sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Ano novo, tempo de recomeçar e de se redescobrir: É POSSÍVEL REDESCOBRIR O PRAZER

Ano novo, tempo de recomeçar e de se redescobrir: É POSSÍVEL REDESCOBRIR O PRAZER

Guia Erógeno

É possível redescobrir o prazer

Recebemos esse relato de uma senhora de 64 anos que deixou de se relacionar sexualmente desde que ficou viúva, aos 36 anos. Desde então, ela nunca mais procurou parceiros sexuais e nunca se masturbou. Mas ela conseguiu dar a volta por cima e voltar a sentir prazer. Leia a seguir esse relato fascinante!

Relato:

“Sou uma mulher de 64 anos, viuva há 28. Quando meu marido faleceu, eu ainda era bastante jovem, tinha uma filha pequena e sentia muita paixão. Antes disso, minha vida sexual era maravilhosa, mesmo que naquele tempo fosse muito mais difícil aceitar essa parte e processo natural de nossos corpos. Mas eu deixava minha criação religiosa de lado para que pudesse viver bons momentos com o homem que amava.
Quando meu marido faleceu, eu parei de pensar em sexo. No começo, não tinha cabeça e nem humor. Eu amava o meu marido e não me via me relacionando com mais ninguém. Com alguns anos, o período de luto passou, mas eu continuei a evitar o assunto na minha vida. Às vezes eu sentia alguns desejos, sonhava com o passado, mas achava que jamais sentiria prazer sexual na minha vida novamente. A possibilidade de me masturbar era um grande tabu para mim e eu tinha muito pudor em pensar em proporcionar prazer a mim mesma.
Como falei antes, eu e meu marido tivemos uma filha. Diferente de outras mulheres do meu tempo, sempre tentei ser aberta e conversei com minha filha sobre sexo a medida que ela foi crescendo. Eu desejava tudo de bom para ela, queria somente que ela se cuidasse e fosse feliz, que se aceitasse e que jamais tivesse que se sentir mal por causa de sexo. Fiz questão de ensinar a ela não apenas modos preventivos de gravidez, mas tentei passar um pouco da minha experiência de encontrar um parceiro legal e não se reprimir, aceitar o prazer. Me esforcei diariamente para ser uma mãe presente e de mente aberta e creio que, mesmo com minhas limitações, consegui criar uma mulher segura de si da qual muito me orgulho. Hoje tenho uma neta que acredito que também vai ser muito feliz.
Quando eu e minha filha conversávamos, eramos abertas uma com a outra e ela falava de seus relacionamentos com seus namorados e paixonites. No fundo, eu ouvia aquilo e pensava que seria bom ter um orgasmo novamente. Mas eu não queria outro homem. Vivi quase 30 anos com esse dilema, sem entender que era possível ter um orgasmo sem que isso me tornasse menos fiel ao meu falecido marido. Foi aí que a minha filha me apresentou algo que havia comprado, um vibrador. A vida é mesmo cheia de ironias. Eu ensinei a minha filha a ser sexualmente livre, mas várias décadas depois, foi a minha filha que veio me ensinar que eu precisava me libertar dos meus pudores.
Quando vi o vibrador pela primeira vez, senti vergonha e fiquei desconfortável com a situação. Mas também fiquei curiosa, pois aquilo poderia ser a resposta que eu precisava para voltar a sentir prazer. Foi aí que eu fui pesquisar na internet se isso ainda era possível para uma mulher da minha idade, já depois da menopausa e com tantos outros problemas de saúde por conta da idade. Fiquei contente quando li que sim e, embora receosa e ainda relutante, decidi que não tinha nada a perder e resolvi dar uma chance. Pedi ajuda a minha filha, me sentindo como uma adolescente pedindo orientação à mãe pela primeira vez devido à inversão de papéis. Minha filha então me passou um contato de alguém na internet que vendia vibradores e prometia ensinar a usá-los com privacidade e discrição.
Enviei um e-mail um pouco temerosa, ainda inibida por estar falando de um assunto tão íntimo com uma pessoa estranha. Mas ao receber a primeira resposta, não paramos mais de conversar. Trocamos muitos e-mails e eu me senti cada vez mais a vontade para falar o que eu buscava, que eu não tinha uma relação sexual há muitos anos e que desejava sentir prazer novamente. Aprendi muitas coisas sobre vibradores e, ainda mais importante, aprendi várias coisas sobre meu corpo. Havia ainda a preocupação com minha privacidade, que algum vizinho descobrisse que uma velha estava comprando vibradores pela internet. Mas a moça me passou confiança e com sua orientação, escolhi um vibrador e aguardei ansiosamente até que chegasse em minha casa.
Fiquei muito nervosa quando recebi a caixa. Levei um tempo para conhecer o vibrador, o seu tamanho, sua forma, e testei sua vibração me questionando se aquilo seria mesmo a resposta pra mim. Depois de tanto tempo sem sentir prazer e sem me relacionar, será que havia mesmo esperança? Mesmo que funcionasse, será que eu ainda conseguiria distinguir um orgasmo? Me fechei em meu quarto e, com cuidado para conhecer o meu novo corpo depois de tantos anos, fiz o primeiro contato entre o vibrador e meu corpo. Levei algumas tentativas até acertar, mas jamais vou esquecer a maravilhosa sensação que senti. Não só por causa do prazer, que eu jamais esperava sentir novamente, mas pela redescoberta do meu corpo.
É muito difícil envelhecer, ser uma mulher e ter uma relação com o próprio corpo depois de velha é pra poucas. Precisa ter muita força e disposição, isso sem contar a saúde, que o corpo só faz dificultar mais as coisas com o passar dos anos. As moças mais jovens um dia também vão envelhecer, mas a situação já está melhor e tende a melhorar mais ainda. Eu espero que pensar em sexo, ou masturbação, não seja mais tão difícil para as mulheres jovens como é para as mulheres do meu tempo. Hoje, tanto tempo depois, voltei a sentir prazer e me aceito como a mulher idosa que sou.
Pode publicar o meu relato, eu desejo de todo coração que o meu relato sirva para que muitas mulheres, sejam elas velhas como eu ou jovens, saibam que é possível redescobrir a sexualidade e se sentir livre pra se amar. Se uma mulher da minha idade e viúva como eu que ficou sem se relacionar por 28 anos depois de perder o marido conseguiu, eu tenho certeza que qualquer uma é capaz. Não importa a sua idade ou qualquer coisa que tenha acontecido na vida, é possível superar, se descobrir novamente e voltar a sentir prazer.”
Fotografia por Adam P. Pric

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