/ um beija flor invadir/ a porta da sua casa/ te der um beijo e partir/ fui eu quem mandei o beijo/ que é pra matar meu desejo/ faz tempo que eu não te vejo/ ai que saudades de ocê.”
Pois é, “fada querida”, o Adoniran disse que “o Arnesto nos convidô” pra ver o lixo que há por todos os cantos e que no Brás, inda tem vida, com sangue, suor e cerveja.
Esta “arte nova” esculpe em não mais que 140 caracteres; os “infográficos” midiáticos e os “polígrafos” padrão não-pensar dos professores doutores das gloriosas universidades brasileiras, formam os novos e desengonçados cidadãos, desenham, nos castelos de caras, as nossas próprias caras.
Sim, enterramo-nos e entretemo-nos – “delícia, delícia… assim você me mata” – na simplificação do mundo cibernético, nos rsrsrsrsrsrs, das risadas desajeitadas, nos bjkssssss, estilizando carinhos sem olhos ou pele, ou nos ueahueahueah, das alegrias e satisfações cobertas de formalidades iníquas e pré-formatadas.
A internet transmite instantaneamente o mundo, mas não reproduz o cheiro da carne assada do homem-tunisiano-concreto que, auto-imolado na praça-físico-pública, encandeceu de mobilização social-real o norte da África e incendiou seu povo com letras e almas e tripas; não há cibermortes nas redes sociais, nela, deletamo-nos. Na vida vivida, partimos para nunca mais voltar.
Não temos consciência do emburrecimento e da dominação a que vamos submetidos. Ueahueahueah, resposta provável num twitter-diálogo. Rsrsrsrsrsrsrsrs, o epílogo! Seguramente, um prêt-à-porter significativo.
Venha o ano novo e vivas às bundas brancas de Woodstock, penas às bundas enfurnadas nos moldes da nova ciber-cultura-global. Vivas ao lixo cultural dos nossos dias. Já que trocamos de ano, encerro-me nas próprias calças. Leciona o filósofo: “o jeito… é dar uma fugidinha”.
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Ao contrário de Woodstock, quando as bundas brancas desconstruíam padrões massificantes e o amor com paz convidava ao sexo e ao prazer grupal, nós outros enfurnamos nossas brancas bundas nas “confortáveis” poltronas-molde, onde o social das redes vomita alienação das meias-mentes, da ciberfornicação e do pensamento pré-moldado.
Diria um dos expoentes do colossal “sertanejo universitário”: “vida boa/ oh, oh/ o sapo caiu na lagoa”. Desculpas jogo ao Vitor… e ao “Léu”: a vida do sapo vai dura, come moscas para sobreviver; não é bom e nem boa é a poesia que gera idiotia e esconde genialidades negociais.
Saudades do velho samba de raiz, bênção aos orixás e à mãe menininha. E a vida vivida na subida dos morros? E os dias nascidos todos os dias às 4 da manhã para às 11 da noite, lá em Jaçanã, despencarem em sono profundo de calos, suor de trabalho?
Eu vou de Beija-flor, de baião, de Vital Farias, com poesia e gosto: “não se admire se um dia/ um beija flor invadir/ a porta da sua casa/ te der um beijo e partir/ fui eu quem mandei o beijo/ que é pra matar meu desejo/ faz tempo que eu não te vejo/ ai que saudades de ocê.”
Pois é, “fada querida”, o Adoniran disse que “o Arnesto nos convidô” pra ver o lixo que há por todos os cantos e que no Brás, inda tem vida, com sangue, suor e cerveja.
Esta “arte nova” esculpe em não mais que 140 caracteres; os “infográficos” midiáticos e os “polígrafos” padrão não-pensar dos professores doutores das gloriosas universidades brasileiras, formam os novos e desengonçados cidadãos, desenham, nos castelos de caras, as nossas próprias caras.
Sim, enterramo-nos e entretemo-nos – “delícia, delícia… assim você me mata” – na simplificação do mundo cibernético, nos rsrsrsrsrsrs, das risadas desajeitadas, nos bjkssssss, estilizando carinhos sem olhos ou pele, ou nos ueahueahueah, das alegrias e satisfações cobertas de formalidades iníquas e pré-formatadas.
A internet transmite instantaneamente o mundo, mas não reproduz o cheiro da carne assada do homem-tunisiano-concreto que, auto-imolado na praça-físico-pública, encandeceu de mobilização social-real o norte da África e incendiou seu povo com letras e almas e tripas; não há cibermortes nas redes sociais, nela, deletamo-nos. Na vida vivida, partimos para nunca mais voltar.
Não temos consciência do emburrecimento e da dominação a que vamos submetidos. Ueahueahueah, resposta provável num twitter-diálogo. Rsrsrsrsrsrsrsrs, o epílogo! Seguramente, um prêt-à-porter significativo.
Venha o ano novo e vivas às bundas brancas de Woodstock, penas às bundas enfurnadas nos moldes da nova ciber-cultura-global. Vivas ao lixo cultural dos nossos dias. Já que trocamos de ano, encerro-me nas próprias calças. Leciona o filósofo: “o jeito… é dar uma fugidinha”.
1 comentários:
O menor dos equívocos de Túlio Isac ( aquele do "exiJimos com G" http://www.youtube.com/watch?v=HHZ0ynZvR4A&feature=related ) foi no português
http://www.aredacao.com.br/coluna.php?colunista=33
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