segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Para salvar uma ambientalista ameaçada de morte

Para salvar uma ambientalista ameaçada de morte



Petição ao governo federal reivindica proteção para Laísa Santos Sampaio. Irmã de Maria Espírito Santo, assassinada por defender floresta contra carvoeiros, ela também está ameçada
Nós, abaixo-assinado, solicitamos do governo federal e demais responsáveis, a proteção imediata de Laisa Santos Sampaio, moradora do assentamento Agro-extrativista Praia Alta Piranheira [Para conhecê-lo melhor, leia relato nos Cadernos de Agroecologia], em Nova Ipixuna, Pará, que está ameaçada de morte por defender a floresta amazônica e os direitos humanos.
Laisa é irmã de Maria do Espírito Santo e cunhada de José Claudio Ribeiro da Silva, casal de extrativistas assassinados em 24 de maio de 2011. Antes de morrerem, Maria e José Claudio denunciavam de maneira contundente o desmatamento ilegal em sua área de assentamento. Queriam viver da floresta, como era a missão do assentamento, em especial da coleta da castanha. “Quem cuida da floresta é quem vive nela”, diziam.
Foram ameaçados diversas vezes antes de tombarem. Nada foi feito.
Após suas mortes, o IBAMA (Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) chegou a fechar as carvoarias, mas agora mais de 100 já estão novamente abertas e em pleno funcionamento. O desmatamento ilegal continua, assim como a grilagem e a venda irregular de lotes.
Três responsáveis – os irmãos José Rodrigues Moreira e Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes Teixeira Nascimento – foram presos e devem ser julgados em breve. Mas outros continuam soltos. É o que se chama de consórcio, onde vários interessados se articulam com o fim de assassinar os elementos “indesejados”, ou seja, os ambientalistas.
Laisa e sua família exigem que os culpados sejam responsabilizados e que os que continuam soltos sejam presos. Para que isso se torne possível, eles pedem a federalização do caso.
Por essa sua luta em prol dos direitos humanos, e por seguir questionando o desmatamento ilegal da floresta, ela está ameaçada e é a próxima na lista a ser assassinada.
“Até janeiro eu falava que estava ameaçada. Agora eu sinto na pele. Cada vez que eu saio na imprensa, conquisto mais a antipatia daqueles que estão me vendo como dedo-duro”, relata Laisa
Ela conta alguns casos: “Um menino estranho perguntou para o meu filho se a porteira da nossa casa ficava aberta ou fechada à noite. Outro dia, uma criança de uns 14 anos entrou na escola, parou e ficou me olhando em pé, na porta, perto do quadro. Quando eu disse ‘oi’ para ele, ele saiu correndo e subiu numa moto onde estava um senhor. E uma menina perguntou para a minha filha que tipo de transporte eu iria usar para viajar. E a minha filha respondeu que de moto. E ela disse: ‘eu vou fazer um pedido e tu fala para a tua mãe. Pede para ela não ir de moto, pelo menos dessa vez. Quem avisa amigo é’”.
Entre a Nova Ipixuna e o assentamento, Laisa percorre o trajeto de moto, mesmo meio de transporte que Maria e José Claudio usavam quando morreram. Ela passa todas vezes pelo local do assassinato, uma pequena ponte esburacada que exige a diminuição de velocidade da moto e se torna um local propício para uma emboscada.
Em reunião recente com o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, Laisa obteve a promessa de que seria protegida. Agora, esperamos que seja cumprida.
A Organização das Nações Unidas (ONU) já reconheceu a luta de Maria e José Claudio, dando a eles o prêmio de heróis da floresta, que Laisa foi receber em 09/02/2012 em Nova York, Estados Unidos. Não queremos que Laisa se torne também uma heroína póstuma, cuja luta e trabalho sejam reconhecidos apenas após a morte.
É preciso olhar com urgência e preocupação para a sua situação e de todos que vivem na floresta e da floresta. Preservar a Amazônia não pode ser só um discurso, mas tem que se tornar uma realidade! “A mancha de sangue está se espalhando pela Amazônia. O protetor da natureza é quem vive no meio dela. A vida das pessoas que vivem na Amazônia precisa ser salva. E a situação é urgente. A vida do castanheiro é a vida da castanheira. A floresta Amazônica é viva, é viva de gente. A Floresta e o povo da Floresta estão sendo mortos”, diz Laisa.
Vamos ajudar a preservar a Amazônia e a vida de Laisa! Por sua imediata proteção!
Os signatários

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