segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulheres que ajudaram a mudar o mundo-9- DILMA ROUSSEFF


Para comemorar o dia Internacional da Mulher, postamos uma série de biografias de mulheres que fizeram a diferença para sí e para o mundo. Algumas, conhecidas de todos, outras, anônimas, mas nem por isso menos importantes.
Para encerrarmos esta série de biografias, pensávamos publicar a biografia de nossa candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff. Porém, a biografia de Dilma já é bastante conhecida e ficará ainda mais, neste ano de eleição.

Optamos por postar um texto de uma amiga e colaboradora nossa que,em maio de 2009, indignada e sensibilizada com a atuação da imprensa no episódio da doença de Dilma Rousseff, fez um desabafo em seu blog Brasil Mobilizado
Neste artigo a companheira La Pasionaria Ibarruri, via-se na figura da mulher Dilma, por ter enfrentado um processo semelhante.
O texto da nossa amiga era profético, pois dizia, Dilma você já venceu uma e vencerá outra.
Ela tinha razão!
Dilma venceu o câncer.
E podemos afirmar, passado um ano do episódio que Dilma Rousseff, venceu uma, venceu duas e vencerá a terceira. Será a primeira mulher presidente da República do Brasil.
Parabéns a todas nós pelo Dia Internacional da Mulher.




DILMA JÁ VENCEU UMA E VENCERÁ OUTRA!

Uma sessão de tortura é algo que rebaixa o ser humano à condição de quase nada. Retira suas forças, sua dignidade humana, seu amor próprio, sua auto-estima, seu pudor etc. Não fui torturada, ao menos por motivos políticos durante a ditadura, mas fiquei imaginando o estado em que ficava um ser humano depois de uma, duas, várias sessões de tortura e continuava vivo, por sorte ou por azar.



Visitando o Memorial da Resistência no antigo prédio do DOPS, uma das celas restauradas com a ajuda da memória de alguns presos políticos, me deixou absolutamente horrorizada pelo realismo, ao recriar o clima de terror vivido naquela cela.
Naquele ambiente lúgubre, inseguro, escondido dos olhos da sociedade, longe dos seres que os amavam, as coisas aconteciam à revelia dos de que estavam fora e com a solidariedade silenciosa e impotente dos que estavam dentro.
Num dos depoimentos que ouvi, o depoente falava dos odores: odor de sangue dos companheiros que voltavam da tortura de corpos feridos e suados pelo medo, odor de morte, por isso tinham verdadeira obsessão com a limpeza das celas, para não perder o mínimo de dignidade humana e para afastar de suas mentes os odores que traziam medo.

Uma sessão de quimioterapia é, emocionalmente, bastante semelhante à uma sessão de tortura, claro que cada caso é um caso, mas vou relatar e fazer a comparação a partir do meu ponto vista.
Na primeira sessão que fiz, fui com medo mas sem muita noção do que eu iria enfrentar, por isso sem muita preocupação.
A sala onde as pessoas recebem a quimioterapia é impessoal, muito fria, asséptica e com um odor bem característico. Cada paciente fica imóvel e impotente, vendo aquele líquido gotejar lentamente em suas veias, sabendo que corre alguns riscos. Por exemplo, risco de estourar a veia e causar uma queimadura pelo medicamento, de ter um choque anafilático ou uma reação alérgica e, aguardando os efeitos colaterais que provavelmente virão dois ou três dias depois da aplicação.
Na segunda sessão o medo já é maior, alguns efeitos já são conhecidos, náuseas, queda de cabelos, secura na boca e em todas as mucosas do corpo, insônia, dores na cabeça e nas juntas do corpo todo. O odor que sentia na sala de aplicação do medicamento, saia por todos os meus poros depois da aplicação, imaginava que esse deveria ser o cheiro da morte e como os presos políticos faziam nas suas celas, eu fazia no meu corpo: tomava dois, três banhos por dia e me lambuzava de cremes hidratantes perfumados, tentando retirar de mim o cheiro da “morte”.

Assim como nas celas da ditadura, nas salas de quimioterapia também há muita solidariedade. Companheiros que estavam ao meu lado torciam por mim, assim como eu torcia por todos eles, ficávamos observando a reação de cada um, cuidando de cada um e sendo cuidado por todos.
A cada 21 dias, que é o ciclo de cada aplicação, ao chegar para mais uma sessão, logo perguntava às enfermeiras pelos companheiros que não estavam presentes, temerosa de que o pior houvesse ocorrido.
Nos depoimentos gravados no Memorial da Resistência, Alípio Freire relata que quando algum companheiro era solto, todos cantavam a música de Caymmi, “Minha jangada vai sair pro mar......”. Quando cada paciente estava chegando ao final do tratamento, feliz pela etapa cumprida, cantávamos, “ai, ai ai ai, tá chegando a hora....”.
Por isso, quando a Ministra Dilma Roussef deu uma entrevista nesta semana, ao sair do Hospital e “jornalistas” insistiram em perguntas pessoais e íntimas, levando a ministra a dizer que estava usando uma peruca, fiquei pensando se esses jornalistazinhos bundas sujas, conhecem a história recente deste país ou o passado de luta da Ministra.
Será que algum jornalista na época da ditadura, independentemente de suas posição política, teria coragem de pedir a um torturado que mostrasse as marcas em seu corpo?
O que está acontecendo com a humanidade das pessoas?
Será que o jogo político está acima da solidariedade humana?
Não vou fazer proselitismo político ou campanha para a candidata Dilma, pois se o fizesse me igualaria a esses abutres, vou apenas afirmar pela minha experiência pessoal:
Dilma Roussef:
Você vai tirar de letra esse tratamento e sairá vitoriosa, como já saiu no passado!
La Pasionária Ibarruri

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