sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O machismo se une, se junta e violenta: Eduardo Campos defende secretário afastado após 'justificar' estupros

O machismo se une, se junta e violenta: Eduardo Campos defende secretário afastado após 'justificar' estupros por policiais

Eduardo Campos defende secretário afastado após 'justificar' estupros por policiais

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), saiu em defesa de seu ex-secretário de Defesa Social, que deixou o cargo nesta quinta-feira (19) após repercussão de entrevista sobre denúncias de estupros praticadas por policiais.

Campos disse que Wilson Damázio "cometeu um erro" quando disse, em entrevista, que "mulher gosta de farda". Mas afirmou que o ex-colaborador foi "humilde" ao reconhecer o erro e deixar o posto para não afetar a imagem do governo.

"Acho que Damázio cometeu um erro, pediu desculpas, o que mostra humildade. Ele pediu desculpa prontamente e tomou um ato que vai além da desculpa pessoal, que é a desculpa institucional. Ele me procurou, colocando o cargo à disposição, para que o Pacto Pela Vida não fosse arranhado", disse o governador à Rádio Jornal, do Recife.

A repercussão negativa da entrevista, publicada pelo "Jornal do Commercio" na quinta-feira (19), provocou a queda de Damázio, responsável pelo programa de combate a homicídios Pacto Pela Vida, que é vitrine da gestão de Campos.

"Não é justo fazer o julgamento de Damázio enquanto policial, enquanto pessoa humana, por esse episódio. Ele tem mais de 30 anos de serviços prestados à Polícia Federal de forma limpa. Mas, a vida pública tem dessas coisas. Tem coisas em que você não pode transigir", disse Campos.

O governador afirmou ainda que casos de abusos cometidos por policiais em Pernambuco são "apurados com o maior rigor". "A mais dura corregedoria de polícia do Brasil está aqui, com mais de 400 policiais [afastados]", disse, após evento da Secretaria de Ciência e Tecnologia na manhã desta sexta-feira (20).

Questionado sobre o bairro da periferia exibido na reportagem do jornal pernambucano, onde adolescentes relataram sofrer abusos de policiais, o governador afirmou que a área, conhecida como Matagal, na zona norte do Recife, já tem câmeras e é alvo de programas de assistência social da prefeitura.

O CASO

Entrevistado pelo "Jornal do Commercio" sobre denúncias de abusos sexuais praticados por policiais, o secretário, que soma 30 anos de carreira nas polícias Civil e Federal, disse que "desvio de conduta tem em todo lugar" e que "mulher gosta de farda".

"Desvio de conduta a gente tem em todo lugar. Tem na casa da gente, tem um irmão que é homossexual, tem outro que é ladrão, entendeu? Lógico que a homossexualidade não quer dizer bandidagem, mas foge ao padrão de comportamento da família brasileira tradicional. Então, em todo lugar tem alguma coisa errada, e a polícia... né? A linha em que a polícia anda, ela é muito tênue, não é?", afirmou o secretário ao jornal.

Em outro momento da entrevista, o secretário diz que "mulher gosta de farda".

"Elas às vezes até se acham porque estão com policial. O policial exerce um fascínio no dito sexo frágil. Eu não sei por que é que mulher gosta tanto de farda. Todo policial militar mais antigo tem duas famílias, tem uma amante, duas. É um negócio. Eu sou policial federal, feio para c..., a gente ia para Floresta [cidade do sertão] para esses lugares. Quando chegávamos lá, colocávamos o colete, as meninas ficavam tudo sassaricadas. Às vezes tinham namorado, às vezes eram mulheres casadas. Para ela é o máximo tá [sic] dando para um policial. Dentro da viatura, então, o fetiche vai lá em cima, é coisa de doido", afirmou.

Na nota em que anunciou a saída do governo, Damázio disse que as declarações não representam seu "pensamento nem visão do mundo". Disse que falou "em tom de brincadeira de conversações informais", durante intervalos da entrevista, e reconheceu o uso de termos "inapropriados e inadequados".

Folha Poder
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