sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Alguém realmente acredita que armas não letais e sprays de pimenta vão resolver o problema do crack?

Alguém realmente acredita que armas não letais e sprays de pimenta vão resolver o problema do crack?

Só mesmo quem não vive a realidade de ter um cracudo em sua família poderia pensar que as armas não letais ou mais uma meia dúzia de propostas estapafúrdias poderiam resolver a questão do crack em nosso país, em nossas famílias. 

Não tenho a solução porque se a tivesse meu sobrinho já estaria "curado". 

A certeza é que com muito amor, carinho já é quase impossível, imagina com violência e discriminação?

O crack e o tempo

Leda Nagle - O Dia

Rio -  A foto dos cracudos pulando em cima de um carro na Avenida Brasil publicada nos jornais assusta pelo fato em si, pelo choque de realidade e por conta das muitas reações que desperta. A situação é dramática, todo mundo sabe. E fica ainda pior quando ninguém parece empenhado, verdadeiramente, em resolver a questão. Há os querem simplesmente eliminar os viciados, há os que defendem a internação compulsória, e ainda os que defendem o direito de ir e vir dos cracudos. De quem é ameaçado por eles, nos pontos de ônibus, no dia a dia das cidades não aparece ninguém para defender.

Psiquiatras, psicanalistas, antropólogos e dão entrevistas, defendem teses, debatem e criticam as soluções propostas. As autoridades apresentam propostas estapafúrdias que também só servem para alimentar ainda mais a discussão. Ou alguém realmente acredita que armas não letais e sprays de pimenta vão resolver esta questão? Ou simplesmente esconder os viciados, empurrar pra bem longe dos nossos olhos vai solucionar a situação? Ontem, num debate numa emissora de radio ouvi gente indignada dizendo que usaria a violência física, tipo olho por olho dente por dente, se um cracudo ameaçasse sua família ou seu veículo.

Mesmo sem apoiá-los como não compreender o sentimento deles? O medo é cada vez mais evidente e, pelos relatos que me chegam, as reações também podem fugir de controle a qualquer momento. E, antes, que vire uma guerra ou ocorra uma chacina é preciso achar uma saída. Esta situação não começou ontem, começou há tempos e ninguém levou a sério. E a questão crack me lembra quando o mosquito da dengue provocou as primeiras epidemias, nos anos noventa. Antes de fazer campanha, de encarar os fatos e buscar soluções acadêmicas, científicas ou educacionais para controlar o tal mosquito, discutiu-se, durante muito tempo se o mosquito era municipal, estadual ou federal. E perdeu-se, do mesmo jeito que está se perdendo agora, muito tempo antes de começar a atacar o problema.

Se, pelo menos, as autoridades se juntassem para buscar uma solução real, a curto, médio e longo prazo, a gente poderia atravessar esta fase imaginando que daqui a um tempo, mesmo que não seja o tempo ideal, teríamos uma solução decente e humana na tentativa de recuperação dos viciados e ,ao mesmo tempo, buscar um jeito de impedir que novas vítimas ficassem comprometidas com esta droga maldita, barata e, pelo que estamos vendo, muito fácil de conseguir. Precisamos ser rápidos porque enquanto todos discutem e opinam já apareceu uma nova droga, que mistura crack com maconha e, tudo leva a crer que a situação vai piorar.



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