quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Com a palavra o militante de combate ao racismo, Elias Candido: Sobre negros de alma branca

Com a palavra o militante de combate ao racismo, Elias Candido: Sobre negros de alma branca


A história de luta do povo negro no Brasil começa logo que o primeiro navio negreiro aportou nessas paragens, trazendo, reis, rainha, guerreiros, futuros quilombolas e negros de alma branca. As lutas por liberdade nos séculos que se seguiram enfrentaram grandes dificuldades por conta do poderio bélico do agressor, da manipulação da igreja católica, dos cruéis castigos que intimidavam pessoas de bem que queriam resistir e dos negros de alma branca. 


A vitória , parcial, que foi a abolição, não veio através da princesa , mas apesar dela. muitas foram as batalhas, muitos foram os quilombos formados, alguns que superavam a sociedade brasileira institucionalizada em organização, justiça, liberdade, fraternidade e paz, não em poucos conviviam índios, colonos brancos pobres, mouros, em um clima de respeito à diversidade étinica e religiosa. 


Muitos foram destruídos por ações de negros de alma branca, que delatavam suas posições e quantidade de pessoas, facilitando o trabalho do agressor. 


Naquele tempo, eles atendiam pelo nome de negro da casa, ou negro de dentro. com raríssimas execões, eram escolhidos porque inspiraram confiança nos senhores, por causa de suas fragilidades de caráter. e correspondiam à essa confiança entregando seus irmãos que fugiam ou que cometiam o que o dono de engenho entendia por delito, atos esses que podia levar seu companheiro ao aleijume, à privação de alimentos por dias ou até à morte. 


Foram recompensados com a permissão de dirigir a palavra diretamente ao escravocrata e comer os restos do almoço da casa grande, comida de melhor qualidade. além disso, raramente sofriam castigos físicos. Com o aprofundamento da resistência, através de ataques à fazendas, fugas, multiplicação de quilombos com operação de resgate de escravos, os negros de alma branca, os que tinha alguma coragem, se tornaram capitães do mato, e armados, recapturavam seus irmãos em fuga e eram linha de frente em invasões de quilombo. 


Miseráveis morais, chegavam a arriscar a própria vida pelo opressor contra o próprio povo. Finda a escravidão, apesar da contrariedade dos negros de alma branca, esses capitães do mato desempregados continuaram a agir da mesma maneira servil aos piores tipos de racista, que diziam que, diferente dos demais, que se rebelavam, esses eram os bons negros, os de alma branca.


E esses ficavam felizes com esse tipo de comentários. ainda ficam. eles ainda estão por aí, contrários às cotas ou manifestações. Negam o racismo e votam nos racistas da pior espécie. se submetem a todo tipo de humilhação e querem que você faça o mesmmo. se envergonham do próprio cabelo, das roupas, costumes e religiosidade do seu povo e costumam dizer que o responsável pelo racismo é o próprio negro, como se fosse surdo e não ouvisse o absurdo de suas próprias palavras.


Como militante de combate ao racismo, fico muito a vontade para entender o que quis dizer Paulo Henrique Amorim. Como negro, sou a maior vítma dos negros de alma branca. Eu, modestamente estudioso da história do negro no Brasil, os conheço bem e posso reconhecê los a distância, pela linguagem, pelo olhar medroso, pelo jeito janota de se vestir e pela sintáxe entreguista.


Assim como reconheço o trabalho de PHA pelos negros, apoiando programas voltados à essa população e denunciando o racismo da grande mídia. Ele sim, tem todo o meu apoio. Que os negros e pessoas bem intencionadas não se confundam: Uma ação contra o racismo jamais viria de alguém da Rede Globo, a maior propagadora de racismo desse país.

Elias Candido é presidente do Partido dos Trabalhadores em V. Matilde, militante de combate ao racismo, professor e quilombola de coração.

1 comentários:

luciano oliveira de almeida disse...

Muito estranho alguém que se diz militante concordar em ver um outro negro sendo humilhado por um branco!
Por ter estudado, por ser um jornalista de sucesso, por despertar inveja em muitos... Heraldo é um 'negro de alma branca'!
Negros só podem ter destaque na musica, dança e no esporte para serem reconhecidos como negros?
Você só pode estar de brincadeira! Tentar defender PHA, só mostra o quanto nossa sociedade é racista. Medo, inveja… são ingredientes para alimentar um comportamento racista.
Heraldo é um homem que venceu e isso incomoda negros e brancos que passam grande parte de suas vidas culpando outros por suas derrotas.
Você sim é um negro de alma branca!

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