quinta-feira, 2 de agosto de 2012

“Clube do Bolinha Casto”: No ‘Culto dos Príncipes’, é deselegante perguntar ‘e aí, comeu?’culto

“Clube do Bolinha Casto”: No ‘Culto dos Príncipes’, é deselegante perguntar ‘e aí, comeu?’


culto dos príncipes



Para você, pode ser que cachorra signifique, além da fêmea do cachorro, aquelas funkeiras que faziam “au au” lá pelos idos dos anos 2000. E princesa, nada mais que uma descendente da linhagem do rei, que pode tanto ter dotes de Diana quanto de Stéphanie de Mônaco. Para o Culto dos Príncipes, uma espécie de “Clube do Bolinha Casto” que acontece na Igreja Celular Internacional, cachorras e princesas são os tipos de mulheres que eles encontrarão pela vida, e cabe a eles evitar o primeiro grupo e fazer vida com o segundo.
Liderado pelo missionário Claudio Brinco, o culto teve sua segunda reunião na terça passada, dia 31/07, e surpreendentemente reuniu duzentos participantes do sexo masculino (mulheres não são admitidas no local) que desejam encontrar princesas de Deus para uma vida próspera e longe de pecado. “A ideia é estimular uma nova cultura comportamental entre os seguidores da Igreja Celular Internacional (ICI), no que se refere a namoro e, claro, sexo”, afirma o líder, que é casado com Nãna Shara, filha de Baby Consuelo e irmã da pastora-princesa Sarah Sheeva. Sim, essa mesma, que abdicou do sexo há dez anos e afirmou, dia desses, que “ter uma vagina faz de você o ser mais precioso da Terra“.
Mas quem frequenta este culto num mundo tão cruel e machista e sexualizado?, você se pergunta, descrente. Saiba que muitos moços jovens, na casa dos vinte anos, procuram no culto uma forma de encontrar uma boa moça com quem possam se casar – e prover, como varões da casa. Solteiros, alguns nem mesmo tiveram namoradas no decorrer da vida, e estão mais do que dispostos a aceitar as regras: sexo, nem pensar. Beijo na boca? O pastor explica: “Beijo de língua não é pecado. Mas comida também não é e te leva à gula”. Portanto é melhor evitar. Aliás, o culto se vale de muitas metáforas para esclarecer a seus fiéis como deve ser o comportamento do príncipe:
“Beijo é igual a forno elétrico. Liga em cima e esquenta embaixo” 
“A merenda é só depois do recreio. Príncipe aguarda as ordens do Rei” 
“Se você semeia morango, vai colher morango. Se você semeia dinheiro, vai colher dinheiro”
E a masturbação, pergunta um fiel ao final do culto? “Por que é pecado se temos braços tão grandes? Porque Deus te deu o direito de decidir”. Banho frio e oração ajudam a seguir no caminho do Senhor. Mas e se seus amigos não-fiéis te criticarem pela escolha, te chamando de frutinha? O pastor prontamente responde: “A sociedade pode até te chamar de gay, mas Deus vai te chamar de Príncipe homem”. Não há o que temer. Bombardeados pela cultura pop, os fiéis tem até uma forma de encarar as recentes perguntas geradas por títulos de filmes brasileiros. Em outras palavras, é deselegante perguntar a um “irmão” se, “e aí… comeu?” – “Não se pergunta isso, em nome de Jesus!”, afasta Claudio.
A dedicação, por fim, se paga. Como quem alcançou os portões do paraíso, o pastor dá um golpe de esperança a seus fiéis castiços contando uma passagem bem íntima entre o próprio e sua esposa.  “Por falta de dinheiro, a Light cortou a luz da minha casa. Quando cheguei, encontrei minha esposa me esperando com um jantar à luz de velas. Aquela noite foi tremenda! Quase mandei uma carta agradecendo à Light por ter cortado a luz”. Se a plateia for aplicada, entenderá que o que pega aqui é se manter puro e não cair em tentação, mas pode continuar pagando as contas de casa.
Foto: Paulo Marcos

Jezebel

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