domingo, 12 de maio de 2013

Relato emocionante: Uma mulher com 7 filhos, marido, casa, papagaio... e que vivia sorrindo e cantando

Relato emocionante: Uma mulher com 7 filhos, marido, casa, papagaio... e que vivia sorrindo e cantando

Do Maerlio Barbosa


Minha mãe.
 
Eu a perdi para a morte quando tinha apenas quatro anos de idade, mas lembro dela como se a tivesse visto ainda hoje no almoço.
Mãe zelosa de sete filhos tinha uma lida doméstica que só hoje me dou conta do tamanho. Quando os filhos acordavam o cheiro gostoso de de café já estava no ar. Mandava o Marcondes comprar pão e ia arrumando um a um os menores. Vestia todo mundo, dava café, fazia uma última inspeção para ver se estavam todos nos conforme e os mandava para a escola, não sem antes aconselhar e dizer para ter cuidado.


Não sei como ela arranjava tempo para dar atenção a cada um de seus sete filhos que iam chegando famintos depois da escola. Era um abraço, um beijo, uma bronca... Queria saber de tudo que fizemos na manhã, e ai daquele que deixasse ela saber pelos outros. Como foi na escola? Deixa ver seu caderno. O que tem para fazer hoje? Perguntava enquanto ia terminando as tarefas domésticas de tirar a roupa do varal, trocar a água do papagaio, separar a roupa que a gente ia vestir a tarde depois do banho... Botava a mesa e trazia aquela comida quentinha e gostosa que só ela sabia fazer. Ufa! Vão lavar as mãos, mandava.


Obedientes, corríamos para a pia e voltávamos para o grande momento da ceia familiar onde, à mesa, só se falava de coisas amenas. Da família, dos amigos, das festas, dos sonhos... Era ali, sob sua batuta e cuidado, que a gente aprendia a sonhar, viver e amar.


Hoje me pergunto: como era possível uma mulher com sete filhos, marido, casa, papagaio, e uma infindável lista de tarefas, além de dar conta, ter tempo para cada um e ainda viver sorrindo e cantando? 


É, minha mãe era alegre, bonita, cantante, elegante, vaidosa. Mulher inserida em seu tempo de transformações, que procurava mudar o mundo a partir de si e dos seus. De sua própria casa e exemplos - todo grande revolucionário, antes, fez sua própria revolução, pois ninguém consegue transformar o mundo sem antes transformar-se.

Só pode ser coisa de mãe. 



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