Deputada Erika Kokay protesta pela retirada de vídeo LGBT : "Este é um país onde mais morrem pessoas vitimadas pela homofobia
"Estivemos também ontem, Sr. Presidente, no Ministério da Saúde, para discutir e tentar entender por que foi retirada de circulação, foi retirada do site do Ministério uma campanha dirigida à comunidade, particularmente à comunidade jovem LGBT, que visa prevenir DST/AIDS, e dirigida para este período carnavalesco.
Essa campanha, que apresentava uma peça, um vídeo, em que havia duas pessoas que se relacionavam, buscava sensibilizar para que houvesse o uso da camisinha. Mas essa campanha foi inexplicavelmente retirada do site do Ministério da Saúde, e nós estivemos lá para saber por quê.
Até porque, Deputado Luiz Couto, os dados epidemiológicos apontam que há um recrudescimento da incidência do vírus HIV/AIDS na comunidade LGBT, particularmente no público jovem. Todas as campanhas que são elaboradas pelo Ministério da Saúde, particularmente as que precedem ou que permeiam o carnaval no Brasil, seguem esses dados epidemiológicos.
Essa campanha foi retirada. Esse vídeo era para ser exibido em campanhas a serem veiculadas na TV aberta, que tem capacidade de sensibilização nessa comunidade. Agora, a campanha e o vídeo serão veiculados apenas em ambientes restritos.
Ora! Uma das causas do aumento da incidência do vírus HIV/AIDS nessa comunidade é a própria homofobia, que mata de várias formas. Mata a condição humana, e mata literalmente! Este é um dos países em que mais morrem pessoas vitimadas pela homofobia. E, antes de irem apunhalar, a faca é afiada das mais diversas formas possíveis!
Por isso, se a homofobia é uma das causas reconhecidas pelo próprio Ministério, se a homofobia é uma das causas do recrudescimento da incidência da doença nessa comunidade, nós temos que fazer uma campanha que seja uma campanha aberta e não dirigida apenas a espaços frequentados pela comunidade LGBT. Que invada todos os lares, na perspectiva de descontruirmos a homofobia e impedirmos que nós tenhamos esses dados epidemiológicos que têm por trás a mão invisível da própria homofobia.
E mais: para que nós possamos evitar que este País, que está saindo da fome, não mate suas pessoas somente porque são diferentes ao que se estabelece como modelo e como padrão de normalidade; não mate pessoas simplesmente porque são mulheres; ou que não se morra simplesmente porque ser pessoa que tem uma orientação sexual homoafetiva.
Não é admissível que nós tenhamos pessoas que são enterradas vivas, como vimos recentemente neste País, simplesmente porque têm uma orientação sexual homoafetiva. Ou nós construímos um Estado para todos e todas, ou nós construímos um Estado efetivamente republicano, ou nós não vamos poder fazer com que tenhamos um país em que nos sintamos dentro dele, pertencente a ele! Queremos ser um país em que nós possamos bater no peito e dizer que realmente vivemos os ares da democracia.
Estivemos ontem no Ministério da Saúde. É um compromisso do Ministério adentrar esta Casa, para fazermos uma discussão sobre suas políticas dirigidas à comunidade LGBT. Não podemos admitir nenhuma sombra de dúvida que possa permear qualquer postura do Estado. O Estado não pode entranhar nenhuma posição homofóbica, porque senão não será Estado democrático e republicano.
Por isso o nosso protesto pela retirada desse vídeo do site do Ministério da Saúde. Que possamos dar visibilidade a uma comunidade e resgatar a lógica de que a humanidade é uma só. Ela conta com diversas idades, diversas formas de ser, de amar, mas é uma só."
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segunda-feira, 12 de março de 2012
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