terça-feira, 30 de outubro de 2012

Celso Russomanno fora do 2º turno foi um dos trunfos da web em SP


Celso Russomanno fora do 2º turno foi um dos trunfos da web em SP

As mídias sociais nas eleições 2012 no Brasil

Emerson Damasceno - Blog do Emerson Damasceno


A cada biênio, muitos analistas de mídias sociais e cientistas políticos ficam aguardando um "boom" das mídias sociais online no Brasil, semelhante ao que ajudou na eleição de Barack Omaba há quatro anos nos Eua. No entanto, em que pese o cenário tupiniquim ser ainda diverso do americano, é forçoso afirmar que já não há como imaginar uma eleição no Brasil sem a Internet e suas diversas mídias, como também que a exigência que se pretendeu dar por aqui à força delas, mascara o real alcance que já têm.
Um exemplo claro disso é que nenhuma notícia relevante, mormente nas eleições majoritárias, passe incólume sem chegar às mídias sociais ou grande portais. Aliás, o próprio processo de elaboração das notícias de campanha já é pensado utilizando-se a própria Internet. É nela onde acontecem as principais discussões, embates de eleitores, ataques e defesas de campanha. Se porventura as mídias online tão simplesmente se transformaram em um local onde ataques e contra-ataques esgotam-se entre si, é algo a ainda ser analisado, mas é óbvio que são hoje o palco onde militantes e apoiadores discutem de forma mais acalorada as idéias de seus candidatos. Até mesmo aqueles que não têm candidato algum, pregando o voto em branco ou nulo, utilizam as novas mídias para encontrar algum eco.
Um bom exemplo do que as mídias sociais podem produzir, foi o debate em torno de Celso Russomanno nestas eleições de 2012. Chegou um momento onde os militantes das duas principais candidaturas na capital paulista, quase que concordaram tacitamente na idéia de que o candidato "azarão" deveria ser evitado. Se houve uma candidatura que tenha sido influenciada por uma maciça campanha – in casu, negativa – foi a de Russomanno. A sua derrota teve a causa maior na Internet? Impossível afirmar com certeza que sim ou que não, mas quem conviveu estes dias eleitorais online, sabe que ele foi implacavelmente minado no ambiente online, saindo  - poucos dias antes da eleição em primeito turno – da liderança para um terceiro lugar, ficando fora da corrida à Prefeitura de São Paulo.
É igualmente certo que a candidatura que não utiliza bem as mídias sociais já sai em desvantagem, pois embora não haja como provar de forma contundente que elas conquistam eleitores e por consequência votos, é nítido que a ausência de oferta por parte do candidato nas várias mídias online, será um prejuízo à candidatura quem restar invisível nelas. Uma das vantagens da Internet é fazer com que os eleitores já "garantidos" compartilhem algum material ou idéia de campanha nas várias mídias, num efeito multiplicador que indubitavelmente irá conquistar novos votos. Se imaginarmos os recantos online como ruas de uma cidade, findaremos por perceber que a ausência ou presença nitidamente menor de algum candidato nelas, poderá implicar também na desmotivação da militância e em pouco engajamento, até porque apesar de não termos ainda todo o País conectado, a boa maioria dos formadores de opinião estão online.
Talvez a equação utilizada para pensar as mídias sociais como alternativa para os embates do mundo offline, tenha sido um erro de premissa, sendo mais correto encará-las como complementares, principalmente num mundo que vai buscando a convergência de suas mídias. Não há mais um grande grupo de comunicação sem uma âncora digital que não apenas divulgue, mas também garimpe nos perfis de políticos, assessores, eleitores etc, matérias que serão publicadas em questão de segundos. Achar que tão somente o empoeirado horário eleitoral obrigatório na TV e rádio influencia e conquista eleitores, é acreditar que ninguém compra nenhum produto pela Internet em pleno século XXI. Aliás, nem mesmo os marketeiros pensam isso, basta ver que nas grandes campanhas os perfis online são divulgados já no horário eleitoral, semelhante aliás a qualquer campanha de marketing de uma marca ou produto.
O que torna o campo da Internet ainda mais saboroso para a política é o fato de que nele o receptor – ao contrário da televisão – não está estático obrigado a engolir aquela mensagem sem nenhuma interação. Online é possível tudo, até mesmo desconstruir a mensagem que acabou de ser recebida. Isso talvez ainda perturbe e assuste muita gente, mas negar que as mídias sociais da Internet já têm influência no cenário político nacional é um erro. E a cada novo ano eleitoral, elas vêm desempenhando um papel mais importante, de tal forma que ao menos online, 2014 já começou.

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