sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Não a violência contra as mulheres: Muito além da violência física



Não a violência contra as mulheres:Muito além da violência física 

Sibele Negromonte





Recentemente, a Revista do Correio publicou uma reportagem sobre violência doméstica contra a mulher. Vítimas que buscaram ajuda na Casa Abrigo - instituição mantida pelo governo local e que acolhe as mulheres agredidas e os filhos - relataram os dramas e como tiveram coragem de denunciar os algozes. Diante de tantos depoimentos fortes, um em particular me emocionou. O de uma jovem que decidiu dar um basta depois de anos de abusos cometidos pelo namorado. A princípio poderia parecer uma história como tantas outras, mas o que mais me impressionou é que, segundo ela, o tal rapaz nunca havia encostado um dedo nela. Nem precisava: a tortura psicológica a que foi submetida causou danos inimagináveis.

Ainda adolescente, a moça largou os estudos e o conforto da casa dos pais, de classe média, para morar com o namorado. Vendeu o carro para mobiliar o quarto onde morou por anos, teve dois filhos e foi privada da companhia dos amigos e dos familiares, vivendo em uma espécie de cárcere privado. Passou por todo tipo de humilhação por parte do companheiro - se é que se pode nomeá-lo assim - e da mãe dele.


Isso pode servir de alerta para outras pessoas que vivem em situações semelhantes e nem se dão conta disso: quando falamos de violência doméstica, não estamos nos referindo só à física. Muitas mulheres se submetem a dividir o teto com um homem que a maltrata, minimizando a condição em que vive ao afirmar, até com certo orgulho, "ele nunca me bateu".


Não é preciso exibir um olho roxo para provar que se é vítima de abusos. A humilhação, a tortura psicológica, a agressão verbal também se configuram como crime. Ferem, inclusive, o direito constitucional de isonomia entre homens e mulheres. Um relacionamento precisa, antes de tudo, ser construído com base no respeito mútuo. Não no medo.


Infelizmente, muitos casais ainda vivem dessa forma. E engana-se quem pensa que isso ocorre apenas nas classes sociais menos favorecidas, com mulheres que dependem financeiramente do companheiro. Às vezes, até uma amiga próxima pode estar passando por tal calvário e você nem desconfia. Por motivos diversos, inclusive a vergonha, ela não denuncia o algoz. Em meio a um tema tão desolador, um dado nos traz esperança: o DF lidera o ranking de vítimas que têm coragem de romper o silêncio.





Vi na página Glaucia Helena no FB

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