domingo, 14 de julho de 2013

"Do tempo em que eu era homossexual."

"Do tempo em que eu era homossexual."


O capitão Horácio - Luis Fernando Veríssimo

Estadão

Tive um caso com o capitão Horácio por anos. Até resolver me curar 

— Esta é a minha esposa, Rute... 

— Humm. Simpática. — Ela é uma mulher fantástica. Estamos casados há 25 anos. 

— E estes são...— Os filhos. Gustavo e Leinha. Foi a Leinha que nos deu a única neta. Olha só, que amor... 

— Que beleza! 

— Maria Rita. Três anos. A queridinha do vovô. 

— E este? 

— Ah, este é o capitão Horácio.— Capitão Horácio?— O amor da minha vida. 

— O quê?— Do tempo em que eu era homossexual. Tivemos um caso durante sete anos, até eu resolver me curar. 

— Você era homossexual e se curou?— Sim. Foram sete anos intensos com o capitão Horácio, mas senti que aquilo não era pra mim. 

— E como você se curou?— Não foi fácil. Procurei psicólogos, psicanalistas, grupos de apoio, orientação religiosa... Finalmente me sugeriram que experimentasse a homeopatia. 

— Homeopatia?!— Chá de cipó amarelo. — E deu certo?— Tiro e queda.— Esse chá... 

— Tomo todos os dias, depois do almoço. O cipó amarelo vem da Amazônia. Os índios tomam desde pequenos, para prevenir. 

— Mas...você carrega uma foto do capitão Horácio na carteira... 

— Foi um período importante na minha vida, que eu não quero esquecer.— E como foi a separação? 

— Amigável. Ele era uma pessoa muito distinta. Espiritual. E atlético, maratonista. Ou era, quando nos conhecemos. 

— Não foi um rompimento traumático, então? 

— Não. Ele entendeu minha posição, nos despedimos... E nunca mais se viram? 

— Nunca. Não sei que fim ele levou. Ou que cara tem hoje. Certamente não é mais a da foto. 

— Quer dizer que existe cura para o homosexualismo? — Existe. As pessoas ficam fazendo pouco desse deputado Feliciano, mas existe. Chá de cipó amarelo da Amazônia. Dou a receita para quem quiser. 

— E é tiro e queda? 

— Tiro e queda.


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