terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

E não é que gostei desse programa? Ponto para Ministro da Educação: programa promove visitas de professores à casa de alunos

E não é que gostei desse programa? Ponto para Ministro da Educação: Programa promove visitas de professores à casa de alunos

No Mulher Alternativa

A escola é uma comunidade, a convivência é importante: programa promove visitas de professores à casa de alunos



Teacher & students
por Lizzy Biggs, Flickr, CC
Professores são seres humanos. A quem vê de fora muitas vezes não parece. Aos alunos, menos ainda. Espera-se entidades iluminadas, perfeitas, quase como se espera das mães. Estas funções, geralmente responsabilizadas pela educação e pelos cuidados com crianças e adolescentes, são pesadas. Cobradas. Assim como as mães, professores erram. Fazem mal (fazem bem também). Se enganam. Têm preconceito. Estigmatizam. Afastam-se e aproximam-se.



Na infância, a afetividade tem um papel importante, ao menos em nossa sociedade, segundo o psicólogo
 Lev Vygostky , referência na área de educação. Construir essa afetividade nem sempre é fácil na família, que dirá na escola. Na escola ainda há uma relação muito forte entre grupos sociais diferentes.

Via de regra, professores da rede pública têm uma origem social diferente da maioria de seus alunos. Tiveram oportunidade de estudar em algum momento, e trabalham numa profissão que, por mais desgastante que seja, não envolve esforço físico sob sol forte. Muitos pais e mães de seus alunos não tiveram o mesmo privilégio.

Como o resto da sociedade, muitos professores e professoras assumem, além disso, um modelo de “família” que pouco tem a ver com a realidade dos alunos e às vezes deles mesmos. A família nuclear heterossexual cristã, selada pelo casamento, é uma exceção. Mães solteiras, parentes agregados, avós, enfim. A diversidade é enorme desde há muito tempo, relata o artigo de Mariza Corrêa no livro “Colcha de Retalhos – Estudos Sobre a Família no Brasil” (Editora da Unicamp, 1993).

No sentido de aproximar professores, alunos e famílias da comunidade escolar, César Callegari desenvolveu na cidade de Taboão da Serra (SP), durante sua gestão como secretário da educação, um programa que pagava aos professores um bônus para que visitassem com regularidade as casas de seus alunos. Na época achei - e continuo achando – uma ideia genial. As pessoas envolvidas no sistema de educação municipal de Taboão da Serra (que não é uma cidade pequena, aos que não conhecem) sabem a diferença que faz este tipo de aproximação.

Ao mesmo tempo em que as próprias famílias se sentem mais confortáveis com a escola, a escola e os professores e professoras se sentem mais confortáveis com a família, ambos quebrando barreiras e preconceitos um com o outro. A boa notícia é que este programa deve ser incorporado enquanto política do governo federal, com a chegada do ex-secretário de Taboão da Serra na gestão recém-começada de Mercadante
(leia aqui).

Uma pontinha de otimismo pela educação no Brasil.

0 comentários: