sábado, 21 de dezembro de 2013

Feliciano, Aguinaldo Silva, Dilma e Mara Maravilha entre os inimigos dos LGBTs

Feliciano, Aguinaldo Silva, Dilma e Mara Maravilha entre os inimigos dos LGBTs 

A convite do iGay, militantes, juristas, blogueiros e representantes da comunidade LGBT relacionaram nomes que dificultaram as conquistas pela igualdade de direitos em 2013

Iran Giusti , do iG São Paulo


O deputado e pastor Marco Feliciano foi considerado o maior inimigo da comunidade LGBT em 2013. 
Foto: JOSE CRUZ/ABR ABR240413DS


Não há como deixar de festejar 2013. O ano que termina marcou uma série de avanços dos direitos dos LGBT no Brasil e no Mundo. Das declarações do papa Francisco, expoente máximo da religião católica, que afirmou não ser capaz de julgar ninguém pela orientação sexual, até a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o universo LGBT esteve em pauta.
Com os avanços surgem as barreiras, e muita gente ganhou destaque por estar na contramão das medidas que visam igualdade de direitos a lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros. Para lembrar as atuações e posicionamentos que mais incomodaram a comunidade LGBT, o iGayconvidou militantes, juristas e blogueiros para indicar quais foram os inimigos dos avanços dos direitos da comunidade em 2013.
Campeão em indicações estão o ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), por colocar em discussão diversas pautas que reprimem os LGBT, a presidenteDilma Roussef, incluída na lista por omissão - ela não se pronunciou em relação aos direitos gays -, e a ex- apresentadora e cantora gospel Mara Maravilha, pelas declarações públicas de repúdio a homossexuais e defesa da cura gay. Veja a seguir como ficou o ranking dos inimigos da causa gay.
Marco Feliciano
Disparado, com oito indicações entre os 11 convidados, o deputado federal e pastor foi quem mais movimentou a imprensa e a sociedade civil ao direcionar seu trabalho na Comissão de Direitos Humanos para suprimir os direitos dos LGBT.
“Feliciano pautou a comissão com assuntos de interesse da bancada evangélica, entre eles uma proposição que susta — via decreto legislativo — a resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo", justifica Julio Moreira, do Grupo Arco-Íris, do Rio de Janeiro. "Outra decisão do Feliciano permite que organizações religiosas expulsem de seus templos pessoas que ‘violem seus valores, doutrinas, crenças e liturgias’. Estas são apenas duas ações que justificam minha escolha."
Para a drag queen paulistana Tchaka, “Esse sujeito (Feliciano) é um malfeitor, inimigo dos seres humanos diferentes dele, que não respeita o próximo e jamais será um político sério”. Integrante do grupo Mães Pela Igualdade e colunista do iGay, Maju Giorgi recorreu à ironia para indicar o deputado. "Apesar das gargalhadas que nos proporciona todos os dias, ele precisa ser lembrado. Talvez inútil, mas inimigo”.
Votaram nele ainda: Paulo Iotti, Dimitri Sales, Roberta Salles, Luiz Mott e Bárbara Aires. 
Dilma Rousseff
A presidente do Brasil está mais para Vladimir Puttin do que para Barack Obama. Explica-se: enquanto o presidente da Rússia assinou uma lei que proíbe a "propaganda homossexual", o presidente dos Estados Unidos se posicionou diversas vezes a favor dos direitos igualitários. Nossa presidente pecou pelo silêncio - e aqui vale o ditado: "Quem cala, consente".
A omissão de Dilma nas discussões envolvendo a comunidade LGBT foi considerada prejudicial para três dos votantes. “Indiquei a presidente por seu silêncio e inércia eloquente em atitudes em prol dos direitos e da segurança da população LGBT", afirmou o jurista Paulo Iotti, presidente do GADvS (Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual). "Sem falar na absurda posição de não querer a votação do PLC 122/06 antes da eleição de 2014, colocando assim sua aliança com fundamentalistas e conservadores em prol de sua reeleição acima dos direitos humanos da população LGBT”, conclui.
A presidente foi incluída na lista ainda pelo militante Rafael Puetter, conhecido como Rafucko, responsável por ações online e físicas na cidade do Rio de Janeiro. “Dilma só se encontra com LGBTs alinhados com o governo e faz um silêncio sepulcral sobre questões importantíssimas para a população LGBT, como a presença de Feliciano na Comissão dos Direitos Humanos”, relata o jovem.
O terceiro voto em Dilma veio do antropólogo Luiz Mott, presidente do Grupo Gay da Bahia. 
O pastor e líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo conta com grande influência politica e ganhou destaque por discursos inflamados em programas de televisão.Para Julio Moreira, ele “Utiliza os horários comprados em várias emissoras para demonizar o ativismo LGBT e pregar contra os avanços e direitos dessa população, com opinião fortemente contrária à aprovação do projeto de Lei Federal que pune a homofobia." Moreira lembra ainda que Malafaia se posiciona "Contra o casamento homoafetivo, embasado em dados pseudocientíficos e altamente questionáveis. Um dos adversários mais perigosos pelo seu poder midiático e formador de opinião."
A opinião é compartilhada pelo vloguer e militante Leandro Zagui, que citou Malafaia como um dos inimigos da comunidade LGBT.
Mara Maravilha
Ex- apresentadora infantil e cantora gospel, Mara Maravilha usou seu espaço na mídia para pregar a favor da “cura gay” e contra os direitos igualitários. Para a produtora transexual Barbara Aires, a cantora pode “não ser homofóbica em suas atitudes no cotidiano, mas, como toda pessoa pública, tem de entender que tudo que uma pessoa com visibilidade fala, vira notícia. E que ela precisaria medir melhor as consequências de suas declarações, e pensar antes de declarar algo que incentive a homofobia e a discriminação.”
Roberta Salles, do blog "Dedilhadas", também votou nela ao se lembrar das incontáveis declarações discriminatórias da cantora.
Marisa Lobo
Roberta também indicou a psicóloga Marisa Lobo, por “falar a favor da cura gay e viver oferecendo seus serviços para conversão de homossexuais.”
A drag queen Tchaka concorda com a posição de Roberta, lembrando que Marisa Lobo "é membro da Igreja Batista de Curitiba e foi a público depois de denunciada no Conselho Regional de Psicologia por utilizar o termo 'psicologia cristã' e defender publicamente a reversão da homossexualidade”. A drag garante que Marisa tem plena consciência de seus atos homofóbicos.
Rachel Sheherazade
A jornalista e apresentadora do SBT teve vários de seus comentários disseminados pela internet. Para Rafucko, ela “transforma sua fé em opinião editorial e a leva a um telejornal”, e afirma ainda: “O que não falta é maluco batendo palma pra ela na internet”.
Roberta lembra momentos específicos da atuação da jornalista e vocifera. “É uma cretina. Protestou na TV contra o beijo gay das meninas no culto do Feliciano, dizendo que 'liberdade de expressão não é um direito ilimitado, não é salvo-conduto para o desrespeito', e 'o beijo delas fere a moral pública'”, se referindo ao caso das jovens que foram presas durante um protesto em um evento em que Marco Feliciano pregava.
João Campos
Maju é enfática ao falar sobre o Deputado Federal do PSDB-GO, e líder da Frente Parlamentar Evangélica da Câmara dos Deputados. “Ele é o maior inimigo, não tenho a menor dúvida. É o maestro dessa sinfonia que ameaça o Estado Laico”, desabafa a autora da coluna que leva seu nome no iGay.
Júlio Moreira explica que foi ele o “autor do Projeto da ‘cura gay’, que pretende permitir que a homossexualidade seja tratada como um transtorno passível de cura”. E completa: “É mais um nome na lista dos políticos que fazem uso de seu mandato para perseguir os LGBT, ameaçando cassar os poucos direitos que foram conquistados e impedindo novos avanços, seja apresentando propostas que visam unicamente enfraquecer a cidadania dessa população, seja barrando projetos importantes para a consolidação dessa cidadania.”
O jurista Dimitri Sales, especializado em causas LGBT, considera que o presidente da Rússia merece estar na lista de inimigos. Para ele, Puttin “passou a implementar uma política de eliminação de direitos, estabelecendo um governo autoritário, com fortes feições despóticas. No bojo de suas ações, adotou iniciativas destinadas a coibir manifestações em favor dos direitos das pessoas LGBT, perseguindo lideranças, utilizando-se das estruturas estatais para estimular atos de violência, assegurando a impunidade dos seus atores." E continua justificando a sua escolha: "Embalado pelo recrudescimento das violações dos direitos humanos do povo russo, adotou legislação que impedia a realização de Paradas do Orgulho LGBT pelos próximo cem anos! Por se somar às políticas mais retrógradas existentes em diversos países, e considerando a importância política da Rússia, a deliberada postura do presidente Puttin é radicalmente contrária à marcha contínua de afirmação de direitos fundamentais da pessoa humana.”
Romário e Thalita Zampirolli
Barbara Aires indicou o ex-jogador de futebol e deputado federal (PSB-RJ) e sua amiga, a modelo transexual Thalita Zampirolli, como dois grandes inimigos dos avanços dos direitos LGBT pelas declarações após os rumores de um suposto romance. “Esse caso foi uma união de preconceitos de ambos os lados. Me doeu ler cada frase dita por Thalita. Entendo que ela não seja politizada e não queira ser uma militante, ativista, mas mentir e desqualificar as outras trans com suas declarações já é demais, né?”, desabafa a produtora. “É triste ver a que preço algumas pessoas se sujeitam a estar na mídia”.
Em relação às declarações do deputado, Barbara afirma: “Simplesmente ridículas. Desqualificar e deslegitimar uma mulher transexual apenas por ela não ser uma mulher, aquela que nasce no sexo feminino, é de tamanha ignorância e desinformação que chega a deprimir”, completa.
Joelma
A cantora paraense ganhou as manchetes ao afirmar que gays e dependentes químicos são similares, e que podem ser salvos por um suposto processo de cura. Barbara Aires acredita que, assim como Mara Maravilha, a cantora deve ser mais cautelosa em seus discursos. Joelma se arrependeu das declarações, ou ao menos da recepercussão negativa que enfrentou, e chegou a se desculpar publicamente, afirmando ter amigos homossexuais.


Divulgação
O personagem Crô (Marcelo Serrado) de Aguinaldo Silva reforçou preconceitos
Aguinaldo Silva
Autor de novelas que recentemente assinou também o roteiro do longa “Crô”, protagonizado por Marcelo Serrado - em cartaz nos cinemas do Brasil -, Aguinaldo Silva foi indicado por Dimitri Sales. “Histórico militante das causas homossexuais do Brasil, ele criou um personagem caricato, que resultou na ridicularização gratuita das pessoas gays. Apoiando-se num pretenso bom humor, desconsiderou o papel perverso que piadas mal intencionadas podem desempenhar num momento em que a luta pelos direitos sexuais avançam no Brasil”, desabafa.
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