sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Agredido após salvar mendigo, Vítor virou refém do medo

Agredido após salvar mendigo, Vítor virou refém do medo
Jornal do Brasil

Vitor Suarez Cunha, de 22 anos, é um estudante que não estuda. Um trabalhador que não trabalha. Agredido em fevereiro de 2012 por cinco jovens na Ilha do Governador ao tentar defender um morador de rua que estava sendo espancado, o jovem continua refém do medo seis meses depois do crime, além de estar muito indignado com os fatos recentes na esfera jurídica.
" O juiz (Murilo Kieling, da 3ª Vara Criminal) deu apenas uma pena de prisão domiciliar(das 20 às 06h) para os meus agressores, enquanto eu tenho que passar todo dia em um lugar diferente. Não posso mais sair de noite nem voltar para a Ilha do Governador. Parece que eu sou o criminoso. E os meus agressores, alguns com reicindência, estão por aí, livres. É um absurdo",dispara Cunha.

Tudo o que Vitor quer é justiça
Tudo o que Vitor quer é justiça

Apesar de estar tentando voltar à sua rotina normal de estudos e trabalho, Vitor não deixa de ressaltar quão difícil é passar por essa situação, principalmente em relação aos familiares e amigos:" Uma coisa é você ter de mudar de estado, de país, e continuar podendo visitar sua família, seus amigos. Eu sou praticamente proibido de voltar à Ilha do Governador, lugar onde eu nasci e fui criado. Já não saio à noite nem faço mais coisas em família. É muito louco pensar que algo que eu fiz e foi visto por todos como uma coisa boa poderia ter consequências tão ruins para mim", lamenta-se.
O estudante ainda conta detalhes assombrosos do encontro com os agressores na audiência de semana passada, ao ser perguntado sobre um improvável reencontro: "Minha mãe foi chamada de palhaça pela família deles. Mesmo algemados, me olhavam em sinal de desafio, fazendo sinais com a cabeça como que se me chamassem para a briga. Isso tudo dentro de um Tribunal de Justiça. Definitivamente, eles não tem medo de mim".constatou.
A produtora Comalt, que hoje começou a acompanhar a trajetória de Cunha, pretende ainda este ano lançar um documentário com pessoas que tiveram de mudar a rotina por causa de episódios de violência e ameaças diversas. Até hoje o estudante se recupera  dos ferimentos sofridos durante a agressão (20 fraturas no crânio, 63 parafusos colocados no corpo, oito placas e duas telas de titânio na cabeça, além de um braço quebrado). 
O jovem define a luta por justiça como um propósito maior em sua vida." Acho que depois disso ganhei milhões de motivos para viver. Nada vem por acaso. Eu tinha duas opções: ou desistia ou lutava, e eu vou continuar lutando. Se nós aceitarmos as coisas erradas que ocorrem em nossas vidas, elas vão se perpetuar. Tudo o que eu quero é justiça. Não só no meu caso, mas para todos que passaram pelo que eu tive de passar", concluiu.

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