O Deputado Bolsonaro todo mundo conhece. É quadro da direita mais atrasada do Brasil, o sujeito que ainda acredita na truculência da Ditadura Militar, na truculência da polícia contra pobres e negros, na truculência dos pais na criação dos filhos. Está fora da realidade e do projeto de construção de um mundo melhor.
Há muito tempo que o Deputado Bolsonaro escandaliza o Brasil. Já fez discursos defendendo a volta do regime militar, ataca sistematicamente os direitos humanos, é contra a Comissão da Verdade, vive posando de macho polemista nos programas de TV e rádio que especulam e sensacionalizam as causas LGBT, das mulheres, dos negros e dos pobres em geral.
Ele segue a política do bate-bate, numa época em que boa parte da humanidade tenta vencer a guerra, os regimes ditatoriais, os métodos mediáveis, o obscurantismo e a ignorância. Tentamos, todos nós, entrar na era do politicamente correto, no tratamento correto das questões ambientais, das questões de gênero, das questões de orientação sexual. Queremos superar os traumas preconceituosos produzidos pelas religiões, pela estrutura familiar antiquada e pela sociedade fascista, e pelos interesses econômicos quando predominam sobre as relações humanas.
A última fala do Deputado Bolsonaro, no CQC, causou imediata reação da sociedade. Principalmente a juventude (ainda bem!) ficou revoltada com a discriminação manifestada em concessão pública de radiodifusão. Muita gente, desta vez, incorporou o nível de tolerância zero para demonstrar indignação com o desrespeito público do parlamentar.
O que ele falou, diferentemente do que a mídia costuma induzir como brincadeira e piada não colaram como algo engraçado, cônico, divertido. Ao contrário, a fala inadequada do Deputado Bolsonaro foi imediatamente interpretada como uma ofensa ao conjunto da sociedade, ainda mais de uma sociedade que tenta assumir a sua maioria negra, parda, mestiça, multirracial – como sendo uma virtude a ser festejada na face do Planeta.
Se o programa de TV e o medieval Deputado Bolsonaro imaginaram produzir algum tipo de humor televisivo e marqueteiro, caíram do cavalo, pois no entendimento de muitos, o que aconteceu não pode ser jogado na vala comum do humor (querem transformar o Brasil no País da piada pronta), já que prevalece o sentimento-consciência de que esse tipo de manifestação não pode mais ser aceito – sob pretexto algum.
As pessoas se encheram das piadas contra pobres, negros, trabalhadores, gays, lésbicas – e todos aqueles cidadãos e cidadãs que lutam para um tratamento igual e afirmativo na nossa sociedade, não abrem sorrisos para manifestações preconceituosas. Isso é evidente, e está cada vez mais ficando claro. Os meios de comunicação precisam colocar os seus sensores no povo, para perceber que essas manifestações como a do Deputado Bolsonaro não têm mais – felizmente – respaldo social.
Que o referido deputado seja devidamente acionado pelo Ministério Público, seja punido por seu partido (PP-RJ) e seja duplamente punido na Câmara dos Deputados. Que aprenda, de uma vez por todas, a respeitar o povo brasileiro.
Hamilton Octavio de Souza é jornalista e professor da PUC-SP.
Copiadíssimo do Com Texto Livre
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