sexta-feira, 18 de abril de 2014

Cultura do estupro no horário nobre

Cultura do estupro no horário nobre

Feminista em Construção

O que é cultura do estupro? É um complexo de crenças que encoraja a agressão sexual por parte dos homens e apóia a violência contra as mulheres. É uma sociedade onde a violência é vista como sexy e a sexualidade, como violenta. Na cultura do estupro, as mulheres se sentem continuamente ameaçadas pela violência que vai desde comentários sexuais, passando por toque e indo até o estupro propriamente dito.  A cultura do estupro autoriza o terrorismo físico e emocional contra mulheres e apresenta isso como se fosse norma.  (Preâmbulo de Transforming a rape culture,  em tradução livre.)
E como a cultura do estupro se estabelece? Há questões históricas importantes, mas hoje a mídia é um dos grandes canais a reificar a violência sexual como normal, como parte da vida, até mesmo como impossível de ser mudada.
A cultura do estupro se mostra de formas mais óbvias, como quando um caso de abuso é colocado na conta da vítima. “Ela bebeu demais”, “ela deu mole pra ele”, “ela o convidou pra ir em casa”. Chegam ao ponto de sequer considerar que aquilo foi violência, tendo como exemplo as duas últimas edições do Big Brother Brasil, nas quais mulheres inconscientes foram atacadas por homens da casa.
Outra forma de apagar a violência é romantizá-la. Ontem chegou ao meu conhecimento o resumo de um capítulo da novela Em Família, cuja imagem posto abaixo. Não sei qual revista o publicou, mas as sinopses são passadas pela própria produção da novela.

revista

“Cede aos encantos do rapaz e aproveita o momento.”
Vomitou?
Eu também.
Existem dois componentes importantes aí: o primeiro, óbvio, é a violência (ela diz não, ele rasga as roupas dela). O segundo é a ideia de que a mulher precisa dessa tal violência para “ceder”, como se a sexualidade dela estivesse debaixo de várias camadas de pudor, e que a vontade de fazer sexo precisasse ser descoberta.
Não. Mulheres, em geral, gostam de fazer sexo. Mas elas gostam, mesmo, é de escolher com quem, quando, onde, se e como querem fazer sexo. E nós temos esse direito. Nossos corpos são nossos – e chega de tantas mensagens misóginas dizendo o contrário. Basta de romantização do estupro, basta de representação das mulheres como seres passivos sexualmente, basta de estupro. Basta. Chega.

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